Artigo por Paulo Roberto Barros e Silva*
A favela, a periferia, atualmente no Urbanismo se denominam ZEIS – Zona Especial de Interesse Social. Foram criadas no Brasil em 1979, gestão do prefeito Gustavo Krause. Um ato de proteção e uma ação para evitar a expulsão e urbanizar as favelas. E assim foi feito nos Coelhos, no Coque, em Brasília Teimosa.
Nestes 40 anos as ZEIS se espalharam pelo Brasil desigual. Lamentavelmente, os governantes cuidaram apenas de incorporar o conceito legal nos Planos Diretores. Na prática, o que mudou foi a liberdade para crescer espraiando-se e adensando verticalmente, sob o olhar silente de todos e o faz de conta, pois assim ganha voto.
Hoje, temos no Recife mais de 600.000 pessoas espremidas nas cercas de 80 ZEIS. E é lá que o vírus corona caminha livre. Pois é lá que se tem de buscar o pão de cada dia nas ruas. É lá que coabitam duas, três famílias no mesmo cômodo. É lá que a fome cotidiana e a vontade de matar do Covid-19 se ajuntam. O desemprego crescente associado à ausência de perspectiva deságua na escolha entre “ficar em casa” para o vírus não chegar ou ir pra rua pra matar a fome que lá já está.
O pandemônio nacional perdeu o rumo. Caminhamos na escuridão para lugar nenhum. Ações equivocadas se voltam para o final do filme de terror – os hospitais de campanha, milhares de leitos novos, visando acomodar os condenados, ao tempo em que se cavam covas rasas para recebê-los.
É na ZEIS o centro da pandemia. Dizem os especialistas do saber periférico que o problema é como chegar lá. Não é. Existem muitos caminhos e ações para se fazer em cada bairro pobre e não periférico do Recife. É só olhar em volta. Temos, por exemplo, mais de 400 escolas municipais. E fechadas à espera do depois. Os usuários submoram nas ZEIS onde as escolas estão plantadas.
Pois é lá na ZEIS, na sua escola que se pode plantar o “pronto-socorro de campanha preventiva” – distribuir máscaras, testar temperatura, avaliar o estado clínico, usar a telemedicina em rede municipal. Distribuir cesta básica. É mobilizar e fazer. Estão por aí o professorado, os atendentes dos postos de saúde da família, os conselheiros tutelares, as igrejas e seus pastores, as lideranças comunitárias, os vereadores de lá votados, as ONGs. É lá na ZEIS onde se ganha ou se perde a batalha do tempo exponencial, pois o inimigo agora tem cara e nome novo – coronafome, e milhares de seres humanos à espera do milagre dos céus. É tempo de ruptura para eliminar o burro efeito manada. Ainda há tempo.
*Paulo Roberto Barros e Silva é arquiteto.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.