A Agência Recife para Inovação e Estratégia (Aries) anunciou os vencedores do concurso Travessias Capibaribe, responsáveis pela criação de duas passarelas na Zona Norte do Recife. Os novos equipamentos - que trarão o conceito de “cidade anfíbia”, em alusão aos característicos mangues da capital - vão ligar os bairros da Torre, Graças e Santana para pedestres e ciclistas.
A disputa foi lançada no início de julho em conjunto com a Prefeitura do Recife e o Núcleo de Gestão do Porto Digital, com o intuito de escolher o melhor projeto. As futuras passarelas irão da Praça Antônio Maria (Santana) até a Rua Marcos André (Torre), e da Rua Marcos André (Torre) à Rua Malaquias, nas Graças. Também estão previstos serviços de urbanização em suas margens.
Ao todo, foram recebidas 49 inscrições de 10 estados brasileiros e do Distrito Federal, com 32 propostas que passaram por avaliação da comissão avaliadora, formada por representantes do
Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB),
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA),
Prefeitura da Cidade do Recife,
Projeto do Parque Capibaribe e
Aries.
O trabalho escolhido foi inspirado na obra de
Josué de Castro e na
Manguetown de Chico Science e Nação Zumbi, e assinados pelos arquitetos Lea Barros, Catarina Lacerda, Beatriz Dantas, Lígia Rocha, Marcia Grosbaum e Otávio Japiassú, e pelos engenheiros Henrique Campelo e Claudio Kiyoshi Ikeda. A ideia foi projetar equipamentos com percursos estreitos e descontínuos que se misturassem aos elementos naturais que estão ao redor.
“Quisemos que as travessias não se sobressaíssem à paisagem, que fossem um elemento discreto. Então, nos apegamos à estrutura visual do mangue, que tem diversas raízes, por ser uma vegetação simbólica na cidade, e ao conceito de biofilia, que diz que o contato com a natureza traz benefícios para os seres humanos”, explicou a arquiteta Catarina Lacerda.
Segundo a Aries, será entregue até março de 2023 o projeto executivo dos equipamentos, sem nenhum custo aos cofres públicos, enquanto as obras serão tocadas e custeadas pela Prefeitura do Recife. Até lá, as plantas podem sofrer intervenções, mas o layout feito pelo grupo será mantido.
O
Travessias Capibaribe faz parte do CITinova, iniciativa da
Organização das Nações Unidas (ONU) que aporta recursos para projetos sustentáveis ao redor do mundo, com o objetivo de reduzir a emissão de
gás carbônico. “Construir
passarelas para pedestres e transporte ativo - bike, skate e patins, por exemplo - é estimular o uso desse tipo de modal”, pontuou o presidente da Aries, Marcos Baptista.
O co-presidente do IAB.PE e um dos coordenadores do concurso, Bruno Firmino, ressaltou que a cidade ganha ao projetar equipamentos via concursos, já que são escolhidos pela qualidade, não pelo valor. “Os concursos são a forma mais eficiente de contratação para obras públicas. Teremos uma obra com a possibilidade de utilizar menos aditivos, porque a contratação já é feita a partir do projeto executivo.”
“Tem uma boa quantidade de concursos, mas muitos são só de ideias. Ter a oportunidade de participar de uma obra que vai ser executada é muito gratificante, ainda mais na cidade. Todos os primeiros colocados eram recifenses, isso demonstra que nos apropriamos do espaço”, afirmou Catarina.
Como premiação, o terceiro colocado no concurso receberá R$ 20 mil; o segundo, R$ 30 mil; e o valor da contratação do vencedor será de R$ 1.034.880,00, já incluída a premiação no valor de R$ 51.744,00.