Durante a sua rápida passagem pelo Ministério da Saúde, o médico oncologista Nelson Teich, que pediu demissão do cargo de ministro nesta sexta-feira (15) devido a divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tentou criar medidas para ajudar o Brasil no combate ao coronavírus. No entanto, algumas ele conseguiu implementar e outras não funcionaram. No caso do lockdown, por exemplo, Teich não se colocou a favor ou contra, mas disse que diferentes medidas devem ser adotadas por estados e municípios a depender do avanço do novo coronavírus em cada local.
O Ministério da Saúde divulgou, no dia 9 de abril, que liberou R$ 4 bilhões extras para estados e municípios reforçarem suas ações de combate ao coronavírus. Os recursos foram liberados com o objetivo de dar mais fôlego financeiro em caixa para aquisição de materiais e insumos, abertura de leitos, além do custeio de profissionais de saúde, ações e procedimentos, de acordo com a necessidade local, para enfrentamento específico ao coronavírus.
O valor destinado foi correspondente a uma parcela mensal do que cada estado ou município já recebe para ações de média e alta complexidade ou atenção primária. De acordo com a portaria, municípios que recebem recursos para média e alta complexidade terão direito a uma parcela mensal extra, em igual valor. Os que não recebem, terão direito ao valor repassado para a atenção primária, também em igual quantia.
No dia 30 de abril, o Ministério da Saúde convidou profissionais de saúde de todo país a reforçarem o combate ao coronavírus no estado do Amazonas. A iniciativa fezz parte da ação estratégica “O Brasil Conta Comigo” que está cadastrando e capacitando profissionais, residentes e estudantes da área de saúde com o intuito de auxiliar estados e municípios nas ações de enfrentamento ao coronavírus.
No dia 3 de maio Teich desembarcou em Manaus com 267 profissionais já contratados.
O Ministério da Saúde divulgou no dia 6 de maio a criação do 'Programa Diagnosticar Para Cuidar', que tem o objetivo de realizar 46 milhões de testes, o que representa 22% da população brasileira, para conhecer melhor a doença e, assim, elaborar medidas mais eficazes de proteção da sociedade.
A estratégia é dividida em duas ações: uma é a “Confirma COVID-19”, que identifica o vírus até sete dias do início dos sintomas e que só vai testar quem apresenta sintomas da doença; e a outra é a “Testa Brasil”, que identifica o vírus a partir do oitavo dia dos sintomas mas vai examinar, também, quem não apresenta sinais do coronavírus.
No entanto, Teich saiu do cargo de ministro da Saúde sem conseguir cumprir a distribuição dessa quantidade de testes.
Na segunda-feira (11), o até então ministro da Saúde, Nelson Teich, apresentou o esboço de uma matriz de diretrizes que ajudariam a entender melhor os impactos da epidemia de covid-19 nas diferentes regiões do Brasil e afirmou que na quarta (13) faria um detalhamento sobre ela.
No entanto, na quarta-feira Teich cancelou a coletiva de imprensa que detalharia a matriz de isolamento proposta pelo governo para estados e municípios após não conseguir consenso com estados e municípios em relação à diretriz.
Ao ser pressionado nesta semana por Bolsonaro para ampliar o uso da cloroquina para pacientes com quadros leves da covid-19, apesar da falta de evidências científicas do medicamento no tratamento do novo coronavírus, Teich informou que não irá mudar o protocolo atual do ministério que diz que "as evidências identificadas ainda são incipientes para definir uma recomendação. A literatura apresenta três estudos clínicos, com resultados divergentes, sobre o uso de hidroxicloroquina. Os três estudos apresentam um pequeno número de participantes e apresentam vieses importantes".
A resistência de Teich em não querer fazer a mudança no protocolo é vista como o principal motivo para a sua renúncia.
Nelson Teich assumiu o Ministério da Saúde no dia 17 de maio para substituir Luiz Henrique Mandetta, que mesmo durante a crise da pandemia de coronavírus pela qual o Brasil passa atualmente foi demitido por Bolsonaro. Até essa quinta-feira (14), o país contabilizou 202.918 casos confirmados e 13.993 vidas perdidas em decorrência da covid-19 desde o início da pandemia.
Em seu discurso de posse, Teich defendeu a integração de medidas econômicas com ações do ministério da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus. "Levar o Brasil para uma situação melhor tanto na saúde, quanto na economia", disse na época.