O tempo explode em uma sonoridade que ouço através do tique-taque do relógio, como se as horas adquirissem uma firmeza nas instâncias passageiras. Dotada de uma enorme vontade de sentir a vida, atravesso os minutos e segundos em uma sequência que abala interiormente. Não tenho reservas para esconder a realidade, oriunda dos anseios. Afinal, sou tão frágil diante de um universo indefinido...! Guardo apenas os sentimentos com o máximo de reserva. Vou e venho em uma incontrolável sequência. Urge que as emoções se manifestem a todo instante. Cada dia, uma nova perspectiva. Serei diferente no modo de Ser? Jamais. Todos guardamos as mesmas indefinições, como se os elos do mundo agissem de formas as mais complexas.
Olho para os lados e descubro múltiplas idealizações. Não me furto ao desejo de acreditar que as circunstâncias são variadas e servem de espelho às frequentes dúvidas. Quantos enigmas se acumulam ao longo de uma jornada temporal?! Ir e vir, dualidade que preenche o curso da existência. Escuto os inúmeros anseios; são tantos que independem da vontade. Hoje, de um jeito; amanhã, de outro, mas sempre presente em uma cumulativa esperança. Não me nego a seguir caminhos e mais caminhos. Em permanente alerta, vigio o derredor. Que o ato de transitar seja infinito enquanto dure.
Sigo sempre na direção de mim mesma. São tantas as expectativas que me entrego às indistintas circunstâncias. E a temporalidade abraça inovações! Estarei atenta ao duelo da existência. Não esmorecerei diante do palco indefinido. Importa assumir as múltiplas nuances para arrecadar um leque de belas surpresas. E, assim, com calma e paciência, vou percorrendo um variado feixe de fantasias. Vale externar sempre e sempre o desejo de acreditar para além do que se pode imaginar. Aqui habita a grande expectativa da vida.
Não adianta fingir diante do intenso universo que brota interiormente. A alma inspira desejos cumulativos. Jamais anular os horizontes; servem de lastro à nossa consciência. Importa preservar os enlevos com a maestria de quem os administra. Seguir adiante com certezas de vitória. E, assim, cresce a humanidade ao som de maravilhosos sussurros. Sinto-me plena quando mergulho no ego. Desde quando duvido de mim mesma? Jamais. Vale acrescentar minúcias a todo instante. E permitir a crença na entonação dos silêncios. Jamais duvidar do que se pensa. Guardo os minutos para abraçar as lembranças que se acumulam. Necessito de imensos horizontes; assim, a história de cada um preserva a grandeza da individualidade. Sou o que sou. Porém, urge resguardar os sigilos que me perpassam. E não são poucos. Ainda bem. Diante do duelo interior há uma infinita ressurreição. Alguém desacredita? Melhor confiar no infinito e deixar-se fundir por todos os mistérios. "Que importa àquele a quem já nada importa/Que um perca e outro vença,/Se a aurora raia sempre".
Fátima Quintas, da Academia Pernambucana de Letras-fquintas84@terra.com.br