O crescimento da violência em Pernambuco pode ser decorrente da falta de segurança. Nos últimos anos, o investimento foi menor que o necessário, as metas e o planejamento falharam, e o crime organizado tomou conta de áreas onde o poder público, por omissão ou má gestão, deixou o território propício aos bandidos. A troca simultânea de governo, neste cenário de vulnerabilidade, lançou a esperança de recomposição dos planos e retomada de investimentos para uma das demandas mais cobradas pela população – a defesa contra o império da desordem, da brutalidade e dos crimes violentos. No começo do último trimestre do primeiro ano de mandato, tanto o novo governo federal quanto o estadual parecem sintonizados na disposição de mudar o quadro degradante da insegurança pernambucana.
Em visita oficial, na última quarta-feira, o ministro Flávio Dino cumpriu o ritual conhecido da liberação de recursos em uma solenidade repleta de autoridades, com a presença da governadora Raquel Lyra e do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, na Arena de Pernambuco. Uma ótima notícia, que se junta à preparação do plano estadual de segurança, para descortinar esperança nos cidadãos. O montante de R$ 160 milhões para o governo do Estado e prefeituras é destinado ao combate à violência, mas vão sobrar menos de R$ 100 milhões, pois R$ 67 milhões estão reservados para a construção da nova sede da Polícia Federal, no Recife.
Para a construção da Casa da Mulher Brasileira, com serviços especializados de acolhimento e alojamento de passagem para as mulheres vítimas de violência, também na capital, irão R$ 16 milhões. Pelos números oficiais, mais de 37 mil mulheres registraram queixas de violência doméstica no estado, este ano, até o mês de setembro. O equipamento, portanto, é mais que bem-vindo. Mas deve servir de modelo para uma política pública de maior estrutura, depois que a prevenção ao crime contra a mulher não for eficiente. Para evitar a continuidade desse cenário, que somente em 2023 já causou a morte de 58 mulheres por feminicídio, o planejamento bem executado de políticas públicas de segurança é fundamental.
Na liberação assinada estão previstos pouco menos de R$ 5 milhões para prevenção à violência e ao uso de drogas, nos municípios mais violentos com pessoas em situação de vulnerabilidade. Pelo tamanho do problema, mais uma vez, o valor é baixo, devendo servir de amostra para um planejamento de maior fôlego. O aumento das mortes violentas intencionais no estado, já este ano, decorre, entre outros fatores, da indefinição da estratégia de enfrentamento de uma situação que se prolonga por muitos anos. A população espera que a articulação demonstrada entre os três níveis de governo, desde o Planalto até as prefeituras, sob a coordenação da aplicação pelo Estado, resulte em consequências efetivas de redução dos crimes e da sensação de insegurança generalizada que assalta a vida em Pernambuco.