Edgard Schein, professor emérito de MIT, recomenda que para a criação de valor sustentável numa organização, é importante a assessoria de um consultor de processos. Esse modelo de consultoria é curativo e preventivo e deve ter como propósito ajudar o cliente a fazer uma diagnose, desenvolver um plano de ação para resolver os problemas, avaliar as consequências do plano e gerir os processos para a implantação das soluções. Schein conclui: "quem sabe o que vai ou não funcionar na cultura da organização é quem a vivencia. O cliente não deve ficar dependente do consultor. Deve aprender a aprender".
O consultor competente precisa compreender o negócio e a empresa, desafios, sutilezas, cultura e clima organizacional bem como os processos que impactam a organização. Deve ajudar o cliente a entender qual o problema em questão e formulá-lo claramente. Problema mal definido e diagnose mal feita são desastrosos para boas soluções. Requer, essencialmente, profissional ético, equilibrado emocionalmente e com as necessárias experiências, competências técnicas e habilidades para exercer bem a função.
Um consultor, na sua carreira, pode almejar ser conselheiro organizacional. Vai atuar no órgão de maior poder institucional, definindo políticas e estratégias, aprovando orçamentos, selecionando e destituindo executivos, entre outras competências que podem decidir o sucesso ou fracasso de uma organização. O bom exercício dessa função requer profissional qualificado para ser líder de líderes.
Se, ao tornar-se conselheiro, o poder "subir-lhe à cabeça", principalmente se nunca exerceu papel de liderança de líderes, inicia uma jornada de poder sem competência para a função. Sem experiência prática de governança, precisa se cercar de consultores como outrora foi. E também ter sob seu comando chefes que cumpram as suas ordens, sem questionamentos. Outra alternativa seria assumir uma postura de humilde aprendiz e evoluir na função.
Numa empresa do século 21 - orgânica e biológica - esse cenário pode provocar uma mudança de cultura organizacional radical. Exercer autoritarismo é atitude padrão do perfil de poderoso incompetente. Exercer autoritarismo é atitude padrão do perfil de poderoso incompetente. Ou podem formar um "conluio". Em ambos os casos, a organização é impactada negativamente. Cabe aos acionistas e associados serem rigorosos no recrutamento e seleção de conselheiros.
Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow