Em seu primeiro discurso após sofrer uma tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia, Donald Trump pregou a união e apaziguamento da tensão eleitoral nos Estados Unidos. O ex-presidente e pré-candidato aceitou a indicação de seu nome pelo Partido Republicano. E, apesar de colecionar discursos beligerantes, ele conectou a tentativa de assassinato à sua campanha, alegando que 'jamais irá deixar de lutar pelo país'.
"Eu não deveria estar aqui esta noite", iniciou Trump. Numa mistura de euforia e religiosidade, Trump lamentou por diversas vezes o atentado e relembrou aos presentes na convenção de que poderia estar morto, convocando inclusive um minuto de silêncio por uma das vítimas.
Durante seu discurso na Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, o ex-presidente disse que soube que estava "sob ataque", mas que tinha Deus ao seu lado. “Quando me levantei, cercado por agentes do serviço secreto, a multidão ficou perturbada, porque pensaram que eu estava morto”, disse ele. "Eu queria fazer algo para que eles soubessem que eu estava bem", justificou Trump sobre sua reação após o ataque.
“Quando eu ouvi um barulho e senti algo me atingindo, algo me atingindo de um jeito muito forte, na minha orelha direita, eu falei, nossa, o que foi isso? Só pode ser uma bala. E coloquei a mão direita na orelha direita”, disse.
“Eu vi que tinha sangue na minha mão. Havia sangue por toda parte. Eu soube imediatamente que era muito sério, que a gente estava ali sendo atacado. E houve esse movimento, então, para me jogar no chão”, continuou. "Obrigado. Mas eu não deveria e eu vou dizer a vocês, eu estou diante de vocês nesta arena somente pela graça do Deus todo-poderoso”, destacou.
MENOS ÓDIO
Trump pediu para que os americanos não 'demonizem' as diferenças políticas, embora tenha reforçado ataques sem mencionar diretamente o nome de seus adversários. O republicano disse que seu discurso traz uma “mensagem de confiança, força e esperança”.
“Se os democratas querem unificar nosso país, eles deveriam abandonar essas caças às bruxas partidárias, pelas quais tenho passado há aproximadamente oito anos. Eles deveriam fazer isso sem demora e permitir que ocorra uma eleição que seja digna de nosso povo. Vamos vencer de qualquer maneira", enfatizou Trump.
NOVO TRUMP A?ÓS ATENTADO
Cinco dias após escapar de uma tentativa de assassinato, Donald Trump discusou no encerramento da convenção de quatro dias em Milwaukee. O ex-presidente se dirigiu ao público entre as 21h e as 22h30 locais (23h a 00h30 no horário de Brasília), sendo assistido pela sua esposa, Melania, e milhares de apoiadores.
Durante três noites consecutivas, Trump atraiu longos aplausos de seus apoiadores ao entrar no auditório.
Na noite de terça-feira, o bilionário de 78 anos participou de uma espécie de desfile de união, com pré-candidatos que o enfrentaram nas primárias e agora ofereceram seu apoio, como a ex-embaixadora na ONU Nikki Haley.
A ex-governadora da Carolina do Sul, que durante meses alertou o país sobre "o caos" que o retorno de Trump à Casa Branca causaria, o apoiou explicitamente: "Donald Trump tem o meu forte apoio".
Dois outros ex-adversários, o governador da Flórida, Ron DeSantis, e o empresário Vivek Ramaswamy, também juraram lealdade a um sorridente candidato.
Entre os oradores convidados estão o jornalista ultraconservador Tucker Carlson, o lutador Hulk Hogan e Dana White, principal organizador de combates de artes marciais.
Ao contrário das divisões de 2016, este ano o partido projetou uma imagem de união durante a convenção.
Já o adversário democrata Joe Biden, de 81 anos e infectado com covid-19, parece enfraquecido pelo debate em torno de sua idade e apelos dentro do próprio partido para que se retire da corrida.
A convenção de quatro dias focou em questões que o Trump promove: poder de compra, imigração, crime e segurança. A convenção também foi marcada pela primeira grande apresentação de J.D. Vance, senador do estado de Ohio escolhido por Trump para ser seu companheiro de chapa