O pernambucano Mário Roberto Melo tem vivido momentos de medo e apreensão. Morando há 32 anos em Israel, o engenheiro mecânico relatou os acontecimentos da guerra que se instalou no último sábado (7) na região da Faixa de Gaza, após ataques do grupo Hamas a Israel.
"Moro numa cidade ao norte de Israel e o conflito está acontecendo no sul do país, mas meu filho é militar e está em combate, atuando na linha de frente exatamente lá no sul", contou Mário Roberto, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
Assim que a guerra estourou, no final de semana, o pernambucano apontou que a movimentação no país como um todo foi geral. "No sábado, a correria da população ao supermercado foi grande, porque aqui a minha cidade fica próxima da região que faz fronteira com o Líbano, cerca de 10 km. Houve uma ameaça de invasão e, com isso, todo mundo correu para o mercado para se abastecer. Mas, no sul, parou tudo. As pessoas não tiveram tempo (de buscar mantimentos) e correram para os abrigos", relatou o engenheiro mecânico.
"Quando o alarme tocou todos se recolheram para os abrigos dos hotéis, nas suas casas, nas lojas comerciais, nas fábricas... Todos esses estabelecimentos têm abrigos (antibomba)", esclareceu.
Mesmo a região norte de Israel não sendo alvo dos bombardeios, Mário Roberto Melo frisou que as pessoas estão com medo e mal saem nas ruas. "Por aqui está relativamente normal, mas com bem menos trânsito. Aqui minha rua, por exemplo, não passava um veículo sequer. E olha que aqui não estamos sendo atingidos. O povo está preso (recluso em casa), vendo televisão e observando as notícias do sul do país, que são péssimas", destacou o pernambucano.
Para Mário Roberto, que atuava na Procuradoria da Fazenda quando morava no Recife, o governo de Israel não levou em consideração a possível ameaça do Hamas. "Acho que houve negligência ou despreparo, porque já se comentava que espiões israelenses nos países árabes tinham dito que Israel seria atacado, mas o governo não acreditou, nem o ministro da segurança", comentou.
"O atrevimento deles (Hamas) de vir pelo ar, por terra e pelo mar... Jamais passou pela cabeça do israelense que fizessem isso. E algo que foi muito bem elaborado, sem tecnologia, usando Jeep, motocicleta e caminhonete, por terra. No mar usaram canoas de borracha e pelo no ar atacaram com aqueles parapentes, que qualquer um pode fazer em casa colocando um motor de Volkswagen atrás e voar. Esses parapentes, por sinal, foram a grande arma deles, pois destruíram o único tanque que se encontrava naquele local (de Gaza), além de destruir toda a área de computação de Israel, congelando as imagens e deixando os observadores pensando que estava tudo certo, pois não via ninguém chegando por ali", explicou Mário Roberto.
Entrada dos Estados Unidos
Apesar de o conflito, inicialmente, ser entre Israel e Hamas, o grupo libanês Hezbollah (islâmico xiita) também teria tido participação em alguns ataques a Israel. "Os Estados Unidos já disseram se o Hezbollah entrar na guerra, também participarão (em defesa de Israel). A prova disso é que a frota naval dos Estados Unidos já está chegando bem próximo do Mediterrâneo", revelou o engenheiro mecânico pernambucano. "O governo de Israel decidiu cortar, finalmente, a água e a eletricidade da Faixa de Gaza", complementou.