"Quem puder, fique em casa", pede pai de bebê internado na UTI, após a mãe morrer vítima de covid-19

O namorado da fisioterapeuta e pai do bebê que está internado na UTI diz que a mãe era uma mulher trabalhadora e muito esforçada. Ele conversou com o JC ainda assustado com a velocidade com que tudo aconteceu
Ciara Carvalho
Publicado em 07/04/2020 às 10:24
O menino comorbidade respiratória e residia no bairro Magano Foto: PIXABAY


JORNAL DO COMMERCIO – Quando você percebeu que o quadro dela estava se agravando?

PAI DO BEBÊ – Ela passou três dias com febre, quarta (25), quinta e sexta. Ela não estava resfriada. Sentia um mal-estar, uma ânsia de vômito, dor no corpo. Aí a febre foi aumentando. No sábado (28), ela foi para o hospital e já ficou internada. Não estava conseguindo normalizar a respiração. Aí quando foi da sexta para o sábado, ela piorou.

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JC – Ela, então, passou uma semana internada?

PAI DO BEBÊ – Isso. Ela passou do sábado até a sexta (da semana seguinte) no apartamento. Mas não era possível visitá-la. A gente estava se falando por telefone. Ela estava confiante, mas muito preocupada com a respiração, que não normalizava. Na sexta à noite, ela piorou.

JC - A confirmação de que ela tinha sido contaminada com o novo coronavírus veio em que momento?

PAI DO BEBÊ – Na quinta-feira. No sábado, ela foi entubada.

JC – Qual foi a última vez que vocês se viram fisicamente?

PAI DO BEBÊ – No sábado da semana anterior, quando eu a levei para o hospital. Só podia ficar uma pessoa, que foi a mãe dela. Depois disso, ficamos nos falando por telefone.

JC – O que provocou o agravamento do caso?

PAI DO BEBÊ – Já na madrugada do sábado, os médicos decidiram entubá-la, porque houve um agravamento geral do quadro. No sábado pela manhã, decidiram fazer o parto, para que ela pudesse respirar melhor. A saturação melhorou, mas o coração estava fraco. Embora ela nunca tivesse tido nenhum problema anterior a essa doença, os médicos disseram que o vírus provoca a inflamação dos órgãos. O agravamento dela no hospital foi por causa do coração. Decidiram fazer o parto para não prejudicar o bebê, em função dos medicamentos que ela precisava receber.

JC – O que dizer para as pessoas que hoje estão em casa, com medo de uma possível contaminação?

PAI DO BEBÊ – Se puder, fique em casa. Tem muita gente que ainda não está consciente. Mas essa é uma forma de ajudar a conter esse vírus.

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