A rotina de milhares de pessoas foi afetada por conta da pandemia de coronavírus. Aulas foram suspensas, shoppings, restaurantes, bares, academias e comércio serão fechados por conta da rápida disseminação da covid-19. A doença saiu das fronteiras da China no início de janeiro de 2020 e já infectou, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 200 mil pessoas no mundo todo. Em Pernambuco, até esta sexta-feira (20), há 31 casos confirmados e sua primeira com cura clínica. No Brasil, o número de pessoas infectadas assusta: 901. No entanto, mesmo sem contrair a doença, a população precisou se adaptar para não transmitir, e nem ser infectado, com a doença. O isolamento já foi determinado pelo Governo Estadual, e, para driblar esse período sem sair de casa, as pessoas buscam alternativas para passar o tempo e não deixar a solidão fazer companhia.

Socorro Damascena, 67, mora há 50 anos no bairro de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife. Incluída no grupo de risco por se idosa e diabética, a pernambucana sente, desde a segunda-feira (16), os efeitos do isolamento, e precisou adaptar a rotina para não ser infectada. A mudança já pode ser vista na porta de casa. Ela colocou uma bacia com água e sabão para o marido, de 66 anos, lavar as mãos ao chegar em casa, e também uma roupa para ele trocar assim que chegar do trabalho. “Meus objetos pessoais eu separei. Quando ele chega, a roupa já está na cadeira, ele se troca, deixa o sapato fora de casa, lava as mãos, e essa roupa eu coloco dentro de um saco plástico e vai direto para a máquina de lavar. Só assim ele entra em casa”, explicou.

Com a vida social bastante ativa, Socorro precisou encontrar outros meios para continuar com as atividades. A rotina da quarentena se parece com o período em que fez a cirurgia nos olhos, com exceção das visitas, que agora não recebe mais. “Eu acordo às 5h, faço minhas orações, medito, depois leio a bíblia e faço as orações no terço. Quando termino, faço exercício físico, e como não posso sair coloco vídeos no Youtube. Depois tomo café da manhã, descanso um pouco e converso com minhas amigas pelo celular. Após a conversa, eu vou cuidar da casa”, relatou.

Ao longo do dia, a moradora de Brasília Teimosa continua a conversar com as amigas e também com os filhos. “Quando chega as 18h, vou tomar banho, janto e repouso. Depois eu leio novamente e escrevo um pouco. Eu escrevo como foi meu dia, o que estou sentindo e como estou passando por esse momento. Às 19h vou para um grupo online e fico, mais ou menos, até às 20h. Quando chega esse horário eu faço minhas orações e me preparo para dormir”, disse.

Socorro aconselhou aos idosos que cuidem de si durante esse período e usem a tecnologia ao seu favor. “Ler, pintar, arrumar a casa. O idoso pode fazer tudo isso, claro, com as exceções dos que estão limitados”, afirmou. A dica foi reforçada pela psicóloga e mestre em psicologia Taciana Breckenfeld. "Nada mais importante do que a tecnologia nesse momento para fazer o que ela tem que fazer sempre. Usada com qualidade, de uma forma que ajude a aproximar das pessoas que não se pode estar tão próximo, mas especialmente que ajude a aproximar de você mesmo", explicou.

No bairro de Piedade, localizado no município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), Priscila Lins, 30, e a mãe evitam ao máximo sair do apartamento onde moram. Formada em administração, a jovem trabalha na parte de contas de uma escola particular do Recife e desde quarta-feira (18) está em home office. Com a nova rotina, Priscila trabalha das 8h às 15h e aproveita o tempo em casa para estudar para concursos. “Eu acordo, tomo café da manhã, tomo banho para despertar. Como eu não tenho escritório em casa, fico com o meu notebook na sala de jantar. Quando é por volta do meio-dia eu paro para almoçar e volto a trabalhar. Com o home office, eu estou conseguindo estudar mais durante a noite. O isolamento está ajudando bastante nessa parte”, explicou.

Priscila contou também que o dia a dia em casa é tranquilo, mas que a tecnologia está ajudando não só no trabalho, mas também para aproximar com outras pessoas. A jovem relatou que está usando o tempo livre para assistir séries, filmes e conversar com os amigos e o namorado. 

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

• Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
• Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
• Evitar contato próximo com pessoas doentes.
• Ficar em casa quando estiver doente.
• Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
• Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
• Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos corretamente