VIOLÊNCIA

Vídeo mostra momento em que universitário é morto em assalto na Madalena, Zona Oeste do Recife

O estudante de educação física Pedro Henrique foi vítima de um latrocínio em plena luz do dia, por volta das 13h30, na Rua Antônio Lucena

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Vanessa Moura

Publicado em 12/11/2021 às 12:08 | Atualizado em 12/11/2021 às 13:48
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A morte do universitário Pedro Henrique Gonçalves, de 24 anos, durante um assalto na Madalena, Zona Oeste do Recife, trouxe à tona os sentimentos que, há muito tempo, já permeiam a mente dos moradores do bairro: o medo e a insegurança. Pedro Henrique foi vítima de latrocínio em plena luz do dia, por volta das 13h30, na Rua Antônio Lucena.

Na ocasião, o estudante reagiu ao assalto e tentou pegar a arma do suspeito. Ele foi atingido por um tiro logo em seguida e morreu no local do crime, na frente da irmã. Imagens de circuito de segurança mostram o exato momento em que o latrocínio, roubo seguido de morte, aconteceu. 

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Nesta sexta-feira (12), a maioria das casas permaneceram de portões fechados. Nas ruas, também havia pouco movimento. Entre os poucos moradores que circulavam no local, o assunto que predominava era a morte do estudante de educação física. 

O terror com tamanha violência na área é sentido pela aposentada Rosa Lúcia Queiroz, que é moradora da Madalena há 42 anos. Segundo ela, o local está cada vez mais violento.

"Antigamente não tinha essas coisas, não tinha essa agitação. Agora tá mais agitado, os marginais estão muito violentos. Eu já não ficava na rua, e agora que não fico mesmo. Agora eu fico toda trancada dentro de casa", disse. 

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco (PC-PE) informou que em outubro de 2021 houve uma redução de 50% no número de homicídios na Madalena, além de uma retração de 29% em toda a área de segurança, que abrange 21 bairros desta região do Recife. Segundo a corporação, os crimes de roubo também seguem em queda no bairro, com -25% em outubro. 

Já em relação ao policiamento, a polícia alegou que o bairro recebe rondas ostensivas durante 24 horas por equipes do 13° Batalhão da Polícia Militar e unidades especializadas. 

Entenda o caso

Pedro Henrique e a irmã caminhavam pelo bairro onde moravam e seguiam para o mercado quando foram abordados pelos assaltantes. De acordo com a irmã dele, que preferiu não se identificar, o estudante reagiu à investida criminosa e tentou pegar a arma do assaltante. 

"A gente tinha acabado de sair de casa e estávamos na rua ao lado, na calçada. Eu só ouvi a voz de um rapaz do meu lado, quando eu olhei, ele estava com a arma na mão. Aí ele falou: 'passa o celular'. Eu entreguei o meu sem pensar duas vezes, mas meu irmão não quis entregar o dele. Eu até falei: 'moço, pode revistar e levar se você encontrar', porque eu achava que estava em casa carregando, como ele geralmente deixa. Quando eu vi, o meu irmão tentou reagir e pegar a arma do bandido, porque estava bem próxima da gente, só que o bandido deu um passo para trás e atirou", relatou a jovem.

Abalada, a jovem ainda está tentando processar a tragédia. Ela e o irmão, que são do município de Itapetim, no Sertão do Estado, moravam no Recife há apenas dois anos. "A gente ia se formar juntos ano que vem. Eu estava no oitavo período e ele no sexto, mas por conta de transferência de faculdade, eu ia passar um tempinho a mais. E meu aniversário é mês que vem, a gente planejava ir para o interior ver os meus pais", revelou.

Ainda na quinta, a polícia conseguiu rastrear a placa da moto utilizada no assalto. Depois disso, os policiais localizaram os supostos envolvidos no crime. De acordo com informações preliminares da PM, os homens foram levados para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, e prestaram depoimento por volta das 19h30. O major da PM Enésio Farias explicou à TV Jornal como ocorreu a ação da polícia.

"Através de informes e das câmeras de segurança do local, nós verificamos a placa da moto, puxamos o endereço e fomos à casa de um dos meliantes. Também conseguimos pegar o armamento que estava de posse deles no momento do assalto, e seguimos para o DHPP", informou o major.

Além da dupla que teria participado do crime, a polícia conduziu ao DHPP o suposto proprietário da arma, que é vigilante, e o homem que teria furtado a arma e entregado aos suspeitos.

"A arma é de um vigilante e ficava guardada em uma oficina, e um elemento que trabalhava na oficina, sabendo disso, entregou a arma aos dois envolvidos no assalto. Ao retornarem do crime, a dupla deixou a arma e o celular na oficina. A Polícia Civil vai apurar para verificar a situação. A princípio, tudo indica que o vigilante, dono da arma, não tem nada a ver com o crime", contou o PM.

Moto e arma utilizados no latrocínio foram apreendidos, assim como o celular pertencente à irmã da vítima. Um dos suspeitos tem antecedente criminal por roubo.

O caso segue sob investigação.

Pernambuco registrou 91 latrocínios em nove meses

De acordo com a SDS, 91 pessoas foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte) nos nove primeiros meses do ano. A capital pernambucana liderou em número de casos: dez vítimas.

PERFIL DAS VÍTIMAS DE LATROCÍNIO

95 casos entre janeiro e setembro de 2020

91 casos entre janeiro e setembro de 2021

Das 91 vítimas de latrocínio neste ano, 81 eram do sexo masculino. E oito do sexo feminino. 

Municípios com mais casos em 2021:

10 vítimas no Recife

9 em Jaboatão dos Guararapes

8 no Cabo de Santo Agostinho

5 em Ipojuca

4 em Igarassu

Fonte: Secretaria de Defesa Social (SDS)

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