Retrospectiva 2024: ano foi marcado por promessas e alto índice de afogamentos e incêndios em Pernambuco
Ano foi marcado por promessas de melhoria na urbanização, início de obras estruturantes e alto número de afogamentos e incêndios em Pernambuco
O ano de 2024 em Pernambuco foi marcado por promessas de melhoria na urbanização, início de obras estruturantes e projetos de requalificação de patrimônios do estado.
Tragédias como a queda do teto do Santuário do Morro da Conceição, a morte da professora Dávine Muniz, que foi arremessada de um brinquedo no Mirabilândia, e o naufrágio de um navio na costa pernambucana também estiveram em destaque ao longo dos meses.
O estado de Pernambuco viu, ainda, notícias frequentes de incêndios e afogamentos, emergências climáticas, principalmente no Agreste e Sertão, e acordos que finalmente beneficiaram os proprietários de apartamentos em prédios-caixão.
Queda de teto do Santuário
Em agosto, a queda do teto do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, deixou duas pessoas mortas, 25 feridas, e Pernambuco em luto.
A tragédia aconteceu durante a distribuição de cestas básicas no espaço, quase cem dias antes da 120ª Festa do Morro. A estrutura que colapsou foi restaurada pelo Governo do Estado de Pernambuco, que destinou R$ 1,5 milhão em recursos à obra, firmando termo de fomento com a Arquidiocese de Olinda e Recife. Já a Prefeitura do Recife prometeu restaurar a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
O laudo do Instituto de Criminalística indicou que a queda do teto teve início a partir da oxidação dos parafusos e chumbadores por falta de manutenção preventiva. O dono da empresa que instalou placas solares dias antes da tragédia foi indiciado pela Polícia Civil.
Morte do professora arremessada
No mês de fevereiro, a professora Dávine Muniz, que foi arremessada de brinquedo do Parque Mirabilândia em 2023, faleceu. Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e havia feito mais de dez cirurgias. Uma perícia feita pela Polícia Científica apontou que o brinquedo quebrou por falta de manutenção.
Em março, a Polícia Civil indiciou quatro pessoas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pela morte da professora. Não há mais informações sobre o processo.
Naufrágio
A aproximadamente 15 quilômetros da Praia Ponta de Pedras, em Goiana, Zona da Mata de Pernambuco, o navio de transporte de carga Concórdia naufragou, enquanto se dirigia a Fernando de Noronha. Quatro tripulantes foram resgatados com vida e cinco foram encontrados mortos em alto-mar.
Caso menino Miguel
A Justiça do Trabalho em Pernambuco decidiu, no mês de maio, que a indenização a ser paga pelo ex-prefeito de Tamandaré Sergio Hacker e sua esposa, Sari Corte Real, à família do menino Miguel, que morreu em 2020, deveria ser reduzida. Os desembargadores argumentaram que o valor estipulado anteriormente foi "excessivo".
Requalificações
O ano de 2024 foi de muitos anúncios de requalificações em patrimônios e equipamentos públicos de Pernambuco.
O Governo do Estado anunciou investimentos para transformar a Fábrica Tacaruna, entre Recife e Olinda, em escola técnica e centro de formação e para o restauro da antiga sede do Liceu de Artes e Ofício, no Recife, para criação de escola técnica. A gestão também tem projeto para uma antiga sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no centro do Recife: em parceria com o Governo Federal, o espaço deve ser transformado em um habitacional para 120 famílias.
Já a Prefeitura do Recife anunciou que os prédios do Edifício Trianon e do Cine Art-Palácio, no centro da cidade, serão doados para o Ministério da Educação para a construção do novo campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu início, em janeiro deste ano, à primeira etapa da reforma do Mercado de São José, em parceria com a prefeitura. O instituto e o Ministério da Cultura se comprometeram a repassar verba do Novo PAC para o projeto, porém, em abril foram encontradas ossadas humanas, que paralisaram os serviços. Em outubro as escavações arqueológicas tiveram início.
Escola de Sargentos
Em janeiro, o Governo de Pernambuco e o Governo Federal assinaram um termo de compromisso para dar início à construção da Escola de Sargentos em Pernambuco. A previsão de investimentos da base militar é de R$ 1,8 bilhão.
O projeto, anunciado em 2021, teve alterações em junho deste ano, com o objetivo de diminuir o impacto no meio ambiente. Desde o início, o empreendimento foi recebido com resistência por ambientalistas por prever o desmatamento de 90 hectares na Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia/Beberibe, no município de Paudalho, Zona da Mata.
Emergências climáticas
Ao longo do ano, o estado de Pernambuco acumulou mais de 90 reconhecimentos de situação de emergência em municípios afetados pela estiagem. O reconhecimento acontece por parte do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e as prefeituras puderam solicitar recursos do Governo Federal para ações de defesa civil. Alguns dos municípios em situação de emergência foram Custódia, Exu, Limoeiro, Salgueiro e Surubim.
As chuvas intensas também causaram danos no estado. Em fevereiro, foram registradas mais de 36 pessoas desalojadas, na Região Metropolitana do Recife e no Agreste; e no mês de abril, o deslizamento de uma barreira matou um homem na Zona da Mata.
Incêndios
Em 2024, os pernambucanos acompanharam notícias frequentes de incêndios pelo estado. O fogo atingiu de palafitas a prédios em construção, apartamentos, fábricas e lojas, causando danos materiais e óbitos nas diferentes regiões. Ao todo, o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco atendeu 5686 casos de incêndios.
Afogamentos
Do litoral norte ao sul, o ano foi marcado por um número alto de afogamentos em Pernambuco. Os registros aconteceram em praias como Boa Viagem, Maria Farinha, Bairro Novo, Cupe e Paiva, tanto com turistas quanto por moradores, e os resgates foram realizados por populares e pelo Corpo de Bombeiros. A corporação atendeu, até novembro, 127 afogamentos.
Prédios-caixão
Após décadas de espera, em 2024 proprietárias de apartamentos em prédios-caixão de Pernambuco começam a receber indenização de R$ 120 mil após a assinatura de acordo entre a Advocacia-Geral da União (AGU), Caixa Econômica Federal (CEF), Estado de Pernambuco, Confederação Nacional das Seguradoras, Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) e Ministério Público Federal (MPF).
A previsão é que cerca de 13 mil proprietários ou ocupantes de apartamentos em 431 prédios-caixão interditados e com risco iminente de desabamento da Região Metropolitana do Recife sejam contemplados.