Atualizada às 16h22 do dia 14 de agosto
Cinco meses após o primeiro caso, Pernambuco vive a fase de estabilidade da pandemia do novo coronavírus, mas o número exato de testes disponíveis para a população não está claro. À primeira vista, o Estado tem testes "sobrando". Ao mesmo tempo, a procura por testagem tem diminuído. Só do Ministério da Saúde, Pernambuco recebeu mais de 400 mil testes e ainda adquiriu uma quantidade por conta própria. De acordo com o boletim da última quarta-feira (12), mais de 200 mil testes foram realizados no Estado. Mas o número final de testes disponíveis, segundo o governo estadual, gira em torno dos 100 mil.
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Quando a pandemia do novo coronavírus ainda estava chegando à Europa, no início de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já afirmava que entre os principais desafios para enfrentar a doença desconhecida estava a necessidade de testar as pessoas.Também no primeiro semestre o Brasil viu os casos de covid-19 se espalharem por todo o território nacional e sofreu com a falta de testes para mensurar e controlar a pandemia adequadamente.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o governo federal enviou 473.560 testes para Pernambuco, sendo 335.640 testes rápidos e 137.920 testes RT-PCR. De acordo com o boletim diário emitido pelo governo estadual, até a última quarta-feira (12), foram feitos 262.844 testes no Estado.
Se todos os testes realizados em Pernambuco tivessem sido providenciados pelo Ministério da Saúde (473.560), ainda existiria uma sobra de 210.716 testes, considerando que, segundo o governo estadual, 262.844 foram feitos - mas o Estado afirma que ainda adquiriu testes por conta própria. De acordo com o portal que apresenta dados da pandemia no Estado, há 13.812 testes rápidos e 116.917 testes RT-PCR disponíveis - um total de 130.729.
A reportagem do Jornal do Commercio procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e questionou quando Pernambuco recebeu os testes do Ministério da Saúde, quantos testes foram adquiridos por conta própria, como foi feita a distribuição deste material e quantos dos testes enviados pelo ministério e adquiridos pelo Estado foram utilizados, além da confirmação da quantidade e tipo de testes enviados pelo governo federal do Estado.
A Secretaria enviou resposta por meio de nota para o JC na noite da última quinta-feira. "O Ministério da Saúde vem encaminhando insumos para as testagens em Pernambuco desde março. O órgão federal disponibilizou 314 mil testes rápidos - 214 mil foram repassados aos municípios e os demais ficaram com o Estado. Em relação aos exames de RT-PCR, foram disponibilizados 102.980 testes pelo MS. O Estado ainda adquiriu mais de 57 mil, entre insumos para o Lacen-PE e contratualização com laboratórios parceiros. Atualmente, Pernambuco possui em estoque mais de 114 mil testes rápidos e 13 mil RT-PCR. O Estado ainda está adquirindo mais 120 mil exames de RT-PCR para utilização no Lacen junto ao novo maquinário", escreveu a SES.
Enquanto isso, a pandemia se interiorizou no Estado. Os números de casos e óbitos cresceu nas cidades do interior e caiu na capital. No início de agosto, o Recife registrou que os indicadores da covid-19 continuavam em tendência de queda há 80 dias. Em julho, a capital pernambucana foi responsável por apenas 16% dos novos casos de todo o Estado. A cidade já chegou a ser, em abril, responsável por 54% desses casos.
Com a queda na quantidade de novos casos, o Recife segue avançando no plano de retomada das atividades econômicas e vê a procura por testes diminuir, enquanto a oferta aumentou. Por dia, as unidades da Prefeitura do Recife tem capacidade para realizar 928 testes Swab e 609 testes rápidos. Em média, tem sido realizados 386 do primeiro tipo (41%) e 343 do segundo (56%), segundo a prefeitura.
Testando abaixo da capacidade, o Recife tem adotado estratégias para atrair mesmo quem apresenta sintomas leves - no auge da pandemia, apenas casos graves eram testados, justamente pela baixa quantidade de testes disponíveis. Quem relata sintomas no site e aplicativo do Atende Em Casa tem a opção de agendar o teste.
Ainda de acordo com prefeitura da cidade, a possibilidade de fazer o teste está sendo divulgada também nas Estações Itinerantes de Orientações sobre a Covid-19, montadas em oito novas comunidades a cada semana. Além disso, nas unidades de saúde da rede municipal, as pessoas que chegam para atendimento também são informadas da possibilidade de realizar o teste.
A queda dos números na capital e o fato de todo o Estado estar uma fase de estabilidade da pandemia podem ser vistos de forma positiva. Porém, os números gerais do coronavírus em Pernambuco são enormes. Até esta quinta, o Estado soma 108.842 casos confirmados da doença desde o início da pandemia - 86.252 recuperados e 7.084 óbitos.
Com a testagem é possível mapear casos e isolá-los, evitando de maneira assertiva a propagação do coronavírus. Ao diminuir a subnotificação, o tamanho da pandemia fica mais claro. Testar toda a população ainda parece impossível, mas na contramão desses dados, Pernambuco dá sinais de que pode testar muito além do que está testando.
Além dos testes de graça oferecidos pelo governo e prefeitura, ainda há os ofertados nas redes privadas, seja em laboratórios ou farmácias.
Desde meados de abril que laboratórios privados do Recife oferecem a testagem em domicílio ou drive-thru. É possível encontrar o exame no laboratório Real Lab, do Real Hospital Português, no Genomika Einstein, especializado em testes genéticos e imunológicos, no laboratório Marcelo Magalhães, no Cerpe e no laboratório Gilson Cidrim. Os testes custam mais de R$ 300.
Também desde o mês de abril, é possível encontrar testes rápidos da covid-19 nas farmácias, custando cerca de R$ 390.