Em colaboração com Dyandhra Monteiro, da TV Jornal
Uma amiga e testemunha detalhou, na manhã desta segunda-feira (25), o momento em que a coordenadora pedagógica Dávine Muniz, de 34 anos, foi arremessada de um brinquedo no Parque Mirabilandia na última sexta-feira (22). “Achei que fosse a próxima a voar do brinquedo”, disse a professora Lorrayne Ferreira.
Ambas foram até o parque de diversões localizado em Olinda, Grande Recife, durante a tarde. Primeiro, Dávine foi na montanha russa do parque, enquanto Lorrayne esperou do lado de fora. Logo depois se dirigiram para a atração "Wave Swinger", onde aconteceu o incidente.
“A gente escolheu esse brinquedo para ir, que aparentemente era mais seguro, que daria um pouco menos de medo. A gente entrou, subiu lá no brinquedo tudo certinho, travou. Deu cerca de 2 voltas, quando ia completar a segunda, eu tinha acabado de olhar para ela, quando olhei para frente, só escutei o estrondo”, contou.
O acidente ocorreu no brinquedo Wave Swinger, em que as pessoas ficam sentadas em balanços presos por correntes a um estrutura que gira. As cadeiras são individuais e sobem até a altura de 12 metros. Apesar da ocorrência, o Mirabilândia continua funcionando.
A mulher, com quadro de traumatismo cranioencefálico (TCE) grave e possível fratura de membros superiores, recebeu os primeiros socorros no Mirabilândia, pelos socorristas do Samu, e foi transferida para o Hospital da Restauração (HR).
Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Recife diz que, assim que o Samu foi acionado para a ocorrência, "foram deslocadas para o local uma ambulância de suporte avançado (USA) e quatro motolâncias".
"O parque Mirabilandia lamenta o acidente ocorrido na tarde desta sexta-feira (22) e suspendeu preventivamente as atividades da atração Wave Swinger para uma revisão (...) Uma usuária que estava no brinquedo recebeu imediato atendimento após o acidente que provocou uma queda, o que foi feito prontamente pela equipe de brigadistas de plantão, e foi levada ao hospital, tendo todo suporte necessário pelo parque”, disse a nota enviada pela assessoria de imprensa do Mirabilândia.
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Lorrayne não acreditou que a vítima tinha sido a amiga, até ver o cabelo dela. Enquanto o brinquedo parava, o desespero se instalou entre as demais pessoas.
“Achei que eu fosse a próxima a voar do brinquedo. Bateu um desespero porque o pessoal que estava no brinquedo começou a gritar imediatamente. Ele já foi parando, não sei se porque era o ciclo dele, ou se pararam”, afirmou a professora.
Davine recebeu os primeiros socorros de um enfermeiro que estava de folga no parque, o paraibano Júnior Martiliano. Ele explicou que a primeira impressão que teve, ao ver a vítima no chão, foi que ela tinha ido a óbito no local. No entanto, percebeu que ela ainda tinha pulso e deu continuidade à assistência.
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“Ela apresentava muito sangramento em cavidade oral e nasal, precisava que aquilo fosse drenado. Era visível fratura no membro superior esquerdo, tanto a nível de punho, quanto no cotovelo. Centralizamos na prancha e encaminhamos para uma sala de primeiros socorros do Mirabilandia”, disse.
Logo depois, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegou e a socorreu até o Hospital da Restauração (HR), na região central do Recife, onde está internada até hoje em estado estável, mas muito grave.
ESTADO DE SAÚDE
Dávine sofreu um traumatismo cranioencefálico e fraturas expostas nos braços. Também submetida a cirurgias na face e para colocar um dispositivo capaz de controlar a pressão intracraniana. Ela permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HR.
"A gente está nessas horas observando uma evolução dela, que mesmo sendo pouca, está sendo um motivo de vitória", disse o primo da vítima, Ricardo Lima.
“Segundo os próprios médicos, as próximas horas vão tentar observar o que está mais ou menos complicado na parte neurológica dela, que é o que está dando preocupação para a gente.”
Ele explicou que o Mirabilandia entrou em contato com a família para oferecer uma assistência médica particular, mas que o HR ainda não autorizou uma transferência pela gravidade do estado de Dávine.
“Graças a Deus estamos contando com a colaboração e a humanização dos médicos da UTI, que estão sendo muito legais. Mas em termos de estrutura para a família, o hospital deixa a desejar”, afirmou Ricardo.
PARQUE INTERDITADO
O parque continuou em funcionamento mesmo após a queda e só fechou as portas após a interdição realizada pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de Pernambuco (Procon-PE) e pela Prefeitura de Olinda.
Entre os documentos exigidos pelo órgão, está a licença de funcionamento da prefeitura, o laudo do Corpo de Bombeiros e o atestado de regulamentação técnica de todos os brinquedos.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PE) também iniciou as investigações e solicitou a documentação referente à prestação de serviço de manutenção dos equipamentos e à periodicidade em que essas vistorias eram realizadas.
Ainda, o CREA-PE vai avaliar ainda se os profissionais responsáveis pela manutenção dos equipamentos estavam habilitados e se tinham competência para desempenhar essa atividade.
Priscila Alves, advogada que representa a família da vítima, detalha que vai acompanhar o inquérito policial e quer que a investigação seja minuciosa.
O parque tem até esta semana para apresentar todos os registros. Por, a assessoria de imprensa do parque afirmou que vai apresentar as documentações exigidas pelos órgãos que fizeram a interdição e que acredita que a reabertura aconteça ainda nesta semana. "Como as licenças e demais demandas estão todas regulares, é possível que ao longo desta semana esse processo seja concluído"