O tema, em epígrafe, é instigante e se colima com a prática do turismo em todo o universo, ações que sejam sustentáveis sob o ponto de vista da preservação do meio ambiente e da cultura, da paz mundial, até porque a humanização das pessoas passa muito pelo diálogo, pela aproximação dos habitantes deste planeta, pela isenção do ódio, menos ranço e mais avanço na interligação entre os povos.
A data 27 de setembro, brindada pela Organização Mundial do Turismo (OMT), como o Dia Mundial do Turismo, tem sido, por recomendação daquele organismo, festejada e até celebrada mediante a discussão de um tema que anualmente é sugerido pela OMT. Por mais de uma vez, em anos distintos, foi celebrando a Diversificação do Turismo que a data foi exaltada e exortada.
Recordo que, em 2009, em sua mensagem alusiva à efeméride, o Papa Bento XVI enalteceu o tema escolhido, quando nos assegurou: “trata-se de uma abertura de caminhos para o encontro com o ser humano em sua diversidade, em sua riqueza antropológica.”
O Brasil, por suas dimensões territoriais, esplende uma rica e vasta diversidade cultural, a começar pela etnia de nossa colonização, formada pelo europeu, a população indígena e os escravos africanos. Depois, os imigrantes japoneses, italianos, árabes e alemães dentre outros, ampliando a diversificação cultural do nosso país.
No Brasil, cada região apresenta as suas especificidades naturais e culturais, num caleidoscópio admirável. No Nordeste, para falarmos somente de nós mesmos, a cultura ganha dimensão maior através das danças, dos folguedos e festas, a exemplo do maracatu, bumba meu boi, caboclinho, ciranda, coco, reisado, frevo/passo e cavalhada, a chamada cultura de chão. A gastronomia e a culinária são outros diferenciais, notadamente pelo sarapatel, buchada de bode, baião de dois, peixes e frutos do mar, sururu, acarajé, vatapá, caruru, cocada, tapioca, pé de moleque, pamonha, canjica, munguzá e inúmeras outras iguarias.
Em nossa região, também estão presentes o artesanato, o cordel, a literatura, as igrejas e monumentos, os casarões e casarios, a história assinalada por antecipações político-libertárias, pelo idealismo democrático, por uma imprensa de vanguarda e livre, pelos cursos jurídicos, pelas universidades, pela inteligência do homem nordestino, marcado pela saga da resistência, mas também pelo adensamento do seu saber aprimorado e da sua inteligência aguçada.
O turismo enseja um trabalho que substitua o preconceito, a discriminação, os privilégios, a xenofobia e a intolerância pela elevação de espírito na concepção da aceitação mútua, promovendo os caminhos do diálogo, do respeito, da educação e do entendimento comprometido com a verdade e a paz de forma construtiva e humana.
Nesse diapasão, o turismo, ao promover a convivência entre pessoas de diferentes formas de viver, de diferentes credos, a cada qual com um olhar, quando da visão e da leitura do mundo, abre perspectivas ao diálogo, ensejando uma oportunidade para que as pessoas não se confinem em torno de sua própria cultura, sem abrir o seu espírito para o intercâmbio aos diversos modos de pensar e de viver.
O turismo, como se sabe, é uma atividade municipalista, do global para o local, além do mais, é importante salientar que a sua prática somente é boa para a cidade-destino, se for boa para os seus residentes, os nativos do lugar onde ele acontece. A magia do turismo está na arte da convivência e da descoberta.
Viajar é preciso! Ter o olhar contemplativo da folha que cai, dos pássaros que aqui gorjeiam e não gorjeiam como lá, do mundo que, à Santo Agostinho, é um livro: “quem não viaja, lê apenas a primeira página.” Vamos passar as páginas, viajando e, apesar da globalização, encontrando na unidade/diversidade a nossa identidade cultural, graças ao turismo, espécie de ponte entre as pessoas, um elo na chamada indústria da paz.
Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, membro do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Goiana e da Academia de Artes e Letras de Goiana.