O ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) resgistrou um aumento de 361% na quantidade de seguidores no mundo virtual, desde 25 de fevereiro deste ano, quando foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil. Ele agregou mais 489 mil aliados no mundo digital até a última segunda-feira. “Na primeira metade desse período o crescimento ocorreu, porque as pessoas vinham buscando informações sobre o que estava acontecendo. Depois, esse aumento aconteceu também porque o presidente Bolsonaro começou a instigar o ministro”, resume o diretor da Bites, Manoel Fernandes. A Bites desenvolve consultorias sobre o mundo digital.
Ainda de acordo com Manoel, o posicionamento de Bolsonaro contrário ao ministro provocou uma rede de solidariedade entre os internautas que começaram a defender o ministro com presença nas seguintes redes sociais: twitter, facebook e instagram. Bolsonaro chegou a dizer que ia pedir para o ministro afrouxar o isolamento social, indicado pelo ministério da saúde como uma forma de conter a contaminação do coronavírus.
No mesmo período citado acima, Bolsonaro manteve um crescimento de 4,7% no número de seguidores, acrescentando 1,6 milhão de seguidores digitais. “O presidente continua crescendo na bolha dele. Ele não está desidratando. É a oposição, do outro lado, ao presidente que está crescendo”, explica Manoel. Desde a sua candidatura, Bolsonaro apresentou um número crescente de seguidores. “Os apoiadores de Bolsonaro estão achando que ele sai dessa crise do mesmo modo como entrou: polarizando. Existe um contingente de 30% de brasileiros que apoiam e acreditam nas teses dele”, conta Manoel.
E a imagem de Bolsonaro ? Segundo Manoel, quem gosta do presidente, vai continuar acreditando que ele está certo e quem não gostava, continua do mesmo modo. “A grande questão é formada pelas pessoas de centro”, conta. É justamente esses seguidores que em parte começaram a criticar mais a postura de Bolsonaro. “A oposição por mais que cresça, no mundo virtual, não tem um líder que abra espaço para o final disso. Não há uma liderança, no mundo virtual, que possa aglutinar todos com o sentimento contrário ao presidente”.
Ainda na atual crise, a imagem de Luiz Henrique Mandetta foi impactada, positivamente, pela sua postura durante a pandemia e pelo episódio da boataria da sua saída na segunda-feira (06/04) quando alguns veículos começaram a anunciar a sua provável demissão por Bolsonaro que não chegou a se concretizar. “Mesmo que o ministro saia na próxima semana, ele era um político de expressão no Estado dele (Mato Grosso do Sul) e passou a ser um político de dimensão nacional. Nos próximos anos, as pessoas vão lembrar dele como uma pessoa, que em algum momento, cuidou do Brasil”.
A boataria sobre a saída de Mandetta gerou uma movimentação rápida nos meios virtuais. “A reação foi instantânea e deve ter surpreendido o monitoramento de redes sociais do Palácio do Planalto. Desde o início da pandemia, o sistema analítico da Bites não havia identificado uma ação tão intensa em tão pouco tempo”, conta Manoel. Até as 16 horas da segunda, o ministro registrou a maior quantidade de tuítes para um único dia no último mês.
No levantamento feito pela Bites, eram 216 mil posts pró-Mandetta até às 16 horas. No pico do evento, em cada 10 posts, nove eram a favor de Mandetta. Às 19h, já eram 466 mil tuítes, o que correspondeu a 21% de todos os posts com referência ao ministro desde 06 de março. “E esses posts eram referências positivas à Mandetta”, afirma Manoel. E acrescenta: “Provavelmente, isso contribuiu para adiar a demissão, porque o presidente acompanha como se manifestam as redes e dá importância a isso”, conclui Manoel. Sabe-se que vários políticos e ministros intervieram aconselhando o presidente que não era o momento adequado para a saída do ministro.