Os efeitos de um cotidiano violento para o comércio e os serviços são bem conhecidos da população brasileira. O fechamento de negócios em cidades como o Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e tantas outras, sobretudo nos centros urbanos em processo de degradação, vem acontecendo há muitos anos no país. Além disso, o custo da criminalidade para os cidadãos abarca não apenas o que fechou, mas também o que deixou de ser aberto, e os investimentos que não foram feitos em decorrência do medo e da insegurança – ou seja, da incapacidade do poder público de garantir tranquilidade para os habitantes, e um ambiente de negócios receptivo aos empreendedores.
Contam-se aos milhares as perdas de estabelecimentos para a violência, no Brasil, nos últimos anos. O processo de esvaziamento do comércio de rua vem de décadas, mas tem se acentuado. Junto com a redução da arrecadação de impostos, milhares de empregos são cortados, em consequência do temor que une empresários e a população em geral. Estudo apresentado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderia ser 0,6% maior, caso a taxa de criminalidade recuasse para níveis próximos da média mundial. O impacto econômico do crime em toda a América Latina é um pouco mais baixo, de 0,5% do PIB.
Os custos sociais da violência não são desconhecidos no Brasil, onde a desigualdade é uma das maiores do planeta. A perspectiva do FMI acrescenta ao cenário dos prejuízos em educação, saúde e qualidade de vida, a privação coletiva de ganhos econômicos que poderiam se traduzir na redução da realidade desigual e na melhoria das condições de vida da maioria de pobres e miseráveis – que também compõem as vítimas preferenciais do crime organizado, que se aproveita da vulnerabilidade social para ampliar seu domínio e suas ações. Combater com mais eficiência a insegurança nas cidades é uma tarefa que cabe aos gestores municipais e estaduais, com o apoio e a coordenação estratégica do governo federal. Isso significaria ao mesmo tempo restaurar o quadro social esgarçado, e oferecer oportunidades de crescimento econômico para as comunidades e para o país.
Enquanto a média mundial é de menos de 6 homicídios para cada 100 mil habitantes, no Brasil a média é de mais de 21 assassinatos por 100 mil – lembrando que Pernambuco está bem acima da média nacional, com 35 mortes violentas por 100 mil habitantes. A insegurança no estado é um dos grandes desafios da governadora Raquel Lyra, que lançou, há poucos meses, um programa específico para cuidar da questão, de forma integrada, com a participação de diversas secretarias. A integração das políticas em todos os níveis de gestão é um caminho promissor para resgatar a confiança das pessoas na capacidade de enfrentamento do crime pelo poder público. A partir dos primeiros resultados, esperados há muito tempo, o país poderá enfim andar na direção do desenvolvimento social e do crescimento econômico sustentável.