O deputado federal Túlio Gadêlha, que vinha tendo seu nome ventilado para disputar a Prefeitura do Recife pelo PDT, teria anunciado a desistência de sua candidatura durante reunião da bancada do partido. O encontro, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, foi realizado nesta quarta-feira (4), e chegou a terminar com discussões e lágrimas por parte do pedetista pernambucano.
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Procurado pelo JC, Tulio Gadêlha disse apenas que não irá se posicionar neste momento. "Sobre esse assunto decidimos nos manifestar na segunda-feira (9)". A reunião da bancada elegeu por unanimidade o deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE), como líder da legenda na Câmara, em substituição a André Figueiredo (PDT-CE). No entanto, não houve consenso sobre a escolha do líder da Minoria, que neste ano deverá ficar com o PDT.
Segundo publicação do Estado de S. Paulo, Gadêlha já teria costurado apoio para o cargo, mas acabou perdendo votos após Figueiredo entrar no páreo de última hora. Além do ex-líder ter grande influência entre os colegas e apoio do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, deputados não quiseram entregar os dois cargos a parlamentares do mesmo Estado. Outro fator que pesou na escolha pelo pedetista do Ceará foi sua experiência, já que André foi líder do partido cinco vezes. Lupi também foi questionado se o PDT realmente irá retirar a candidatura no Recife, mas ele limitou-se a dizer apenas que "não".
O JC apurou que , durante a reunião, que também contou com dirigentes da executiva nacional, vários parlamentares pediram para que o então pré-candidato a prefeito do Recife retirasse seu nome na disputa pelo cargo de líder da Minoria. No entanto, o deputado se manteve firme, o que foi considerado por muitos presentes uma postura "imatura e intransigente", segundo fontes em reserva.
Com o resultado apontando a vitória de André Figueiredo, Gadêlha pediu para que constasse em ata que estava retirando a sua candidatura a prefeito do Recife, chegando a se emocionar em alguns momentos.
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, veio a Pernambuco para lançar o seu livro "Um golpe contra os trabalhadores?", no Recife, no dia 7 de fevereiro. Em sua passagem pela capital, ele havia voltado a defender a candidatura do deputado federal Túlio Gadêlha à Prefeitura do Recife pelo PDT, partido aliado do PSB do governador Paulo Câmara e do prefeito do Recife, Geraldo Julio. Sobre tal aliança, ele declarou que a eleição de 2020 é um "momento diferente".
No mesmo dia, durante o lançamento do seu livro, ele recebeu Paulo Câmara e Geraldo Julio, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o presidente do PSB de Pernambuco, Sileno Guedes, o deputado federal João Campos (PSB), apontado como o candidato do PSB nas eleições do Recife. Também esteve presente o presidente estadual do PDT e deputado federal, Wolney Queiroz.
Wolney é aliado de primeira hora do PSB no Estado. Mesmo quando, nas eleições de 2018, o PDT lançou Isabella de Roldão como vice do candidato a governador de Pernambuco Maurício Rands, ele permaneceu ao lado do governador Paulo Câmara. Isabella é atualmente secretária de Habitação do Recife. No âmbito nacional, o PSB chegou a cogitar o apoio ao candidato do PDT, Ciro Gomes, à Presidência da República, mas ao final optou por um acordo com o PT em Estados estratégicos e a neutralidade nas eleições presidenciais, o que acabou provocando o isolamento de Ciro.
Ao JC, João Campos afirmou, na ocasião, que o "PDT e o PSB tem muitas sintonias", destacando a proximidade entre as direções partidárias no âmbito nacional. "Aqui em pernambuco há um alinhamento na cidade do Recife, com Paulo e Geraldo", disse.
Segundo presentes no lançamento, durante o seu discurso, Lupi elogiou o governador e o prefeito, além do próprio João Campos, que, segundo ele, terá um "futuro brilhante". "Ele reconhece esse trabalho nosso tanto no mandato, a gente tem uma boa relação com o partido e com o presidente", afirmou João.