RELIGIÃO

Padre Reginaldo Veloso é homenageado no Morro da Conceição, no Recife, onde atuou em defesa da população

Foi fixada no muro da Comunidade Eclesial de Base uma placa feita pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP)

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 01/07/2022 às 13:10 | Atualizado em 01/07/2022 às 14:29
MOVIMENTO Religioso fazia questão de estar próximo ao povo. E distante da ala conservadora da igreja - ALUISIO ARRUDA/ACERVO JC IMAGEM

A Comunidade Eclesial de Base da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, localizado na Zona Norte do Recife, recebeu uma homenagem ao padre Reginaldo Veloso - que morreu no último 19 de junho por complicações de um câncer na bexiga. Foi fixada no muro da casa uma placa feita pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) que lembra os feitos do religioso, escrita pelo comunicador Geraldo Freire, da Rádio Jornal.

"Aqui, Padre Reginaldo Veloso dedicou seus melhores dias a esta Comunidade do Morro de Conceição. José Reginaldo Veloso de Araújo (São José da Lage/AL, 3.8.1937 - Recife/PE, 19.5.2022). Em 1951, veio estudar no Seminário, em Recife. Em 1958, iniciou seus estudos na Pontifícia Universitas Gregoriana. Ordenou-se em Rota, em 23,12.1961. Voltou ao Brasil em 1966, para ensinar no Seminário Cristo Rei".

"Em 1968, assumiu a Paróquia de Santa Maria da Mãe de Deus, na Macaxeira. A partir de 1978, passa a atuar como líder religioso no Morro da Conceição, onde fez história, na luta por esta comunidade, defendendo seus direitos básicos e buscando empoderamento popular, Em 1994, casou-se com Ediliuza Honório Pereira Veloso. Foi um humanista que dedicou sua vida às causas sociais e ao trabalho pelos mais necessitados.* (Comunicador Geraldo Freire)", diz a homenagem.

Placa relembra feitos de Veloso pela paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro - JOSÉ MARTINS/SJCC

Veloso conduziu a paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro por 12 anos, entre 1978 e 1989. Lá, desenvolveu um trabalho comunitário, voltado para construção de uma Igreja democrática e  participativa, encorajando o povo a buscar pelos seus direitos.

Em 1973, o padre fez parte da elaboração da carta "Eu ouvi os clamores do meu povo", que pedia o fim da opressão aos mais pobres, e exigia acesso universal à água e habitação. Reginaldo Veloso fez ainda parte do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), e se destacou nos movimentos de oposição à ditadura militar, período no qual foi processado pela Lei de Segurança Nacional.

Expulsão da igreja

O sacerdote foi expulso da Igreja Católica no final de 89, pelo então arcebispo dom José Cardoso Sobrinho. Apesar disto, ele continuava acompanhando pequenas comunidades no entorno do Morro da Conceição, prestando assessoria a movimentos, a dioceses e a congregações religiosas.

Em entrevista ao comunicador Geraldo Freire, da Rádio Jornal, no ano passado, Reginaldo Veloso comentou a chamada "Teologia da Libertação".

"Eu não sei se a gente deveria falar de politização de movimentos ou da Igreja. Eu diria que a fé cristã tem uma dimensão política, no sentido de que quem é cristão é uma pessoa que está no mundo com o compromisso com Jesus Cristo. Que nos ensinou a pedir a papai do céu todo dia que o reino dele venha, que seja feita a vontade dele na Terra como no céu, que haja pão pra todo mundo, que haja perdão e compreensão entre as pessoas se não não se vai a lugar nenhum e que a gente supere a tentação maior do egoísmo, cuidar de si pois é cada um por si e o diabo por todos e não Deus", disse.

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