Matéria atualizada às 18h31
A escalada da covid-19 em Pernambuco, em função da variante ômicron, voltou a deixar a rede de saúde do Estado no limite. Embora o governo Paulo Câmara esteja sempre anunciando novos leitos, a fila de espera para as enfermarias é longa e a capacidade dos leitos vai se aproximando do caos. Atualmente 1.642 pacientes com sintomas de covid-19 internados em leitos públicos de UTI e enfermaria. A ocupação total dos leitos é de 83%; subindo para 87% no caso das UTIs e de 79% para as enfermarias.
Como a variante ômicron se manifesta com menos gravidade em pessoas completamente vacinadas, a busca por vagas para enfermaria aumentou. Hoje a fila de espera é de pelo menos 200 pessoas. As filas também viraram uma penosa rotina quando o assunto é testagem. Não só os sistemas públicos e particulares de saúde estão lotados, mas também farmácias, laboratórios e clínicas.
Pelas contas do governo de Pernambuco, desde final de dezembro de 2021 foram abertos 758 leitos para pacientes com quadro respiratório, sendo 314 de UTI. A previsão da gestão Paulo Câmara é que outras 400 vagas, sendo 216 de UTI, entrem em funcionamento nas próximas semanas.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou, neste domingo (30), 2.201 casos da covid-19. De acordo com o boletim epidemiológico, entre os confirmados, 69 (3%) são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 2.132 (97%) são leves. Agora, Pernambuco totaliza 697.295 casos confirmados da doença, sendo 55.995 graves e 641.300 leves, que estão distribuídos por todos os 184 municípios pernambucanos, além do arquipélago de Fernando de Noronha.
Também foram confirmados laboratorialmente oito óbitos (5 femininos e 3 masculinos), ocorridos entre os dias 09/03/2021 e 28/01/2022. As novas mortes são de pessoas residentes do município de Bezerros (1), Caetés (1), Jaboatão dos Guararapes (2), Paulista (1), Pesqueira (1) e Recife (2). Com isso, o Estado totaliza 20.635 mortes pela covid-19.
Para além da criação de novos leitos, representantes de setores de saúde de Pernambuco criticam a permanência de grandes eventos, como jogos de futebol e festas populares, enquanto hospitais como o Barão de Lucena, por exemplo, deixa de oferecer alguns tipos de procedimentos por conta do número de profissionais de saúde afastados em função da covid-19. A regra em vigor permite a realização de festas com até 3 mil pessoas, desde que os participantes apresentem cobertura vacinal completa e teste negativo de covid-19. O questionamento é quem tem fôlego para fiscalizar esses eventos.
Neste sábado (29), dia em Pernambuco registrou recorde de confirmação de casos em 24 horas, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) se manifestou sobre o aumento de casos de covid-19 e pediu ao governo medidas restritivas mais rígidas para conter a doença. No sábado foram registradas 6.581 infecções, o maior número diário de toda a pandemia.
O Cremepe defende que no momento atual não de pode proibir festividades de rua e "permitir que ocorram festas para aqueles que podem pagar entrada". "Soa para nós um contrassenso que, paralelamente a esse grande fluxo de pessoas e adoecimento dos profissionais de saúde, sejam permitidas atividades, festas privadas, que aumentam sabidamente a contaminação e que geram também um aumento muito maior de casos, superlotando as emergências", diz o presidente do Cremepe, Maurício Matos.