Quase três anos após a primeira vítima, e um ano e meio depois da marca de 600 mil, o País chega aos 700 mil mortos em consequência do coronavírus. A desaceleração dos óbitos e das internações e casos graves obedece à curva do aumento da imunização.
Mesmo com as vacinas enfrentando resistências, no início, da parte do então governo Jair Bolsonaro, com o próprio presidente da República dando exemplo negativo e se recusando a ser aplicado, a vacinação surtiu o efeito esperado, assim como em outras partes do mundo.
Até hoje, a Covid-19 continua disseminada e causando males respiratórios, e também mortes. Porém, a maioria dos casos graves é observada em pessoas de grupos de risco, com outras doenças, idosos e naqueles que não completaram os esquemas vacinais, assumindo o risco de uma doença que só deixou de ser tão fatal como foi, nos primeiros meses, graças ao esforço científico intenso que resultou na produção de vacinas eficazes, em relativamente pouco tempo de pesquisa.
Em abril de 2021, mais de 21 mil pessoas morreram de Covid em uma semana no Brasil, no pico da pandemia, segundo as estatísticas oficiais. Àquela altura, contabilizava-se a metade dos óbitos que somamos agora. Somente no dia 8 de abril, o pior dia, 4.200 brasileiros perderam a vida em decorrência de complicações provocadas pela infecção do coronavírus.
Apenas alguns meses mais tarde, em outubro, chegávamos aos 600 mil mortos em todo o território nacional. De lá para cá, com o avanço da imunização, a população, mais protegida, viu a curva assustadora da pandemia estabilizar e diminuir. As vacinas disponíveis, no entanto, não conseguiram eliminar o vírus de circulação.
Variantes apareceram e continuaram atacando o organismo humano em larga escala de contaminação. Sem a barreira das substâncias imunizantes, teria havido muito mais mortes, na sequência do horror experimentado em 2021.
Mas as vacinas impediram o pior, evitando a evolução dos quadros respiratórios. Com aproveitamento da rede do Sistema Único de Saúde, o Brasil conseguiu distribuir e aplicar as doses necessárias para frear o número de casos graves e mortes. Médicos e demais profissionais de saúde mostraram dedicação e, muitas vezes, debaixo de alto risco, cumpriram a missão de estar na linha de frente em uma guerra que parecia não ter prazo para terminar.
O receio dos médicos, agora, é que a população acredite que as doses de reforço da imunização contra a Covid são desnecessárias. É importante manter o foco na verdade científica: os casos leves somente são leves por causa das vacinas.
A escolha por não receber doses de reforço pode ser um risco elevado, do ponto de vista individual, mas
também coletivo, favorecendo a disseminação e o desenvolvimento de variantes mais letais. Em todo o País, quase 100 milhões de pessoas não tomaram a primeira ou a segunda dose de reforço.
Enquanto muitos já estão na quinta, com a vacina bivalente atualizada, parte significativa da nação se expõe a um inimigo que não foi vencido. Por isso é importante lembrar de cada uma das mais de 700 mil vidas que perdemos, nos últimos três anos.