O Secretário Executivo de Direitos Humanos, Jayme Asfora, recebeu, nesta quarta-feira (20), na sede da secretaria, a família de Ana Letícia, que está internada após ser baleada em Camaragibe e colocou os programas que compõem o Sistema de Proteção a Pessoas à disposição da família e das demais testemunhas e vítimas com vida do tioreito que resultou oito mortes, no último dia 13. Os familiares, no entanto, não entraram em acordo com o Estado.
A reunião teve como objetivo esclarecer a importância da adesão aos programas de proteção do Estado, que são de responsabilidade da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e sua Executiva de Direitos Humanos.
Após apresentação, a advogada Aline Maciel e familiares de Ana Letícia não aceitaram a inclusão da família em nenhum dos programas que compõem o Sistema de Proteção à Pessoa "por não quererem se afastar do local onde moram e nem mudar sua rotina", segundo o governo do Estado.
“Estamos comprometidos em garantir a segurança e proteção das vítimas e suas famílias. Apresentamos os programas de proteção do Estado à família de Ana Letícia, ressaltando que estamos aqui para apoiá-los. É importante lembrar que, embora esses programas possam parecer rigorosos em alguns aspectos, eles são projetados para garantir a integridade e o bem-estar das pessoas protegidas”, explicou Jayme Asfora.
Também participaram da reunião a representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, a advogada Maria Julia Leonel, e os representantes do GAJOP, sua coordenadora executiva, Edna Jatobá, e o advogado Sóstenes Rocha.
AMEAÇA ÀS VÍTIMAS
Nas oitivas que aconteceram na sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da capital, e duraram cerca de seis horas, cinco parentes de Ana Letícia Carias, de 19 anos, grávida de sete meses, e do primo, o adolescente de 14 anos, que foram atingidos no tiroteio e seguem no Hospital da Restauração, foram ouvidos e relataram ameaças sofridas desde o ocorrido.
De acordo com os advogados de defesa das testemunhas, todas ainda se mostraram bastante abaladas.
ENTENDA O CASO
Entre a quinta-feira (14) e a manhã desta sexta-feira (15), oito pessoas foram mortas e outras cinco ficaram feridas - todas em um mesmo caso policial.
Tudo começou quando os PMs foram acionados sobre tiros vindos da laje de uma casa no Córrego do Jacaré. Ao chegarem lá, iniciou-se uma troca de tiros com um dos homens, identificado como Alex Samurai, que baleou dois policiais militares na cabeça.
Eles eram o cabo Rodolfo José da Silva, 38 anos, e o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos. Ambos chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos.
Outras duas pessoas que não tinham envolvimento na ação foram atingidas no conflito - um adolescente de 14 anos e a prima dele, uma jovem de 19 anos grávida de sete meses que estava dentro de casa quando foi baleada na cabeça.