Apesar da alta de 28,9% no número de homicídios em julho, Pernambuco teve queda nos casos de feminicídios - quando a mulher é morta pela condição de gênero. Pelo menos é o que apontam os números oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS). A queda desse tipo de crime foi de 50%. Em julho de 2020 houve três casos, contra seis no mesmo mês do ano passado. A pandemia, pelo menos no Estado, não estaria estimulando a violência contra a mulher, como aconteceu em muitas cidades do País no início do isolamento social.
Os dados oficiais indicam que os estupros também tiveram redução significativa: diminuição de 40,18%, passando de 219 queixas em julho do ano passado para 131 no mês passado. As denúncias de violência doméstica também mantiveram a tendência de queda, mas de forma menos acentuada. A redução de 3,65% representa 118 queixas a menos, na confrontação dos dois meses de julhos (3.231, em 2019, caindo para 3.113, em 2020).
A SDS reconhece a subnotificação dos casos, mas credita a redução à manutenção durante a pandemia dos serviços que compõem a rede de proteção à mulher. “Estamos trabalhando de forma redobrada na pandemia e a rede de proteção à mulher está em alerta. Fizemos campanhas de incentivo às denúncias, intensificamos o acompanhamento das vítimas, das solicitações de medidas protetivas e demos celeridade às investigações”, afirmou a gestora do Departamento de Polícia da Mulher (DPMUL), delegada Julieta Japiassu.
E, mesmo assim, a instituição de segurança pública reconhece que não há o que comemorar. “As forças de segurança tinham em seu planejamento a possibilidade de o isolamento social favorecer a violência contra a mulher. Mas redirecionamos esforços para aumentar a prevenção e a repressão. Mas não podemos comemorar. Sabemos que há ainda subnotificação, especialmente quando falamos de crimes cometidos por pessoas muito próximas, muitas vezes dentro dos lares, e é preciso denunciar, ter amigos, parentes e vizinhos vigilantes contra os agressores”, diz a delegada.
VIOLÊNCIA NACIONAL
Em boa parte do País, tanto os casos de feminicídio como os registros de violência contra a mulher têm aumentado durante a pandemia. Os casos de feminicídio cresceram 22,2% em pelo menos 12 Estados e somente em três houve queda. Os dados, entretanto, são de um relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), realizado entre março e abril deste ano, a pedido do Banco Mundial. Foram divulgados nacionalmente no início de junho e tinham como referência as informações coletadas nos órgãos de segurança dos Estados brasileiros.
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Nos meses de março e abril, o número de feminicídios subiu de 117 para 143. Segundo o relatório, o Estado onde se observou o agravamento mais crítico foi o Acre, onde o aumento foi de 300%. Na região, o total de casos passou de um para quatro ao longo do bimestre. Também tiveram destaque negativo o Maranhão, com variação de 6 para 16 vítimas (166,7%), e Mato Grosso, que iniciou o bimestre com seis vítimas e o encerrou com 15 (150%). Os números caíram em apenas três Estados: Espírito Santo (-50%), Rio de Janeiro (-55,6%) e Minas Gerais (-22,7%). Pernambuco não teve destaque no relatório.