O domingo de praia em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, teve um cenário mais próximo do que estaremos acostumados com a convivência com a covid-19. Areia cheia, muitos banhistas e comerciantes seguindo as recomendações sanitárias. O ponto negativo ficou por conta do uso da máscara, desrespeitado por muitos banhistas.
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Na altura do Hotel Internacional o distanciamento entre as barracas foi parcialmente respeitado. O comércio de praia, que estava proibido, foi liberado no último dia 31, e esse é o primeiro fim de semana com os barraqueiros desde março.
Um dos que curtiam a praia foi o empresário Genário Cardoso. Ele ressaltou a importância de manter os cuidados sanitários. "Trabalho tem que ser consciente, tem que ser mantendo a distância e a higiene. As pessoas também precisam ser conscientes usando máscaras e mantendo o distanciamento um do outro", observou. "Cheguei agora e percebi que o pessoal está de máscara e mantendo a distância".
Sobre o retorno dos barraqueiros, Genário enfatizou a importância de os trabalhadores manterem o sustento tirado da praia. "Toda classe é importante , eles precisam ter um sustento e essa pandemia tirou muita gente do ramo por estar fechado. Mas o pessoal precisa ter consciência que não é por que as coisas estão voltando que o vírus tenha acabado. Temos que continuar usando máscara e álcool em gel", alertou.
O enfermeiro Marcelo Mendes veio de Caruaru, no Agreste, para curtir o feriadão na capital pernambucana. Foi para praia com dois amigos. "O distanciamento foi cumprido pelas pessoas, mas o uso de máscara nem tanto. As pessoas acham que por estarem na praia estão livres de serem contaminadas, o que não é verdade. Usei a máscara o tempo todo", relatou Marcelo.
Expectativa
Voltando ao trabalho depois de quase seis meses, a vendedora de cachorro-quente Maria José Souza, que trabalha na praia há mais de duas décadas, estava mais esperançosa com a movimentação. "Estou achando o movimento bonzinho, Graças a Deus. Pensei que seria pior mas está melhorando. Hoje é meu primeiro dia e os produtos estão saindo", comemorou. A volta ao trabalho tomou conta até das noites de dona Maria. "Eu estava sonhando que estava na praia. Isso aqui é meu ganha pão há mais de 20 anos",
"Em dia bom eu já teria vendido uns 40 hot dogs, em um dia de feriadão. Mas hoje vendi na faixa de 25. Espero que daqui pra mais tarde melhore um pouco", concluiu. "Esperar que melhore amanhã no feriado e nos próximos finais de semana. A esperança é a última que morre".
A família do artesão Davison Ricardo Valdevive estava na maior expectativa para curtir o mar de Boa Viagem. Desde que começou a quarentena ele, a esposa e as duas filhas não foram mais à praia, costume que tinham todos os fins de semana quando não havia a pandemia.
"Refleti muito antes de vir. Mas pensei nas meninas, que estavam precisando de um lazer. Viemos mas vamos tomar todos os cuidados", assegurou Davison. "Cecília, a mais velha, que tem 4 anos, pede todos os dias para ir à praia", comentou a esposa de Davison, Daniele Nascimento.
Conhecido por levar milhares de banhistas às praias, fazendo uma abertura antecipada do verão em Pernambuco, o feriadão de 7 de setembro não fez diferente este ano, mesmo em tempos de pandemia. Em Porto de Galinhas, Ipojuca, no Grande Recife, a movimentação foi intensa neste domingo (6), o primeiro desde a volta do comércio na faixa de areia. Muitas pessoas, no entanto, não atentaram-se à importância de usar máscara e manter o distanciamento social para diminuir o contágio pelo coronavírus.
O descumprimento das regras por parte dos frequentadores da famosa praia pernambucana chamou a atenção da pesquisadora Aglaé Galvão, 51 anos, moradora do Recife, que foi passar o feriado em Porto de Galinhas ao lado da filha e da irmã. "Vimos aglomeração em bares no Centro e agora na praia. O distanciamento é praticamente nenhum e muita gente não está usando máscara. É uma pena. O pessoal está brincando com a realidade, nada acabou ainda, pelo contrário", disse.
De férias em Ipojuca, acompanhado da esposa, o eletricista Marcos Carvalho, 57, de São Paulo, fez observação semelhante. "Não há distanciamento na praia. Além disso, as pessoas, infelizmente, dizem que não vão usar máscaras porque marca o rosto e coisa assim. Quanto à infraestrutura da cidade, o pessoal que nos atendeu foi perfeito, fazendo uso de máscaras, luvas, álcool em gel, sem problema algum", relatou.
Barraqueiros de volta à praia
Para os comerciantes da faixa de areia, o feriadão de praia lotada foi um alento depois da pausa de aproximadamente cinco meses nas atividades. Eles relatam que estão se esforçando para cumprir o protocolo, com uso de máscaras, higienização reforçada e disponibilização de álcool em gel, mas ainda encontram um pouco de dificuldade de compreensão de alguns clientes com relação a medidas como o distanciamento.
"O movimento está muito bom e, nesta segunda-feira, deve ser bem mais agitado. Estamos respeitando os protocolos, porém, alguns turistas não entendem que só podemos colocar quatro cadeiras em um guarda-sol. A gente diz que não pode, às vezes insistem e acabamos perdendo o cliente. Mas é o primeiro fim de semana, aos poucos tudo vai se ajeitando", disse a vendedora Mileyde Santana, 30, que administra com a mãe uma barraca existente há mais de 20 anos.
A restrição não foi problema para a família da vendedora Adriana Santos, 46, que elogiou o atendimento. "As mesas estão distantes e não vi aquela aglomeração embaixo dos guarda-sóis. Deram álcool em gel para higienizar as mãos e só estamos tirando as máscaras para comer e tomar banho de mar", afirmou.
Para fiscalizar o cumprimento do protocolo setorial pelos comerciantes, a Prefeitura de Ipojuca informou que há ações em bares, restaurantes e no comércio das praias da cidade. Além disso, segundo o município, agentes de endemias realizam ações educativas sobre a importância de cumprir os protocolos sanitários e as medidas de prevenção ao coronavírus.
Trânsito na chegada a Porto de Galinhas
Quem optou por visitar Porto de Galinhas neste domingo (6) enfrentou trânsito lento a partir do distrito de Nossa Senhora do Ó, em Ipojuca, na saída do pedágio da Rota do Atlântico. A concessionária que administra a rodovia que dá acesso ao Litoral Sul estima que cerca de 75 mil veículos devem trafegar pela área neste feriadão.