A população do Papelão, no bairro de São José, na área central do Recife, ganhou uma ajuda na luta contra a insegurança alimentar. Lá, nesta quinta-feira (21), a Campanha Mãos Solidárias, ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), inaugurou a 15ª Cozinha Popular Solidária, ajudando as centenas de famílias que lá vivem.
O Papelão já recebia um ponto da rede de bancos de alimento, criada durante a pandemia da covid-19. Contudo, o grau de necessidade da comunidade fez com que ela fosse escolhida para ganhar uma cozinha, explicou Paulo Mansan, coordenador da iniciativa.
"Tudo é feito por meio de trabalho solidário. Quem faz a comida são as próprias pessoas da comunidade e voluntários que o Mãos articula para chegar até o espaço. Não existem pessoas remuneradas", explicou Mansan.
O local, que tem capacidade para a produção de 200 refeições por turno, deve oferecer comida duas vezes por semana neste início. A partir de janeiro, a expectativa é que essa oferta aumente para quatro dias por semana.
Para garantir as refeições, a Campanha mobiliza voluntários, militantes e moradores da comunidade, que coletam doações e se revezam para que o espaço funcione. As produções serão feitas a partir de doações do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e da sociedade civil.
"Para além da comida, a cozinha é um espaço agregador, acontece cineclube, reuniões onde se reúnem outros problemas, inclusive a própria luta por habitação, porque no papelão tem habitações ou de palafitas ou de casas bem precárias. O principal é o senso de pertencimento e de algum jeito de organização", afirmou ele.
Para somar-se às atividades, basta entrar em contato pelo perfil da Campanha no Instagram (www.instagram.com/maos.solidarias.pe) ou pelo contato (81) 9 855-3121. Doações podem ser feitas em PIX (09.423.270/0001-80) e alimentos não perecíveis podem ser entregues no Armazém do Campo do Recife, na Avenida Martins de Barros, 387, no bairro de Santo Antônio.
Sobre a Mãos Solidárias
A Mãos Solidárias leva alimentos e esperança a mais de 40 comunidades espalhadas pela Região Metropolitana do Recife (RMR) por meio de suas Cozinhas Populares Solidárias e Bancos Populares de Alimentos. É nessas cozinhas que são feitas e distribuídas as Marmitas Solidárias, que já passaram de mais de 1,6 milhão de unidades distribuídas.
A campanha surgiu em Pernambuco durante o período de pandemia, organizada por diversos movimentos sociais e diversas organizações populares do estado, inicialmente distribuindo Marmitas Solidárias para pessoas em situação de rua.
Ao longo desses mais de três anos, dezenas de atividades foram realizadas: distribuição de máscaras, formação de mais de mil Agentes Populares de Saúde, formação de Agentes de Populares de Comunicação, distribuição de alimentos, Roçados Solidários e mutirões de assistência jurídica.
De 2020 para cá, mais de 40 territórios passaram a ser atendidos pela Mãos Solidárias, já foram inauguradas 14 Cozinhas Populares Solidárias e doadas 1,6 milhão de Marmitas Solidárias.