Ciente da gravidade da sua doença - um câncer no intestino, descoberto há três anos - o professor, arquiteto e urbanista José Luiz Mota Menezes, 85 anos, que morreu nesta segunda-feira (06), no Recife, organizou e salvou muitos dos seus trabalhos ainda inéditos num HD externo. Antes de ser internado no Hospital Português, local que faleceu, entregou o material à sobrinha Clarisse Fraga, sua produtora, para que ela assumisse a tarefa de divulgá-lo. Entidades e gestores públicos lamentaram a morte do professor, um grande estudioso e um dos principais responsáveis pela preservação do patrimônio da capital pernambucana.
José Luiz passou cerca de três meses hospitalizado. Neste período, também fez um pedido ao seu amigo e historiador George Cabral: que ele se candidatasse à cadeira número 7 da Academia Pernambucana de Letras, assento que ocupava, para que pudesse dar continuidade ao seu trabalho. O arquiteto era divorciado. Tinha duas filhas e três netos. José Luiz foi operado do câncer há cerca de 3 anos, mas nos últimos meses a doença avançou rapidamente para o sistema linfático e atingiu os rins, provocando sua morte.
“Ele me deu a missão de manter a obra dele viva e continuar o seu legado. É minha obrigação cuidar bem desse acervo tão rico e dar visibilidade à obra dele”, destacou, em nota, a sobrinha Clarisse. Ela dirige a empresa Bureau de Cultura, responsável pela produção executiva e difusão da obra do professor. Segundo Clarisse, numa das visitas no período em que esteve internado, José Luiz orientou o historiador George Cabral a se candidatar à APL para dar continuidade ao seu legado.
O corpo do arquiteto foi velado na tarde desta segunda-feira na Academia Pernambucana de Letras, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. No fim da tarde houve o sepultamento no Cemitério Parque das Flores, Zona Oeste da capital.