Túlio Gadêlha questiona nomeação de amiga de Pazuello para chefia do núcleo do Ministério da Saúde em Pernambuco

Deputado federal e pré-candidato a prefeito do Recife pediu informações ao Ministério da Saúde sobre os critérios adotados para a nomeação de Paula Amorim como chefe do núcleo estadual da pasta
JC
Publicado em 31/07/2020 às 11:13
Túlio Gadêlha, deputado federal Foto: Divulgação


Com informações do Estadão Conteúdo e da Folha de S. Paulo 

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT), recém oficializado como pré-candidato a prefeito do Recife, questionou a nomeação da administradora Paula Amorim para a chefia do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Pernambuco, que tem cerca de 100 servidores. Ela foi efetivada no cargo no dia 15 de junho deste ano e tem um salário de cerca de R$ 10 mil.

O parlamentar apresentou um requerimento nessa quinta (30) pedindo informações à pasta sobre os critérios adotados para a nomeação, alvo de polêmica pelo fato de Paula Amorim ser amiga do ministro interino da saúde, o general Eduardo Pazuello, e não ter experiência na área da saúde ou da gestão pública.

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Túlio também pergunta o porquê da então chefe do núcleo, uma enfermeira, ter sido substituída. "Supostamente, laços e afinidades pessoais teriam sobressaído a necessidade de qualificação técnica para a nomeação", afirma o pedetista. 

A assessoria de Pazuello informou à Folha de S. Paulo que os dois são amigos "há cerca de 30 anos, apresentados por conhecidos em comum", e a nomeação se baseou na "relação de confiança e amizade" entre ambos.

Segundo apurou a Folha, os servidores braço pernambucano do ministério ficaram insatisfeitos com a nomeação, devido a falta de familiaridade da nova chefe com as questões de saúde pública, o que estaria gerando problemas na tomada de decisões do núcleo. 

"O Ministério da Saúde está sob a supervisão de um ministro interino desde 15 de maio. A imprensa destaca que diversas nomeações realizadas neste ínterim têm indicado a cargos de decisão e assessoramento no Ministério pessoas sem formação na área e sem experiência na gestão pública da saúde. Situação que causa estranheza, principalmente quando enfrentamos a mais grave emergência em saúde pública do último século", pontua Túlio Gadêlha. 

Testes parados por falta de insumos

Quase seis meses após decretar o estado emergência pela covid-19 no País, o Ministério da Saúde ainda guarda em seus estoques 9,85 milhões de testes, segundo documentos internos da pasta aos quais o Estadão teve acesso. O número é quase o dobro dos cerca de 5 milhões de unidades entregues até agora pelo governo federal aos Estados e municípios. O exame encalhado é do tipo PT-PCR, considerado "padrão-ouro" para diagnóstico da doença.

O principal motivo para os testes ficarem parados nas prateleiras do ministério é a falta de insumos usados em laboratório para processar amostras de pacientes. Isso porque, segundo informam secretários de saúde, não adianta só enviar o exame, também é preciso distribuir reagentes específicos.

O governo federal comprou os lotes de exames sem ter a garantia de que disporia de todos esses insumos, indispensáveis para usar os testes. Estes produtos não são entregues "com regularidade" pela pasta, afirma o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Questionado, o Ministério da Saúde disse que enfrentou dificuldades para encontrar todos os insumos no mercado internacional, mas que está estabilizando a distribuição conforme recebe importações de fornecedores. A pasta não explicou se recebeu algum alerta dos técnicos, durante o planejamento, sobre o risco de os testes ficarem parados pela falta de insumos. Também não informou quantos reagentes utilizados na etapa de extração das amostras foram entregues.

A escassez provoca uma espécie de efeito cascata nos Estados, que ficam com seus locais de armazenamento lotados com os testes recebidos, e à espera dos demais produtos. "No primeiro momento não tínhamos testes porque estavam escassos. A Fiocruz começou a produzir, além de laboratórios privados. Aí começou a faltar tubo, material de extração, depois de magnificação", afirma o professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Gonzalo Vecina. "Agora está faltando só competência Falta só disposição do Estado para distribuir, coletar e processar", acrescenta Vecina, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e colunista do Estadão.

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