Morava eu em Olinda, faz tempo, recebo a visita ilustre do cronista Sócrates Times de Carvalho. Foi me convidar para formar na vice de sua chapa para presidente da AIP. Não pude aceitar, porque, à época, não tinha a menor condição de exercer o cargo em sua plenitude. Depois, aceitei o convite de Joezil Barros e encarei a presidência, cumprindo o mandato de 1999/2004. Foram anos de muita luta, com a colaboração importantíssima dos jornalistas Aldo Paes Barreto, José Hipólito, Hugo Vaz, João Alberto, Lúcio Costa, Luís Felipe de Moura, Zenaide Barbosa e outros. E as secretárias Cacilda Mathias e Marlene.
Muitos foram os motivos de decadência da AIP, sendo o principal deles a degradação do centro comercial da cidade, por abandono total das autoridades municipais, principalmente do trecho da Av. Dantas Barreto, onde pontificava o edifício da AIP e onde tínhamos vários imóveis alugados a locatários que não pagavam o aluguel. No edifício, funcionava, com grande afluência e auditório lotado, o cinema de arte da AIP, que exibia filmes clássicos de diretores famosos. Depois, converteu-se em cinema pornográfico, atraindo plateia desqualificada. Seu restaurante panorâmico, cujo simpático chefe, que servia uma lagosta divina e escocês legítimo, era conhecido em todo o Brasil. De sua varanda, os clientes apreciavam a paisagem do Recife Antigo e o movimento incessante dos navios entrando e saindo do Porto. A boate, embalada pelo conjunto do Maestro Bamba, que morreu tragicamente, era aconchegante. A pinacoteca e a biblioteca, admiradas pelos intelectuais. Tínhamos departamento médico e odontológico, para pronto atendimento dos associados, em consultórios instalados no anexo.
Um dia, um dentista executou a AIP na Justiça do Trabalho e penhorou suas salas. Com os elevadores sempre quebrados, pedi revisão ao Corpo de Bombeiros, e a perícia constatou que os dois prédios mais vulneráveis a incêndio em Recife, à época, eram o da AIP e o do Fórum Paula Baptista.
Deixemos as amargas de lado. A AIP, que comemora 90 anos de glórias, nunca foi um órgão de classe, mas nenhum órgão de classe fez tanto pelos jornalistas, escritores e artistas pernambucanos do que a AIP, considerada uma das mais importantes associações de imprensa do Brasil. Não cabe neste espaço citar todos os seus beneméritos, mas não podemos esquecer Joezil Barros e de seu atual presidente, o dinâmico e esforçado, Múcio Aguiar.
Arthur Carvalho, Associação da Imprensa de Pernambuco - AIP
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