OPINIÃO

Na era dos extremos, é preciso rever os modelos de desenvolvimento

A sociedade precisa voltar a discutir as mudanças que enfrentamos e as que precisam ser feitas. Precisamos conhecer, gostar e verdadeiramente cuidar do lugar onde vivemos

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FRANCISCO CUNHA

Publicado em 28/11/2023 às 0:00 | Atualizado em 28/11/2023 às 14:07
Hidrelétricas: opção esgotada de geração de energia - DIVULGAÇÃO

Nesta terça-feira (dia 28), às 19h, terei a satisfação de apresentar, pela 25ª vez, o Painel Anual de lançamento da Agenda TGI no Teatro RioMar. Este ano com o tema: A Era dos Extremos Chegou. Como Atravessá-la.

A inspiração do tema do ano veio do ensaio clássico "A Era dos Extremos", do inglês Eric Hobsbawn (1917-2012), um dos mais renomados historiadores do século XX, que faz uma análise da Primeira Guerra Mundial até a dissolução da União Soviética. De fato, foi um tempo de tensões e muitas rupturas. Mas na realidade, a era dos extremos chegou mesmo foi agora. São os extremos do clima, das situações geopolíticas no mundo todo, da política nacional, da revolução tecnológica e da convulsão social que vivemos.

Tratar deste tema este ano tem um gosto especial: a Agenda TGI está celebrando bodas de prata e a TGI Consultoria completou exatos 33 anos em 2023. Desafios e perplexidades entram na lista de análise necessária. Diversas profissões já estão enfrentando a concorrência do ChatGPT. Vamos perder para ele? Ou vamos aprender a utilizar a chamada inteligência artificial ao nosso favor? Essa revolução tecnológica, com certeza, vai tirar o emprego de muita gente...

Além disso, nesta primeira metade dos anos 20 do século XXI, não é depropositado dizer que o mundo está de cabeça pra baixo. Enfrentamos duas guerras "visíveis" e, pelo menos, seis "invisíveis". Vimos pelo mundo todo os extremismos políticos, o aquecimento global de forma acelerada, os grandes avanços tecnológicos e como tudo isso afeta a vida da população de forma global.

No Brasil, parece nítido o esgotamento do modelo de desenvolvimento e a necessidade de mudanças. Desde o auge das transformações socioeconômicas da década de 50 que parece termos perdido o rumo. Foi a época dos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek com amploa investimento em infraestrutura, rodovias, aeroportos, hidrelétricas, a construção de Brasília. Além disso, soma-se o protagonismo do Brasil com a Bossa Nova, a Copa do Mundo… Hoje vemos que o processo intenso de urbanização gerou o inchaço das cidades e todos os seus problemas sociais, acentuados pela era dos extremismos políticos também. Que alternativas estamos construindo nacionalmente para esse estado extremado de coisas?

Assim como acontece com o Brasil, tudo faz crer que em Pernambuco vivemos também uma espécie de esgotamento do modelo de desenvolvimento. Impossível não citar também os anos 50 do Estado, época em que o dominicano francês Louis-Joseph Lebret, conhecido como Padre Lebret, chegou ao Estado, convidado para apresentar alternativas para o desenvolvimento industrial local. Ele antecipou a oportunidade de implantação de uma refinaria de petróleo, de um grande porto (hoje já temos Suape há 45 anos), um estaleiro e da industrialização, sobretudo a automobilística.

Na lista atual dos impactos mais preocupantes para Pernambuco estão as mudanças climáticas. Pernambuco tem quase 90% do seu território no Semiárido Nordestino, onde a escassez de água sempre foi um grande problema. Com a elevação extrema das temperaturas, o que acontecerá com essas?

Já no que diz respeito ao Recife, na década de 1950, o município tinha uma população de cerca de 500 mil habitantes. Vinte anos depois, saltou para 1 milhão e hoje está próximo a 1,6 milhão de habitantes. Essa verdadeira avalanche transformou o território da cidade numa espécie de quebra-cabeças desmontado. Felizmente, descobriu-se pela pesquisa aplicada, que a cidade pode vir a ser "recosturada" pela sua natureza "anfíbia", mais precisamente pelo Rio Capibaribe na forma de um grande parque que, a partir de suas margens (15 km de cada lado), reconecta todas as áreas verdes da cidade.

Tudo isso tendo como horizonte o fato de a cidade ser a primeira capital brasileira a completar 500 anos, em 2037. Para chegarmos bem até lá, as mudanças precisam entrar urgentemente na pauta. Neste sentido, o planejamento do Centro é primordial, com um olhar cirúrgico para os bairros de Santo Antônio, São José e do Bairro do Recife.

A sociedade precisa voltar a discutir as mudanças que enfrentamos e as que precisam ser feitas. Precisamos conhecer, gostar e verdadeiramente cuidar do lugar onde vivemos. Reflexões, discussões, elevação do nível de educação ambiental, tudo isso faz parte dessa mudança de mentalidade necessária. E é disso que vamos tratar na 25ª edição da Agenda TGI. Você, caro leitor, é nosso convidado!

Francisco Cunha, sócio-fundador da TGI Consultoria.

 

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