TEMPORAL

CHUVA EM PERNAMBUCO: Rede de solidariedade que ameniza sofrimento das famílias atingidas pelo temporal

Entidades, empresas, igrejas e pessoas comuns se juntam numa grande rede para ajudar quem foi afetado pelas chuvas em Pernambuco. Já são mais de 6 mil desabrigados e 91 mortos

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Margarida Azevedo

Publicado em 31/05/2022 às 7:00 | Atualizado em 31/05/2022 às 16:16
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Lidiane cedeu a cozinha da lanchonete e mobilizou amigos e familiares. Valéria doou alimentos. Pâmela, Paula e Greice prepararam a comida. Jean levou as marmitas de moto até um dos locais de doação. Jeckson comeu uma das quentinhas. E assim, num trabalho coletivo, voluntário e de muita cooperação, o sofrimento de centenas de famílias afetadas pelo temporal em Pernambuco está sendo amenizado. Também ajuda moradores e equipes de órgãos públicos que trabalham incansavelmente no resgate de vítimas das enchentes.

Muitos nem se conheciam. Se juntaram diante dos estragos que viram na rua vizinha ou por relatos de um amigo, pelas redes sociais e na imprensa. Desde sábado, dia em que o Recife e Região Metropolitana mais sofreu com a chuva, não pararam. Fizeram cota, foram ao supermercado comprar mantimentos, convocaram outras pessoas para se unirem na rede de solidariedade. Já distribuíram mais de mil quentinhas e 500 cestas básicas, além de roupas, água e produtos de higiene e limpeza.

Foram até comunidades que estão próximas de onde vivem, na Zona Sul do Recife, e em Jaboatão dos Guararapes: Buracão, Betel, Muribeca, Marcos Freire, Jardim Monte Verde (onde 20 pessoas morreram soterradas), Ibura. No Estado, segundo o governo, são mais de 6 mil desabrigados e 91 mortos.

MOBILIZAÇÃO

"No sábado, depois de ver tanta destruição, decidi ajudar. Formei um grupo no Whatsapp com cinco amigas. Cozinhamos cuscuz e sopa e levamos para o Ibura. Em pouco tempo não imaginava a mobilização de tanta gente. Começamos cozinhando na minha casa, mas depois abri a cozinha da lanchonete pois o volume aumentou muito", conta Lidiane Ferreira, 33 anos, moradora da UR-5. O grupo ontem estava com 252 participantes.

Sua pastelaria deveria ter funcionado no sábado e domingo, dias em que há um bom movimento. Mas não havia como parar a produção de marmitas. Em todo os cantos, havia doações espalhadas, gente trabalhando, comida sendo preparada e organizada para distribuição.

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COZINHA Para preparar as marmitas, os voluntários percorream comunidades vizinhas em busca de doações - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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O vigilante Jean Silva contribuiu fazendo a entrega das quentinhas - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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A cozinheira Paula Reis decidiu ajudar e colocou a mão na massa - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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SERVIDO Jeckson Santos ganhou mais força com o cuscuz com salsicha - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Pâmela Emilayne ajudou a preparar os alimentos - DAY SANTOS/JC IMAGEM

"Estou cheia de contas para pagar. Mas não tem dinheiro que pague ajudar tanta gente. Tirei alimentos da minha casa e da lanchonete. O caos em alguns lugares de Recife está muito grande. A recompensa é ver o sorriso de quem está precisando. Deus vai me recompensar", ressalta Lidiane.

CONFORTO

A auxiliar de serviços gerais Valéria Conceição, 32, mora perto da lanchonete. Soube da mobilização e levou uma sacola com arroz, feijão, fubá, biscoito e macarrão. A depiladora Pâmela Emilayne, 27, fez o mesmo que Lidiane. Juntou amigos e familiares e igualmente produziu marmitas que foram entregues a moradores devastados pelo temporal. Nesta segunda-feira ela se juntou aos voluntários da UR-5.

"Só dá para ter noção da destruição vendo de perto. Muitas pessoas perderam tudo. É uma forma de aliviar esse sofrimento", diz Lidiane. "Não posso ajudar financeiramente. Mas posso contribuir com meu suor, meu trabalho. Nessa comida que estou fazendo tem amor, carinho e compaixão", garante a cozinheira Greice Gomes, 39.

Atuando como voluntário nas buscas por desaparecidos na comunidade de Buracão, na Vila dos Milagres, no Ibura, Jeckson Santos, 39, comeu cuscuz com salsicha. O almoço foi entregue pelo vigilante Jean Silva, 27, que aproveitou o dia de folga no trabalho para ajudar a ação pensada por Lidiane. "Estamos trabalhando muito no meio da lama, com sol e chuva. Essa comida é muito importante, nos fortalece", garante Jeckson.

Quem quiser ajudar pode doar alimentos não perecíveis, água mineral, produtos de higiene pessoal e embalagens descartáveis (para colocar as refeições). Basta levar para a Avenida Expedicionário Francisco Vitoriano, 31, na UR-5, Ibura. Contribuições em dinheiro para o pix 81-987221735 (em nome de Pamela Emilayne). 

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