VIOLÊNCIA

Insegurança no centro do Recife prejudica negócios e leva medo às ruas

Proprietário do tradicional Pagode do Didi cobra mais policiamento na região central da capital pernambucana: "só tem assaltantes"

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JC

Publicado em 05/08/2024 às 20:59 | Atualizado em 05/08/2024 às 21:50
Histórico abandono é sentido no Recife, sobretudo no Centro - ALEXANDRE GONDIM/ACERVO JC IMAGEM

Percorrer as ruas do centro do Recife se tornou um grande desafio para os pernambucanos, sobretudo à noite. O medo e a sensação de insegurança tomam conta da população, que se vê refém da criminalidade. Os relatos de assaltos são recorrentes. Na última semana, um homicídio foi registrado no bairro de Santo Antônio, assustando quem buscava a região para lazer no início do fim de semana.

Proprietário do tradicional bar Pagode do Didi - estabelecimento que se tornou Patrimônio Imaterial Cultural do Recife -,Valdemir de Souza Ferreira, conhecido na noite recifense como Seu Didi, não escondeu a preocupação com o 'abandono do Centro do Recife' e o crescimento da violência. Centro do Recife sentem essa insegurança. Tenho meu pagode há 43 anos, mas nunca vi uma situação como a atual. O centro do Recife está morto... Não tem nada por lá, só assaltantes e muitos", desabafou Seu Didi.

Ele diz que desde 2011 solicitou reforço policial "que uma viatura faça ronda pelo local, mas ninguém nunca deu satisfação. Não vemos carro da polícia passando", relata.

CRIME NO BAIRRO DE SANTO ANTÔNIO

Na madrugada do último sábado (3), um adolescente foi assassinado na Rua Ulhôa Cintra, mesma do pagode Patrimônio Imaterial Cultural do Recife. "Não houve tiroteio no Pagode do Didi, o que houve foi uma execução no começo aqui da rua.O rapaz que foi assassinado não é cliente meu e não estava no pagode", esclareceu.

"Tem homens vendendo drogas aqui na rua... Se tem uma viatura da polícia passando por aqui lá, talvez diminuísse essa criminalidade. Até porque, o pagode só acontece uma vez na semana, que é na sexta-feira... Antigamente, eu fazia o pagode de segunda a sábado, mas nunca deu nada (violência no entorno). Agora, que é só uma vez, não é possível que a polícia não possa fazer ronda", cobrou o comerciante.

Apesar de seu estabelecimento nunca ter sido alvo de ação criminosa, Didi já escutou muitos relatos de clientes que foram vítimas de assaltantes. "Vários clientes meus já foram assaltados quando saíram do pagode. Ao saírem para pegar ônibus na Avenida Dantas Barreto, na Avenida Guararapes ou na Rua Siqueira Campos, eles foram abordados por bandidos que chegaram com peixeira, faca e tiveram seus pertences levados. Outros (clientes) já se arriscaram e saíram correndo para fugir, alguns até voltando para o pagode quando eu já estava fechando o bar. Até o meu pandeirista, ao sair daqui, já foi assaltado com a esposa... Levaram o pandeiro dele e tudo", lamentou o proprietário do Pagode do Didi.

Proprietário do tradicional Pagode do Didi cobra mais policiamento no centro do Recife - Foto: Heudes Régis/ArquivoJC Imagem
 

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Em números divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS-PE), nesta segunda-feira (5), o total de mortes violentas intencionais (MVI) em Pernambuco de maio a julho de 2024 foi o menor do período nos últimos 11 anos, segundo o governo do Estado. Nos últimos três meses, o Estado registrou uma queda de mais de 9% no índice em relação ao mesmo recorte de 2023, com o número de casos caindo de 879 para 792. Em julho, a redução foi ainda mais acentuada, alcançando 12,6% - foram 310 registros no ano passado e 271 este ano. Foi o terceiro mês seguido de queda. 

Na capital pernambucana, no entanto, de acordo com o Atlas da Violência 2024, Recife é a sexta capital com maior taxa de mortes estimada do País.

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