A terça-feira (07) foi de esperança para o empresário de 42 anos, pai do bebê que está internado na UTI da unidade pediátrica da Unimed, após a morte da mãe, a fisioterapeuta de 33 anos, vítima da covid-19. A criança, um menino que recebeu o mesmo nome do pai, nasceu prematura, na manhã do último sábado (04), depois que a mãe apresentou complicações decorrentes do novo coronavírus. “Ele teve uma evolução, não está mais entubado e já responde a estímulos”, comemorou o empresário. Outra boa notícia foi a doação de leite feita pela pernambucana Michele Rafaela Maximiliano, conhecida como ‘a maior doadora de leite do Brasil’, na manhã desta terça-feira (07), para o banco de leite materno do hospital.
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Todos os dias, durante uma hora, o empresário tem visitado o filho, que está na encubadora. “Ele está bem e vem se fortalecendo. Vai entrar na dieta da maternidade. A minha sensação é a de que cada dia é uma vitória”, disse o pai, embora ainda não haja uma previsão de alta da UTI. O bebê nasceu com oito meses. Os médicos decidiram fazer o parto, para que a fisioterapeuta pudesse receber a medicação necessária, sem colocar em risco a vida da criança.
“Para a condição em que ele estava, já evoluiu muito. Ele está se mexendo, já está chorando, eu estou muito confiante. É muito importante saber que ele está recebendo toda a assistência médica necessária”, contou o empresário. Foi ele quem levou a namorada para o hospital, quando a fisioterapeuta apresentou sintomas da doença, como febre, tosse e dores no corpo. Na última segunda-feira (05), o empresário fez o teste para identificar o coronavírus. O resultado está previsto para sair na próxima sexta-feira (10).
A comoção provocada pela morte da fisioterapeuta criou uma onda de solidariedade, iniciando uma campanha para doação de leite materno destinada ao bebê e para repor os estoques do hospital. O movimento se espalhou nas redes sociais e chegou até o marido de Michele Rafaela Maximiliano, Ederval Trajano. “Várias pessoas ligaram para a gente, entre familiares e ex-alunos que a conheciam, e pediram para a gente fazer essa doação”, disse Trajano.
A técnica em enfermagem, então, ligou para o Hospital Regional Jesus Nazareno, em Caruaru, Agreste de Pernambuco, que busca o líquido toda terça-feira na casa dela, em Quipapá, e contou a situação. “Liguei e disse: ‘essa semana [O LEITE] vai para ele’. Se ele precisar de mais, vai mais”, garantiu. O marido de Michele dirigiu cerca de 200 quilômetros de Quipapá até a capital pernambucana para fazer a entrega. Para Ederval, a sensação é de dever cumprido. “Só quem faz é quem sabe o que é você se doar e ajudar o outro.”