A morte do professor, arquiteto e urbanista José Luiz Mota Menezes, 85 anos, nesta segunda-feira (06), no Recife, foi lamentada por entidades e gestores públicos. Alagoano radicado na capital pernambucana, cidade em que veio morar aos 9 anos, ele dedicou sua vida a estudar e entender as transformações do Recife. Morreu de problemas nos rins provocados por um câncer no intestino, que avançou para o sistema linfático. O velório ocorreu durante a tarde na Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, e o sepultamento no Parque das Flores, em Tejipió.
"Profundo conhecedor das raízes e evolução do Recife como cidade, o professor José Luiz era membro da Academia Pernambucana de Letras e uma referência nacional em patrimônio e urbanismo. Estamos decretando luto oficial de três dias em sua homenagem e queremos manifestar nossa solidariedade à família e amigos", declarou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. José Luiz presidiu o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP).
Por meio de nota, a Prefeitura do Recife destacou que "O Recife hoje se despede do arquiteto, urbanista e escritor José Luiz Mota Menezes, uma das principais referências do Brasil nos estudos sobre patrimônio e urbanismo. Com mais de 40 livros publicados ao longo da vida, conhecia como ninguém a capital pernambucana e as histórias que suas paisagens nos contam. A Prefeitura do Recife apresenta suas condolências à família, amigos e colegas de academia".
LEGADO
“Recife perde um dos maiores pensadores e conhecedores de sua história. Um grande urbanista, com uma visão moderna e atual da vida numa grande cidade. Acompanhou como poucos da sua geração as mudanças que vivemos, contribuindo muito com a construção de uma política pública para o setor. Foi dirigente da Fundarpe em 1973 e desde lá aprofundou o debate sobre o papel do Estado na preservação os bens materiais e imateriais", declarou Marcelo Canuto, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
"Também foi mestre de inúmeros profissionais da área da arquitetura e do urbanismo. O Estado de Pernambuco será sempre muito grato pelo trabalho do professor. Vai deixar enorme saudade”, complementou Canuto. José Luiz era integrante do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural.
“A história do Recife teve na pessoa de José Luiz Mota Menezes um grande observador e entendedor. Sua contribuição nas discussões sobre a cidade e a evolução da sociedade foram sempre assertivas. Sua passagem pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural trouxe um olhar muito atento ao que já vivemos e o que iremos viver no futuro breve. É um dia muito difícil para quem milita pela cultura”, observou Gilberto Freyre Neto, secretário Estadual de Cultura.
TRAJETÓRIA
A Academia Pernambucana de Letras, da qual José Luiz era membro, expressou pesar e prestou solidariedade à família do professor, que era divorciado e tinha duas filhas e três netos.
"Professor aposentado da UFPE, era um dos maiores conhecedores da evolução urbana do Recife. Pernambuco perde um grande cientista, arquiteto, escritor e urbanista. Nossas condolências aos seus familiares", enfatizou, por meio de nota, a Academia Pernambucana de Ciências.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) ressaltou que o professor José Luiz era "um dos mais reconhecidos pesquisadores da arquitetura e urbanismo de Pernambuco. Atuou na Comissão Especial de Política Urbana do CAU/PE, deixando sua marca em trabalhos realizados em prol do desenvolvimento sustentável das cidades".
A entidade agradeceu pela dedicação dele "ao longo de uma respeitada trajetória profissional, sempre vislumbrando soluções para a preservação do patrimônio cultural pernambucano, defendendo a integração da memória urbana do Recife ao cotidiano de todos e todas". E ressaltou que "o trabalho do professor José Luiz da Mota Menezes ficará na memória e servirá de inspiração para todos que buscam uma cidade em harmonia".
LIVROS
A Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) lembrou que o arquiteto "foi considerado a memória viva da história do Recife, sendo um dos mais importantes estudiosos nas áreas do trimônio histórico e cultural do Recife, urbanismo e arquitetura".
"Pernambuco deve ao professor José Luiz Mota Menezes diversos estudos sobre a sua história, mais especificamente a história urbana do Recife. Os livros que ele publicou quanto ao processo de fundação da cidade e sobre o período holandês estão entre os fundamentais para a compreensão do nosso passado. Como editora dos últimos trabalhos do professor José Luiz Mota Menezes, a Cepe lamenta profundamente o seu falecimento", destacou o presidente da companhia, Ricardo Leitão.
"Presidente por duas vezes do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, deixou como legado uma obra de valor inestimável. Pela Cepe Editora lançou os livros Mobilidade Urbana no Recife e seus arredores; Ruas sobre as águas: as pontes do Recife, além de Recriação do paraíso: judeus e cristãos-novos em Olinda e no Recife nos séculos 16 e 17, todos publicados em 2015", enfatizou a Cepe.
Mês passado, José Luiz lançou seu último livro em vida, “O Recife da Revolução Republicana de 1817”, que traz um rico conteúdo com informações sobre a Revolução de 1817, no momento em que se instituiu a Data Magna Pernambucana, no dia 6 de março, e se comemora o bicentenário deste movimento emancipador.