"Eu fico esperando o 'eu te amo' dela", diz mãe de pernambucana assassinada em João Pessoa
Patrícia Roberta Gomes da Silva, 22, foi encontrada morta no dia 27 de abril
com informações da TV Jornal Caruaru
O Dia das Mães deste ano será diferente para muitas famílias. A data, que deveria ser de alegria e repleta de amor, remete lembranças que nunca se apagarão. Muitas mães não receberão o abraço apertado dos filhos ou sequer ouvirão um "eu te amo", mesmo que de longe, como é a realidade diante da pandemia. Vera Lúcia, mãe da pernambucana Patrícia Roberta Gomes da Silva, 22, que foi encontrada morta em João Pessoa, na Paraíba, enrolada em sacos plásticos, viverá esse aflição. "O coração está quebrado", afirma.
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Mãe, Vera Lúcia foi até João Pessoa para procurar a filha, que deixou de responder às mensagens dela no dia 25 de abril, dois dias após viajar ao estado vizinho para passar um final de semana com um amigo - suspeito assassinar a jovem. A mãe afirma que, dias após enterrar sua filha, ainda não acredita que o crime bárbaro aconteceu.
"Não caiu a ficha ainda. Ela chegava em casa e dizia: cheguei, mainha, te amo'. E eu fico esperando esse eu te amo dela e ela dizer: 'cheguei em casa'. Eu não estou acreditando ainda. Ninguém acredita, porque como é que uma jovem sai para viajar com tanto amor e chega no estado que ela chegou? Eu estou sem chão. Não estou conseguindo fazer nada dentro de casa. Só Jesus sabe como eu estou", desabafa, emocionada.
Patrícia e a mãe conversaram até por volta do meio-dia do dia 25 de abril, quando a vendedora relatou que estava sozinha na casa de suspeito. No último contato, a jovem relatou que Jonathan Henrique dos Santos tinha comprado as passagens para os dois retornarem a Caruaru. Em resposta, Vera Lúcia disse que a filha não deveria aceitá-lo em sua casa. "Só por causa da covardia que ele fez com você", disse. Patrícia ficou trancada e sozinha no apartamento do suspeito por horas.
Ao pensar no que a filha pode ter passado em seus últimos momentos de vida, Vera Lúcia diz que imagina muito sofrimento.
"Pelo o que a perita falou, que não encontrou comida no estômago dela, eu acho que desde o sábado (24 de abril) pela manhã ou noite, que ela não comia. Eu creio que ele a deixou trancada no apartamento, sem água e sem comida. Quando a gente entrou (no apartamento) não vimos vestígios de nada disso", comenta.
Para esse Dia das Mães, Vera Lúcia afirma que só queria dizer que ama a filha, e que os pais devem sempre se aproximar dos seus filhos.
"Eu a amo. Eu nunca vou deixar de amar. Mães, pais, aproveitem seus filhos, deixem o que tiver que fazer e abracem seus filhos, digam que ama, porque a gente não sabe o dia de amanhã e se vocês vão poder dizer isso. No dia da viagem (de Patrícia) me deu um toque como que dizia: 'vá abraçar sua filha'. E eu fui. Eu fecho os olhos e sinto o abraço dela bem apertado", revela.
Em relação ao futuro, a mãe de Patrícia diz não saber o que esperar.
"Só Deus sabe dos planos. A gente não sabe de nada. Minha família não quer me deixar só. Quando eu estou só, no momento em que meu marido sai, sempre ficam ligando para mim. Está difícil, eu não consigo comer, dormir, e é aquela expectativa dela chegar. Como se ela fosse ligar para mim, não sei nem explicar direito".