Os professores da rede municipal de ensino do Recife deflagraram greve nessa terça-feira (10) por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após uma assembleia, na qual a categoria rejeitou a proposta da prefeitura. No mesmo dia, a classe também realizou uma passeata pelas ruas centrais da cidade. O JC, contudo, visitou escolas no Centro da capital pernambucana e detectou que algumas aulas estão ocorrendo, enquanto que outras não. A depender da unidade, umas estão com mais aulas dos que as outras.
Os mais de seis mil docentes exigem o cumprimento da Lei do Piso Salarial do Magistério Público da educação básica. O percentual indicado para este ano é de 12,84% de reajuste.
Eles reivindicam, ainda, a realização de concurso público para preencher cerca de mil vagas na rede, eleições diretas para gestores de escolas e melhorias no plano de saúde do servidor, o Saúde Recife.
A proposta da prefeitura do Recife, que foi rejeitada, é de dividir a extensão do reajuste em três parcelas, além de reajustar o abono educador, que é pago sempre no mês de outubro, em 9,54%.
Para Cláudia Ribeiro, coordenadora geral do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede (Simpere), Cláudia Ribeiro, o parcelamento é um “profundo desrespeito”.
A rede de educação da capital tem cerca de 90 mil estudantes e administra mais de 300 escolas, sendo 81 creches, a Escola de Arte João Pernambuco e o Barco Escola.
Nesta quarta-feira (12), primeiro dia da paralisação, os profissionais pretendem conversar com a comunidade. Pela manhã, haverá uma assembléia no pátio da prefeitura do Recife.
Na manhã desta quarta-feira (11), o JC percorreu algumas escolas no Centro do Recife e constatou que algumas aulas estão ocorrendo, enquanto que outras não. A depender da unidade, umas estão com mais aulas dos que as outras. A coordenadora do Simpere explica que isso acontece porque os professores de contrato temporário estão sendo ameaçados de demissão, caso também entrem em greve.
Na Escola Municipal Pedro Augusto, localizada no bairro da Soledade, oito de quinze professores aderiram à paralisação. Desses, apenas um é concursado, os outros sete são contratados. Para diminuir o impacto no aprendizado dos alunos, a direção montou um esquema de funcionamento parcial.
"O funcionamento será parcial. Já prevendo que teria o movimento hoje, a gente organizou para hoje os sétimos e nonos [anos] e para amanhã, sextos e oitavos. Enquanto durar o movimento, vamos ficar alternando", explicou Josenide Freitas, diretora do colégio há 15 anos.
Dos 16 professores do turno da manhã da Escola Municipal dos Coelhos, que fica no bairro homônimo, apenas dois faltaram nesta quarta-feira. Os alunos das classes dos grevistas foram mandados para casa ou assistiram aulas em outras turmas, segundo a diretora Francisca Ângela.
"Ainda não temos um posicionamento concreto porque a greve começou hoje. Estamos esperando para saber como será à tarde, se os professores vão vir", pontuou a dirigente da unidade, que possui 806 alunos do ensino infantil ao fundamental.
Por meio de nota, a Prefeitura do Recife esclareceu que foi surpreendida com a greve do Simpere, e garante que vai pagar o piso salarial estabelecido pela Lei, a partir de março. A administração explica que, de fato, propôs a extensão do reajuste de 12,84% para toda a categoria, dividindo em três parcelas.
A Prefeitura do Recife foi surpreendida com a decretação de greve por parte do Simpere, tendo em vista que estava aberto o canal de diálogo com a categoria. Nesta segunda-feira (9), foi realizada a segunda mesa de negociação setorial com a categoria, além de quatro rodadas da Mesa Geral de Negociação dos Servidores. A decisão do sindicato em pleno ambiente de negociação só prejudica os 90 mil alunos da rede municipal de ensino e seus familiares.
A Prefeitura do Recife informa ainda que vai pagar o piso salarial estabelecido pela Lei Federal n° 11.738/2008, a partir deste mês. Mesmo diante da grave crise econômica que a afeta as contas públicas em todo o país, a Prefeitura do Recife propôs a extensão do reajuste de 12,84% para toda a categoria, aplicado em três parcelas (4,5% em outubro, 4% em novembro e 3,83% em dezembro), além de reajustar o abono educador, que é pago sempre no mês de outubro, em 9,54%.