OAB e o malefício da ignorância

A atuação política do homem é inerente a qualquer coletividade, no sentido da demonstração de interesse naquilo que acontece fora da própria caixa
Gustavo Henrique de Brito Alves Freire
Publicado em 03/03/2022 às 6:06
Advocacia é indispensável à administração da Justiça Foto: PIXABAY


É comum para quem vivencia o voluntariado de OAB ouvir ou ler que a entidade intromete-se com frequência aonde não é da sua alçada, em especial na Política. Nessas horas, de fato, é quando mais se constata o malefício da ignorância.

A atuação política do homem, porém, é inerente a qualquer coletividade, no sentido da demonstração de interesse naquilo que acontece fora da própria caixa.

A diferença está entre os que se entregam construtivamente ao debate e os que se deixam arrastar pelas tentações subjacentes a ele, fazendo vista grossa a práticas que desafiam a decência.

Nesse horizonte, a OAB é o que sempre foi na sua essência: a casa das liberdades, e, nisso, de vocação progressista, que não aceita a misoginia, a xenofobia, o ódio, que não professa predileção por esta ou aquela legenda ou por este ou aquele pseudo salvador da pátria, mas uma sentinela da cidadania, com a qual as justas agendas sempre hão de poder contar.

Se em um primeiro momento a Ordem apoiou o movimento golpista de 64, logo caiu em si e passou a denunciar seus abusos, que não foram poucos. Raras as profissões que se viram tão perseguidas e ainda o são em quadras de relativização das garantias do Estado de Direito quanto a dos Advogados. Não foi diferente disso naqueles 21 anos por aqui, e não o é na era moderna, seja aonde for.

Não sem razão, quando não se consegue sufocar uma força indomável como a OAB, busca-se anestesiá-la. Os alvos são sempre os mesmos: o Exame de Ordem, a anuidade paga pelos seus inscritos e o controle externo das suas finanças. O plano é mirar nas fundações que a sustentam e que residem, precisamente, na sua independência.

Mas a OAB vem resistindo com bravura e continuará a resistir e a ladear a sociedade nos enfrentamentos necessários à proteção do núcleo da Constituição de 1988, e, nesse sentido, as eleições que se aproximam, no segundo semestre, serão a prova de fogo. Não dá para errar no cara a cara com a urna.

Somos senhores das nossas escolhas, mas escravos, reféns e subalternos das suas consequências. Sempre oportuno lembrarmo-nos todos nisso.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado

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