ÓLEO NAS PRAIAS

ICMBio já recolheu cerca de cinco toneladas de 'bolotas' de óleo nas praias de Pernambuco

Materiais foram encontrados nas praias de Tamandaré, Carneiros e Barreiros no Litoral Sul do Estado

Filipe Farias
Cadastrado por
Filipe Farias
Publicado em 04/10/2022 às 19:09 | Atualizado em 04/10/2022 às 19:55
CORTESIA
MEIO AMBIENTE Pelotas de óleo voltaram a aparecer na praia de Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco - FOTO: CORTESIA
Leitura:

Do último final de semana até esta terça-feira (4) foram recolhidas aproximadamente cinco toneladas de "bolotas" de óleo nas praias do litoral pernambucano. De acordo com Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PE) e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), os materiais foram retirados das praias de Tamandaré, Carneiros e Barreiros, no Litoral Sul de Pernambuco.

Ainda segundo a Semas-PE, outros cinco municípios também tiveram registros de surgimento de óleo em seu litoral nos últimos dias: Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Sirinhaém e São José da Coroa Grande. 

CORTESIA
MEIO AMBIENTE Pelotas de óleo voltaram a aparecer na praia de Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco - CORTESIA


Através de nota técnica enviada à imprensa, assinada por oito instituições: INPE/MCTI, UFBA, UFPE, UECE, IBAMA, CTMRJ, IEAPM e ComPAAz/Marinha do Brasil, os recentes eventos não possuem relação com o episódio de 2019. "A partir das análises de amostras de resíduos de óleo até agora efetuadas, há indicação de que houve um novo evento, cuja hipótese mais provável aponta para um incidente envolvendo petróleo cru, proveniente do descarte de água oleosa lançada ao mar, após a lavagem de tanques de navio petroleiro, em alto mar", diz o texto.

Para tentar combater a proliferação do óleo elas praias de Pernambuco, a Agência Estadual de Meio Ambiente já acionou Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais (P2R2) para discutir as ações, em reunião que acontece nesta quarta-feira (5), às 10h, no auditório da CPRH.

"Os biomarcadores, ou indicadores de origem, sugerem tratar-se de petróleo produzido no Golfo do México. Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina)", explicou a nota técnica dos cientistas enviada à imprensa.

Além da CPRH e da P2R2, também participam da comissão instituições como Codecipe, Vigilância em Saúde Ambiental, CBMPE, Ibama, UFPE, Capitania dos Portos, PRF, UPE, DNIT, Amupe, Fiepe e Fundacentro.

Banho de mar liberado

Ainda segundo informações da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PE) e da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), não há restrição ao banho de mar nas praias pernambucanas. A orientação é que, caso um banhista identifique um fragmento de óleo na praia, que evite o contato com o material, e encaminhe a informação para o telefone da emergência ambiental da CPRH: (81) 99488-4453.

Tragédia de 2019

Em 2019, toneladas de petróleo invadiram as praias do litoral do Nordeste, sufocando tudo o que via pela frente. A vida marinha da região sofreu danos irreversíveis. Em desespero, a própria população participou da limpeza do material tóxico, sem aparatos especializados.

 

Na época, a Polícia Federal concluiu o inquérito a respeito do crime ambiental, pedindo o indiciamento da empresa grega Delta Tankers, dona do navio Bouboulina, apontado como o responsável pelo vazamento. Foram indiciados ainda o comandante da embarcação, Konstantinos Panagiotakopoulos, e o chefe de máquinas do navio Bouboulina à época dos fatos, Pavlo Slyvka.

Restou comprovado que ambos embarcaram na Venezuela e desembarcaram apenas na Malásia, tendo permanecido no navio desde o carregamento do óleo até seu pretenso descarregamento no porto de destino.

O levantamento da PF aponta que, se considerados apenas os gastos do governo federal em suas instituições nas operações de limpeza das praias e do mar brasileiro, foram despendidos cerca de R$ 188 milhões. Na prática, o dano teve um custo muito maior ao País, se considerados os prejuízos diretos ao meio ambiente, além daqueles às comunidades locais que dependem da pesca e do turismo.

Comentários

Últimas notícias