Fundaj terá mostra com documentos históricos sobre relação pré-colonial entre Brasil e Portugal

Documentos como a primeira edição do poema "Caramuru, poema épico do descobrimento da Bahia", do frei Santa Rita Durão e uma carta redigida ao imperador do Brasil em 1823, publicada na Gazeta Pernambucana, estarão à mostra
Antônio Campos
Publicado em 03/03/2022 às 6:00
Evento vai celebrar os 70 anos da criação da Fundaj e os 170 de nascimento de Joaquim Nabuco Foto: Foto: Fundaj/Divulgação


Gilberto Freyre, o criador da Fundação Joaquim Nabuco, era reconhecido internacionalmente. Recebeu título de doutor honoris causa por universidades como as de Paris (Sorbonne, França), Colúmbia (EUA), Sussex (Inglaterra), Münster (Alemanha) e Coimbra (Portugal). Com esta última, a Fundaj, no rumo da internacionalização plantada pelo sociólogo, firmou parceria para celebrar o Bicentenário da Independência do Brasil. Uma das muitas ações que a gestão, desde 2019, vem adotando para que a Instituição avance além-mar.

Ainda neste mês de fevereiro, com data a ser definida, o Museu do Homem do Nordeste estará presente no Google Arts & Culture. Isso significa que o equipamento cultural sediado no campus Casa Forte da Fundaj, no Recife, poderá ser visitado em qualquer lugar do mundo. Ao acessar a página exclusiva, o visitante poderá conferir um recorte do acervo do museu, com, inicialmente, 565 itens, além de uma exposição sobre o artista Mestre Vitalino. Reforçando a acessibilidade do público, destaco que o Google Arts & Culture está disponível para desktop, iOS e Android.

Voltando à parceria firmada com a Universidade de Coimbra, adianto que a Fundaj montará, em março, uma mostra com 38 documentos históricos, ressaltando relações pré e pós-coloniais entre Brasil e Portugal. Documentos como a primeira edição do poema “Caramuru, poema épico do descobrimento da Bahia”, do frei Santa Rita Durão e uma carta redigida ao imperador do Brasil em 1823, publicada na Gazeta Pernambucana, estarão à mostra. Em setembro, a exposição será exibida em solo lusitano, no Palácio da Universidade de Coimbra.

Recentemente, firmamos acordo de Cooperação técnica, científica, acadêmica e cultural, com a Universidade de Salamanca, na Espanha. Ação que já tem resultados concretos: dois livros dedicados exclusivamente ao estudo da obra de Gilberto Freyre. Publicações que estão em fase de edição. Também com Salamanca, a Fundaj foi parceira na realização do Congresso Internacional de Ciências Sociais e Humanas, ocorrido lá, na Espanha, em fevereiro de 2020. Um evento em que o objeto de estudo foi justamente Gilberto Freyre, na celebração de seus 120 anos de nascimento.

Não posso deixar de listar aqui os intercâmbios firmados pela Fundação. Entre eles, a parceria com o premiado escritor português Gonçalo M. Tavares, que disponibilizou na página da Fundaj, a partir de julho de 2020, o inédito Diário Visual e Gráfico. Um dos maiores nomes da literatura lusitana contemporânea, Gonçalo versou sobre a Covid-19, fundindo literatura, poesia e elementos organizacionais a relatos sobre a pandemia. Foram 180 capítulos que estão sendo reunidos em uma publicação e seguem disponíveis ao público no site da Instituição.

Na área de formação, há quatro parcerias importantes a destacar: a com a Cátedra Fulbright, órgão vinculado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos e presente em 155 países, possibilita que a Fundaj receba professores universitários dos EUA com excelência reconhecida, para que atuem no Recife como pesquisadores da Fundação. Com a Universidade Vanderbilt, por meio do Centro de Estudos Latino-Americanos, e com a Berkeley College, essa Instituição promove intercâmbio de pesquisadores para projetos e conferências. Já com o Massachusetts Institute of Technology, a Fundaj, somada a Universidade Federal de Pernambuco e o Porto Digital, desenvolve soluções colaborativas para inovação e sustentabilidade na gestão de resíduos.

E não posso esquecer de citar o acordo vigente com a Biblioteca Nacional de Cabo Verde, um esforço conjunto entre a Fundaj, a biblioteca e a Agência Nacional de Cooperação (ABC). A Fundação foi escolhida como parceira pelo governo cabo-verdiano tendo em vista seu trabalho rico na área de pesquisa, educação e conservação. Visitas técnicas, cursos de biblioteconomia e preservação de acervo dados por nossos servidores, além do lançamento da Coleção Travessia pela Editora Massangana, são atividades que reforçam o reconhecimento da expertise da Fundação Joaquim Nabuco também nesta área.

Ao reler todas essas ações descritas acima, tenho a convicção que seguimos honrando o legado de nosso fundador, o grande sociólogo de Apipucos e do Mundo, o nosso mestre Gilberto Freyre. Seguimos em Pernambuco, no Nordeste do Brasil, mas mantendo nossas portas abertas para o mundo.

 Antônio Campos, presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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