violência contra a mulher

Instituto Fogo Cruzado: 121 mulheres são baleadas, em média, por ano no Grande Recife

Em quase quatro anos, foram 487 mulheres vítimas de arma de fogo. Elas são crianças, adolescentes, adultas e idosas

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Ana Maria Miranda

Publicado em 08/03/2022 às 11:12 | Atualizado em 08/03/2022 às 11:13
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Dados do Instituto Fogo Cruzado apontam que 121 mulheres são baleadas, em média, por ano na Região Metropolitana do Recife (RMR). Em quase quatro anos, 487 mulheres foram vítimas de arma de fogo. Entre elas, 240 morreram e 247 ficaram feridas. Neste Dia da Mulher, o instituto alerta que as recentes medidas de ampliação do acesso às armas e munições e a fiscalização insuficiente de irregularidades faz com que as mulheres sejam vítimas de ameaças e assassinatos.

Para a coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco, Edna Jatobá, apesar de os homens serem os maiores alvos de tiros, as mulheres são vítimas diretas e indiretas da violência armada: seja de feminicídios, homicídios múltiplos ou balas perdidas. "Quando não são alvos diretos dos tiros, como nos casos de feminicídio, ou de crimes de patrimônio, as mulheres se tornam vítimas muitas vezes por estarem acompanhadas dos alvos diretos, como companheiros, filhos, conhecidos", destaca.

De acordo com números do Instituto Sou da Paz, a maior parte dos feminicídios no Brasil são praticados com o uso de armas de fogo. Foi o caso de Maria Mirelly do Nascimento, 27 anos, que estava grávida de seis meses e foi assassinada a tiros em maio do ano passado, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife. O suspeito do crime é o companheiro da vítima, de 20 anos.

O que mais preocupa é que não se trata de uma exceção: 48 mulheres foram baleadas em casos de feminicídio ou tentativas de feminicídio no Grande Recife. Destas, 37 morreram e 11 ficaram feridas. O fato de estar em casa também não impede que elas sejam vítimas. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, 126 mulheres foram baleadas dentro de casa na RMR nos últimos quatro anos: 71 morreram e 55 ficaram feridas.

Infelizmente, a violência armada atingiu mulheres de todas as idades. No mesmo período, dezessete meninas (menos de 12 anos) foram baleadas: quatro morreram e 13 ficaram feridas. Uma das vítimas fatais foi Lorena Letícia dos Santos, 2 anos, assassinada a tiros em 7 de julho de 2021, quando estava no colo do padrasto, no terminal de ônibus da Cidade Universitária, no Recife.

Quarenta e uma adolescentes (12 a 17 anos) foram baleadas no período, das quais 18 morreram e 23 ficaram feridas. Uma das vítimas foi Amanda Rayana Oliveira dos Santos, de 17 anos, que estava na frente de casa na Ilha de Deus, Zona Sul do Recife, quando ocorreu um tiroteio, no dia 5 de setembro do ano passado.

Entre mulheres idosas (mais de 60 anos), foram 14 baleadas: quatro morreram e 10 ficaram feridas. Entre vítimas está Marinalva de Lira, 68 anos, morta a tiros dentro de casa enquanto tentava proteger o filho, de 34 anos, que era o alvo dos disparos.

Fogo Cruzado

O Instituto Fogo Cruzado utiliza tecnologia com uma metodologia própria e inovadora para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, com o objetivo de promover transformação social e preservação da vida. O laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e, em breve, mais cidades brasileiras. Em um aplicativo de celular, que pode ser acessado gratuitamente, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real.

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