A rápida disseminação de aplicativos de inteligência artificial (IA) capazes de gerar conteúdo original, como o ChatGPT, conquista novos usuários no meio corporativo e gera preocupação em relação ao futuro. No entanto, a Pesquisa Global Hopes and Fears da PwC mostra que a visão predominante entre os profissionais é de otimismo em relação a essa nova onda tecnológica. Muitos trabalhadores reconhecem mais os impactos positivos da IA do que os negativos, o que indica uma oportunidade para as empresas capitalizarem essa tendência e impulsionarem suas iniciativas de transformação digital com o suporte de ferramentas inteligentes.
Integrar a IA em processos, sistemas, produtos e serviços pode elevar significativamente a eficiência operacional e estratégica de uma organização. No entanto, as empresas brasileiras ainda apresentam baixa adoção de IA em projetos estratégicos, conforme aponta o Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr), elaborado pela PwC Brasil e a Fundação Dom Cabral (FDC).
Essa hesitação em abraçar a IA preocupa devido principalmente à relevância da tecnologia para a sobrevivência de longo prazo dos negócios. Conforme revela a CEO Survey 2023, dois terços dos líderes executivos brasileiros consideram que inovações tecnológicas como a IA são cruciais para a lucratividade de seus setores de atuação nos próximos dez anos.
Para capitalizar o otimismo generalizado em relação à IA e maximizar as oportunidades que ela oferece, mitigando potenciais riscos, os líderes executivos podem tomar algumas iniciativas estratégicas. Aqui estão três formas eficazes de envolver a força de trabalho nesse processo:
• Definir o tom certo. É preciso estabelecer e divulgar uma narrativa convincente que defina claramente o significado do futuro do trabalho para a organização e seus profissionais. A transparência e o compromisso com um propósito claro em relação aos planos e decisões contribuem para aliviar a insegurança dos empregados em relação à IA e suas implicações. Assim, eles poderão se sentir mais à vontade para experimentar a tecnologia e integrá-la em sua rotina.
• Fortalecer as competências humanas. É importante investir ainda mais no desenvolvimento de competências interpessoais que a IA não pode replicar, como capacidade de adaptação, colaboração e liderança. Essas habilidades podem ser especialmente importantes para profissionais não especializados, que, conforme indica a Pesquisa Global Hopes and Fears, tendem mais a subestimar o impacto da IA em suas funções. Isso sugere que eles podem estar menos preparados para as transformações iminentes em comparação com seus colegas que têm especializações técnicas.
• Mobilizar os profissionais como agentes solucionadores. É provável que seus profissionais já estejam experimentando a IA fora do trabalho. Canalize essa energia em sessões de brainstorming para ver como a IA poderia otimizar as funções deles ou contribuir com melhorias para o departamento. Ao buscar a opinião dos empregados e envolvê-los nos processos de tomada de decisão, você estará fazendo mudanças com eles, e não por eles. Isso aumenta a probabilidade de que eles se comprometam com as inovações e as promovam entre seus colegas.
Ao adotar essas abordagens, as empresas criam oportunidades para que seus empregados experimentem e explorem a IA de forma responsável no trabalho, capitalizam as vantagens competitivas oferecidas pela tecnologia e cultivam a capacidade de adaptação da força de trabalho às evoluções do mercado. Isso permite não só acelerar a expansão dos negócios como mantém melhora o engajamento da equipe diante das transformações, assegurando uma transição harmoniosa para as práticas de trabalho do futuro.
Denise Pinheiro, líder de Transformação Digital
Camila Cinquetti, consultora de People & Organization