O principal grupo que enfrentou o governador Paulo Câmara (PSB) nas eleições de 2018 - quando o socialista se reelegeu no primeiro turno, com 50,70% dos votos válidos - aparentemente não deixou a derrota no pleito acabar com a sua unidade. Abrigando vários pré-candidatos a prefeito do Recife, dirigentes de importantes siglas da coligação, como o DEM, Cidadania e PSC, dizem que, diferentemente do que se cogitava há alguns meses, quando a hipótese de lançamento de múltiplos candidatos ganhava força, hoje a tendência que se consolida é da aposta em apenas um nome com viabilidade eleitoral.
“Até o final de junho ou começo de julho nós devemos chegar a uma definição sobre isso. Sempre defendi a unidade. Meu nome tem sido colocado como uma das alternativas no campo oposicionista. Acho que a minha trajetória, a minha luta contrapondo o PT e o PSB me habilitam, me dão condições e experiência para apresentar um projeto para o Recife. A oposição tem que apresentar um projeto alternativo, para que não ocorra o mesmo de 2016, quando o segundo turno na cidade foi entre PT e PSB, dois partidos de esquerda”, argumentou o ex-ministro da Educação e ex-governador Mendonça Filho (DEM).
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Pré-candidata a prefeita apelo Podemos, a delegada Patrícia Domingos disse aguardar que os partidos do grupo, além de todos os atuais postulantes a candidatos, se unam em torno de um mesmo projeto. “Eu espero que a oposição possa, efetivamente, convergir para esse entendimento de candidatura única porque eu não observo outra possibilidade mais viável com o quadro que se desenha. Eu acho justo que as pré-candidaturas sigam caminhando até que se chegue, ou não, a esse entendimento. Nesse momento, meu trabalho é para que a nossa candidatura seja a mais viável”, afirmou.
Mas por que insistir, mais uma vez, em uma estratégia que não deu certo em 2018, quando o candidato do grupo, o então senador Armando Monteiro (PTB), teve 35,99% dos votos válidos e não conseguiu chegar ao segundo turno? Na visão do deputado federal e presidente estadual do Cidadania, Daniel Coelho, que considera como praticamente certa a candidatura única, o cenário político atual seria completamente diferente do de dois anos atrás, fato que justifica a manutenção da tática.
“Na última eleição nós não tínhamos duas candidaturas no campo do governo. O fato termos, hoje, candidaturas do PT e do PSB, dois partidos que compõem a base do governo, isso termina nos ajudando na garantia de um segundo turno. Se na última eleição tivesse ocorrido essa divisão, teríamos ido para o segundo turno, pois ela foi decidida por menos de 1% dos votos. Chegou muito perto. Mas naquela época o governo estava unido, o que não acontece agora”, explicou Daniel.
Foco na saúde
O deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), que pretende levantar a bandeira Bolsonarista na corrida pela Prefeitura do Recife, disse estar completamente focado nas ações de combate ao coronavírus e na fiscalização dos recursos usados pelo Executivo durante a pandemia. Ao JC, o parlamentar disse que só deve voltar a discutir eleições quando a situação da covid-19 estiver estabilizada no Estado. “Acho que esse é o momento da gente acompanhar a questão da saúde pública”, cravou.
Presidente estadual do partido ao qual Feitosa está filiado, o PSC, o deputado federal André Ferreira sublinhou o impacto da pandemia nas tratativas a respeito das eleições, mas não deixou de sinalizar para um apoio à hipótese de candidatura única. “Esse momento não é o ideal para tratarmos de política, mas sim para salvar a vida das pessoas. Internamente porém, nós estamos conversando e a oposição segue firme, unida e com a intenção de lançar um ou no máximo dois candidatos. Mas o importante é salientar que nós não estamos apenas em busca de um candidato, mas de um projeto para o Recife, para tirar a cidade do atraso em que ela entrou nesses últimos 8 anos”, pontuou Ferreira.
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