No mês do São João, sanfoneiro recebe vacina contra covid-19 enquanto toca música de Luiz Gonzaga em Caruaru; veja vídeo
Este é o segundo ano consecutivo que a festa não é realizada na Capital do Forró, por causa da pandemia da covid-19
O São João de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, é considerado uma das maiores festas populares do Brasil. Porém, por causa da pandemia da covid-19, doença que já matou mais de 500 mil pessoas no País, o evento foi cancelado pelo segundo ano consecutivo em 2021. Dentro de todo esse contexto, uma cena emocionante aconteceu na Capital do Agreste: um sanfoneiro escolheu ser imunizado contra a covid-19 enquanto tocava o instrumento símbolo da festa.
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A aplicação da vacina contra o novo coronavírus foi no Espaço Cultural Tancredo Neves, o principal ponto de vacinação da cidade, que fica justamente na área do Parque de Eventos Luiz Lua Gonzaga, também principal polo de festa do chamado "Maior e Melhor São João do Mundo". Em dias de atrações de alcance nacional, o espaço chega a receber mais de 100 mil pessoas, cenário impossível na realidade atual, no qual as aglomerações viram foco de transmissão.
A música escolhida pelo sanfoneiro Ricardo Ferreira para o momento mais do que especial, na última quinta (17), foi "Asa Branca", do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que não por acaso, batiza o Pátio do Forró. "Para mim é um motivo de muita alegria, poder tomar essa primeira dose da vacina, e quero pedir a você que acompanhe o calendário da vacinação, quando chegar sua vez, venha se vacinar, porque só assim podemos voltar à normalidade dos nossos trabalhos", comemorou o músico, emocionado.
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Mesmo sem festa, a Prefeitura de Caruaru decidiu decorar alguns pontos do Centro da cidade, incluindo o Espaço Cultural, com bandeirinhas, balões e outros símbolos do período junino, para acalentar o coração de quem está com saudades da festa, como o próprio Ricardo.
"Essa hora nós estávamos 'pegado', 'agarrado', dia e noite fazendo o que a gente gosta de fazer, que é levar a alegria para o povo, ver o povo dançando no salão, dançando quadrilha, comendo canjica, pamonha, milho verde... Mas eu tenho certeza, tenho esperança que isso vai passar. O sanfoneiro, quando está sem a sanfona, fica muito triste", comentou.
Em Caruaru, já são mais de 130 mil doses de vacina contra a covid-19 aplicadas. Até a terça-feira (22),o novo coronavírus contaminou 29.154 moradores do município, dos quais 655 morreram.
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São João de Caruaru
Anualmente, cerca de 3 milhões de pessoas passam por Caruaru no período junino. Na cidade, aproximadamente R$ 200 milhões são movimentados nesta época do ano. A última edição do São João, em 2019, teve 815 apresentações artísticas em 24 polos de animação, com mais de 500 artistas locais contratados.
Grupos como o 27º Batalhão de Bacamarteiros, que deixam visitantes admirados com suas apresentações. Por causa da idade avançada dos integrantes, a maioria já se vacinou, mas a saudade de desfilar, tocar e atirar no meio dos forrozeiros permanece. O bacamarteiro José Ferreira, 76, já está na expectativa para o ano que vem: "Eu quero ter mais saúde do que o que estou ainda", comentou.
Já a dançarina Mirele Barbosa, que faz parte de uma quadrilha junina há seis anos, ainda é jovem para se imunizar, de acordo com o público atual em Caruaru (acima dos 49 anos para o público geral, sem comorbidades e que não faça parte de alguma categoria profissional prioritária). Para ela, a contagem regressiva para 2022 também já começou. "É um momento muito triste, a gente precisa ter o São João, é a cultura, é o que a gente gosta mais em Caruaru".
Festa nas ruas
Além da grande animação na área central da cidade e no Alto do Moura, há ainda as tradicionais festas de comidas gigantes, além, é claro, dos eventos promovidos pelas famílias nos bairros. Este ano, entretanto, continua em vigor a portaria nº 011/2020, na qual o Grupo Integrado de Atendimento de Emergências Relacionadas a Desastres Naturais e Correlatos do Município recomenda o não acendimento de fogueiras, seja em espaços públicos ou privados. O documento também orienta que não seja feita a queima de fogos de artifício durante o mês de junho.
Além de reprimir aglomerações, a recomendação tem como objetivo contribuir para a recuperação de pacientes da covid-19 e outras doenças respiratórias, assim como evitar as queimaduras durante o período, as quais podem ampliar a pressão no sistema público de saúde.