Com informações de Lucca De Biase, da Rádio Jornal
Quem circula pelas orlas do Recife, de Jaboatão dos Guararapes e de Olinda percebe a ausência de placas informativas sobre o perigo de ingressar no mar, devido ao risco de incidentes com tubarões.
Do total de 150 placas que deveriam estar instaladas em bom estado de conservação, apenas 58 estão firmadas nas praias.
No ano de 2023, foram registrados três incidentes com tubarões no Grande Recife. Dois deles na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. O outro ocorreu em Olinda, na Praia Del Chifre. Desde 1992, quando foi registrado o primeiro incidente com tubarão em Pernambuco, já são 77 ocorrências - sendo 67 na Região Metropolitana e 10 no arquipélago de Fernando de Noronha - que resultaram em 26 óbitos.
As ocorrências confirmam a importância da sinalização nas praias da Região Metropolitana do Recife.
Mesmo sem precisar onde estão as placas que sumiram, a secretária-executiva do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), Danise Alves, diz que apenas um terço dos avisos está disponível na orla do Grande Recife.
"Segundo dados do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar), que é um órgão vinculado à SDS (Secretaria de Defesa Social), membro efetivo do Cemit, um terço dessas placas são roubadas, quebradas ou pichadas, ou sofrem qualquer outro tipo de avaria", ressalta Danise.
"Infelizmente o último levantamento do GPMar, realizado em abril deste ano, revelou que existem apenas 58 placas das 150 que foram inseridas anteriormente ao longo de toda a extensão da orla", acrescenta.
Mesmo com o sumiço das placas, a devida substituição ainda não foi feita, e a tendência é que demore a acontecer. O Cemit, órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco, estima que a substituição seja finalizada até novembro. Enquanto isso, moradores e turistas podem correr riscos, segundo frisa o engenheiro de pesca pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Jonas Rodrigues.
"A ausência desse instrumento pode fazer com que algumas pessoas que estejam desinformadas acessem áreas proibidas. Isso pode levar à ocorrência de um incidente com tubarão ou aumentar a probabilidade de isso acontecer. As placas são o único instrumento informativo para a população", destaca Jonas.
Ele lamenta o fato de não se ter mais programa de educação ambiental. "Não existem mais outros informativos que sejam tão presentes na área de risco para a ocorrência de incidência dos tubarões, com mais placas. A negligência na manutenção e a negligência de manter a informação são problemas importantes. Isso precisa ser solucionado de maneira mais eficiente e rápida", clama.
O governo do Estado alega que abriu uma licitação no valor de R$ 358.387,50 para comprar 150 placas que devem ser instaladas em 33 quilômetros da orla.
A secretária-executiva do Cemit, Danise Alves, argumenta que a substituição das placas já poderia ter sido realizada. Contudo, o impedimento legal teria dificultado o processo.
"O processo de reposição das placas e sinalização dos riscos de acidentes com tubarões estava previsto para abril deste ano. O processo licitatório transcorreu normalmente, mas houve um pequeno contratempo, pois o primeiro colocado do pregão eletrônico declinou a proposta."
Segundo Danise, o segundo lugar foi convocado a firmar o contrato. "Em virtude disso, houve um prazo um pouco maior desse processo. Após a assinatura do contratado, o término do serviço de fabricação das placas deverá ocorrer em até três meses", assegura a secretária-executiva.