Em 1994, dois vitoriosos empresários da área da construção civil no Recife, de origem portuguesa, Zeferino Ferreira da Costa e Arthur Valente, tiveram o sonho de criar espaço que fosse um fórum permanente de estudos e pesquisas e prioritariamente, sobre o Brasil e Portugal. E que abrigasse cientistas renomados, empresários, pesquisadores e acadêmicos dos dois países, além de intercâmbio entre universidades para pesquisas de interesse conjunto. Um sonho ousado, que decidiram tornar realidade.
No dia 23 de junho de 1994, participei do lançamento da pedra fundamental do instituto, em evento no Círculo Universitário do Porto, ao lado de Zeferino Ferreeira da Costa e Arthur Valente, do vice-presidente do Brasil, Marco Maciel, do governador de Pernambuco, Joaquim Francisco, do prefeito do Recife, Jarbas Vasconcelos, de Rodolfo Moreira, presidente da Associação dos Amigos do Porto do Recife, do reitor da UFPE, Éfrem Maranhão, do reitor da UPE, Julio Correia. E de Mário Soares, presidente de Portugal e Fernando Gomes, presidente da Câmara do Porto (cargo que corresponde ao de prefeito no Brasil), do reitor da Universidade do Porto, Alberto Amaral, Depois, estive várias vezes na obra, quando participava do Voo dos Amigos do Porto, que todo ano ia para o São João do Porto. Era o assunto principal das minhas conversas com Zeferino Ferreira da Costa, que recebia todo o grupo em maravilhosas festas na sua quinta São Tomé.
Agora, convidado por ele, fui conhecer o Instituto Pernambuco Porto Brasil, inaugurado há dois anos, depois de 30 anos de obras, e que é um obra simplesmente deslumbrante. Evento teve palestra de Margarida Cantarelli e a presença de um grande grupo de pernambucanos, à frente o govenador Paulo Câmara, e de dois nossos companheiros, Mirella Martins e Fernando Castilho.
Confesso que fiquei emocionado e feliz, em visitar todos seus espaços. Fica num terreno de 7.800 m², com 2.300 m² de área construída, numa área belíssima cedida pela Universidade do Porto, dentro do seu campus. Universidade que tem atualmente cinco mil alunos brasileiros e é uma das mais respeitadas da Europa.
Dois famosos arquitetos. Janete Costa e Acácio Gil Borsoi, que haviam assinado vários projetos em prédios da "Vale do Ave", construtora de Zeferino Ferreira da Costa, aceitaram o convite para assinarem o projeto do Instituto. E fizeram um trabalho que eles me afirmaram, em conversa na sua casa de Olinda, que era um dos mais bonitos do seu notável acervo de obras. Digo, agora, ao ver a obra pronta que eles tinham toda razão. Quando eles nos deixaram, seus filhos Roberta e Marco Antônio Borsoi concluíram o projeto, que se comunica muito com o exterior. Está tudo muito permeado, não tem limite entre interno e externo. A arquitetura é única, e quem entra lá com certeza percebe isso. Não colocaram muitos móveis, deixamos tudo muito livre, muito fluido. O prédio e estrutura física do Instituto tiveram um investimento de aproximadamente 3,2 milhões de Euros (R$ 19,2 milhões). Para manter seu funcionamento, são necessários 220 mil Euros por ano (1,3 milhão).
A fachada é portentosa e o acesso por uma bela escadaria. Com Zeferino e Germana Soares, pernambucana que é gestora do Instituto, visitei todas suas instalações. Logo na entrada uma grande sala de exposições, que destaca os grandes mestres artesãos pernambucanos. "Uma viagem pelo Artesanato de Pernambuco, tem 74 totens, com peças e fotos dos artistas, feitas por Fred Jordão. De J. Borges, Neguinha, Nicola, e Maria de Ana, filha de Ana das Carrancas, entre outros. E mais, salas de reuniões, auditório para palestras e shows, com 200 lugares, biblioteca com estações de estudo individualizadas e espaço de convenções multiuso. Tudo com estilo cinco estrelas, que é, a propósito, marca da Construtora Vale do Ave. E tem também uma ampla área externa, com árvores levadas do Brasil e coreto, para a realização de festas.
Na saída, literalmente fascinado, descubro o endereço do Instituto Pernambuco-Porto. Rua das Estrelas, 143. CEP perfeito para uma instituição que tem muitas e muitas estrelas.
João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1