Dor, revolta, emoção e aplausos: a despedida da pernambucana Patrícia Roberta, em Caruaru
O sepultamento da jovem aconteceu no início da noite desta quinta-feira (29)
com informações da TV Jornal Interior
A morte da vendedora Patrícia Roberta Gomes da Silva, 22, deixou a cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, e também a Paraíba de luto. Patrícia foi encontrada morta enrolada em sacos plásticos na última terça-feira (27) em João Pessoa. A despedida aconteceu no início da noite desta quinta-feira (29) no cemitério de Caruaru. Perplexos e revoltados com a forma brutal como a pernambucana foi assassinada, amigos, familiares e até desconhecidos foram prestar as últimas homenagens.
O corpo de Patrícia foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) de João Pessoa no início da tarde, chegou em Caruaru por volta das 16h30, e o carro funerário seguiu para a casa dos avós de Patrícia.
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Por causa do avançado estado de decomposição, o caixão permaneceu lacrado e o velório foi feito de forma rápida. À espera da sobrinha, Verônica Cursino, tia de Patrícia, lembrou a personalidade da jovem.
"O cemitério está lotado de gente. Minha sobrinha era muito querida, amorosa. Isso [o assassinato] foi muita maldade. Ela foi na confiança [para João Pessoa]. Se ela fosse uma pessoa má, ela tinha percebido a maldade, mas ela confiou. Como ela era uma amiga muito verdadeira, pensou que todo mundo era (...) ela tinha muitos sonhos, era inteligente. Não tenho nem palavras", comentou.
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Um dos moradores do bairro onde Patrícia residia afirmou que, apesar de não conhecer a jovem, se compadeceu com a dor da família. "Eu estou comovido nesse momento. Tenho um filho de 18 anos e eu imagino a dor. Minha mãe chorou quando viu o relato do pai. Infelizmente, só Deus. Tem que ter justiça", disse.
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O corpo chegou na rua da casa dos avós de Patrícia por volta das 16h50 sob aplausos. Durante a breve cerimônia fúnebre, houve muito grito, choro e desespero. Em cima do caixão, que permaneceu dentro do carro funerário, uma foto de Patrícia estampava a alegria da jovem. Algumas pessoas presentes precisaram ser amparados no momento da cerimônia.
Houve muitos aplausos também no momento em que o corpo chegou ao Cemitério Dom Bosco. O sepultamento foi restrito aos familiares e amigos íntimos. Na chegada, o pai de Patrícia, Paulo Roberto, estava bastante abalado. "É se apegar com Deus. Não sei o que vou fazer daqui para frente", desabafou.
'Era uma pessoa amorosa e prestativa'
A vida de Patrícia Roberta Gomes da Silva, de 22 anos, foi interrompida cedo demais. Definida como amorosa, dedicada e prestativa, ela não teve a chance de perseguir seus sonhos por causa de uma brutalidade. Ao sair de casa, no município de Caruaru, Agreste de Pernambuco, na última sexta-feira (23), para encontrar um amigo em João Pessoa, na Paraíba, ela esperava retornar na segunda-feira (26). Mas isso não aconteceu. A pernambucana fez o último contato com os familiares na tarde do domingo (25), e foi encontrada morta dentro de um saco plástico em uma mata, nesta terça-feira (27).
A jovem terminou os estudos há alguns anos e passou a trabalhar como vendedora em uma rede de cursos técnicos de Caruaru. No futuro, ela desejava realizar o sonho de ser mãe e e abrir um negócio no ramo da estética, conta a prima de Patrícia, Karen Vivian Melo.
"Ela dizia que queria ser mãe, mas não agora porque era muito cedo, e sempre gostou de trabalhar com design de sobrancelhas, de ajeitar cabelo, fazer maquiagem e unhas. Patrícia sempre se interessou muito pela área da beleza, e tinha a intenção de abrir alguma coisa nesse ramo", relata Vivian.
Vivian afirma que Patrícia sempre foi muito presente na vida dos amigos e familiares. "Ela era muito próxima da família, amorosa, uma neta dedicada. Quando a gente se reunia, ela sempre ajudava. Fomos sempre uma família bastante unida. Em almoços, aniversários, ela sempre se prestava a ajeitar a mesa, decorar. Era muito prestativa", diz bastante emocionada.
Patrícia morou em Caruaru por toda a vida. Na escola, a jovem conheceu um garoto que agora é o principal suspeito de assassiná-la. Eles mantinham uma amizade há aproximadamente dez anos. O jovem, um tatuador de 23 anos, se mudou para João Pessoa, na Paraíba, mas eles continuavam mantendo contato pelas redes sociais. À família, a pernambucana não dava detalhes da relação.
"O que a gente [família] sabia sobre ele era muito pouco. A gente só sabia que ela estudou um tempo com ele, que tinham contato, mas não tão íntimo. De uns tempos para cá, ela casou, separou, e voltaram a manter o contato de forma mais presente. Eles trocavam mensagens, ligações, e até aí tudo bem. Mas, de uma hora para outra, ela inventou essa viagem. 'Olhe, mainha, eu vou viajar, vou andar, eu me separei agora há pouco e estou precisando espairecer. Eu vou, é meu amigo'. Aparentemente, ele se mostrava uma pessoa boa e interessada", conta a prima.
A jovem seguiu para João Pessoa na sexta-feira (22) e trocou mensagens com a mãe. Em uma dessas conversas, Patrícia disse que "só queria ir para casa", porque estaria trancada dentro do apartamento do suspeito, onde estava hospedada.