No último mês, os municípios pernambucanos têm implementado barreiras sanitárias como forma de conter a disseminação do novo coronavírus. A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) estima que a maior parte das 185 cidades do Estado já tenha adotado a medida até esta segunda-feira (20), sem prazo determinado para desativá-las. Veja a lista no fim do texto.
Em Pernambuco, onde há 2.690 notificações de casos da covid-19, funciona assim: os veículos são parados nos pontos onde foi montado o esquema, os ocupantes passam por avaliação de saúde, recebem orientações, têm a temperatura aferida e, se necessário, são encaminhados ao hospital. Alguns lugares ainda estão higienizando os automóveis. Apesar do nome, a barreira não impede a passagem das pessoas. A maioria busca fazer um monitoramento de quem entra e sai, enquanto outras investigam também as localidades onde há maior concentração de gente.
O método é avaliado como eficaz pelo médico infectologista Filipe Prohaska. "Ele não só tem a função de ver quem está com febre, identificar as pessoas que têm maior risco de infecção e de fazer limpeza do local, mas o mais importante é a orientação", ressaltou. "É orientar se a pessoa está fazendo uso da máscara de forma adequada, é conseguir manter a distancia de 1,5 metro a 2 metros de uma pessoa a outra, é passar orientações pessoalmente ao cidadão, é corrigir falhas", garantiu.
Caruaru, no Agreste, implantou o recurso há quase um mês, no dia 23 de março, inicialmente, eram cinco pontos fixos nos acessos. Desde então, mudou a gestão estratégia e agora possui um ponto fixo (na entrada principal, da UPA), dois itinerantes e mais dois móveis.
A diferença entre as duas últimas, explicou a secretária municipal de Ordem Pública Karla Vieira, é que a barreira itinerante muda de local a cada semana, e as móveis têm lançamentos diários. Para definir os bairros que receberão a atenção, o município criou um mapa do isolamento fazendo o cruzamento de três bancos de dados: o do Ministério da Saúde baseado nas operadoras telefônicas, o de casos gripais da secretaria municipal de Saúde e o de fluxo de veículos do sistema de transporte público.
“A gente trabalha com tendência de monitoramento. O nível ideal de cumprimento do isolamento social é de 60-70%. Tem bairros que têm ficado entre 50 e 60%. Então é onde a gente vai intensificar o trabalho da fiscalização e barreiras móveis”, sustentou.
Vieira avalia que, embora houvesse preocupação dos moradores no início, hoje a medida é bem avaliada. “Às vezes o veículo não foi parado mas a pessoa para do mesmo jeito para ser avaliado. Como uma espécie de drive thru”, definiu.
Até esse sábado (18), 35 mil veículos foram abordados, 170 mil pessoas foram alcançadas e orientadas - das quais 10 mil foram identificadas em situação de vulnerabilidade. São 60 profissionais trabalhando por dia nas operações de Caruaru, onde há 15 casos confirmados, 106 descartados, 78 em investigação e 2 óbitos, .
Em Gravatá, no Agreste do Estado, o recurso começou a ser usado na semana prévia à Semana Santa, uma vez que a cidade é destino de grande fluxo de pessoas durante o período. Até esta segunda-feira (20), 9.046 veículos foram vistoriados pela ação. As barreiras continuam, porém com estrutura reduzida em relação à inicial. Inicialmente eram quatro fixas; agora, são três mais as móveis. De acordo com o prefeito Joaquim Neto, 90% do fluxo era captado na principal entrada da cidade, pela Duarte Coelho.
As barreiras móveis atuam como complemento para as fixas. Cada uma é composta por dois agentes de Combate à Endemias e dois agentes comunitários de Saúde, que percorrem condomínios e hotéis para orientar o público e fazer valer as restrições. Até esse domingo (19), foram visitados 27 condomínios, 203 casa e 814 pessoas por esse efetivo.
Gravatá também é um dos que têm higienizado os veículos que passam pelas suas barreiras sanitárias. É aplicado um produto a base de amônia quaternária próprio para desinfecção de pneus caixa de rodas. A prefeitura contabiliza que já vistoriou 9.046 automóveis. A cidade contabiliza um caso confirmado, 6 descartados e 9 em investigação.
Em Afogados da Ingazeira, no Sertão, as barreiras continuam ativadas permanentemente em duas entradas da cidade: Uma no Bairro Brotas e outra no bairro Padre Pedro Pereira. "Em um só dia a gente abordou 320 pessoas", disse o prefeito e presidente da Amupe, José Patriota.
Na sua visão, o recurso adotado pelas prefeituras tem sido capaz de reduzir a contaminação no Estado. "Você conversa, previne. Tem a possibilidade de abordar pessoas que vêm de fora da cidade e fazer um mapeamento", comentou. Com a medida, sua gestão está conseguindo identificar e monitorar quem vem de fora. "A Vigilância faz isso permanentemente. Tem que acompanhar o povo que está em quarentena. A equipe vai lá, orienta".
Em quinze dias, 2.148 pessoas foram abordadas em Afogados da Ingazeira; sendo 33 oriundas de 33 municípios diferentes e de oito estados. “Teve gente da Bahia, Santa Catarina, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal. Isso mostra o quanto as pessoas estão se movendo”, afirmou.
Alguns estiveram só de passagem, mas os 217 que vieram de fora e ficaram na cidade tiveram que passar 14 dias em quarentena. Nesses casos, foi identificado o endereço onde eles ficariam e uma equipe do programa Saúde Familiar foi designada para monitorá-los. A cidade descartou dois possíveis casos da covid-19.
Já Sertânia, no Sertão, montou três barreiras, nos três principais acessos à cidade: na PE-265, bairro Alto do Rio Branco; na PE-265, bairro Cerâmica; e PE-280, bairro da Exposição. Duas são ativadas por dia. "Tem uma que vem de Arcoverde, outra da Paraíba, e outra do Pajeú e de Custódia", contou o prefeito Ângelo Ferreira. Os pontos de fiscalização contam com profissionais de saúde e agentes de segurança.
Além de passar as informações, os trabalhadores medem a temperatura dos viajantes para acompanhar quem vem de fora "Está chegando gente de outros Estados, como São Paulo, e que estava em Recife e voltou", falou. A cidade também estuda a colocação de barreiras em três povoados da cidade e de mais três barreiras móveis. Até agora, a cidade teve um caso confirmado de coronavírus, dois descartados e um óbito.
O prefeito de Parnamirim, também no Sertão, divulgou vídeo nessa segunda-feira (20) anunciando o primeiro caso do novo coronavírus na cidade. Por isso, afirmou que barreiras sanitárias já começaram a ser montadas. "O município irá aumentar, ainda mais, as medidas preventivas e também restritivas, neste combate. A gente vai editar um decreto proibindo que as pessoas saiam de casa sem máscara, também vamos aumentar a equipe de vigilância sanitária do município e as barreiras sanitárias já começam no dia de hoje (20 de abril)", disse.
Itapissuma
Tamandaré, São José da Coroa Grande, Ribeirão, São Benedito do Sul, Tamandaré, Lagoa de Itaenga, Cortes, Vitória de Santo Antão, Lagoa do Carro
Caruaru, Palmeirina, Surubim, Iati, Jucati, São Bento do Una, Angelim, Águas Belas, Itaiba, Gravatá, Ibirajuba, Altinho, Alagoinha, Capoeiras, Calçado, Cachoeirinha, Bonito, Poção, Barra de Guabiraba
Triunfo, Floresta, Afogados da Ingazeira, Tuparetama, Betânia, Parnamirim, Afrânio, Carnaíba, Granito, Exú, Terra Nova, Tabira, Serra Talhada, Santa Filomena, Inajá, Brejinho, Iguaraci, Flores, Itapetim, Sertânia, Jatobá, Manari, Calumbi, Quixaba, Serrita, Arcoverde
Fonte: Amupe
Coronaavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.