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"Só jogo para ganhar", diz a delegada Patrícia Domingos sobre a disputa pela Prefeitura do Recife

Patrícia também afirmou, em entrevista ao Resenha Política, nesta quarta-feira (26), que não possui padrinho político, referindo-se ao fato do seu nome ser associado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 26/08/2020 às 21:22
TV JC
A delegada Patrícia Domingos descartou a possibilidade de desistir da sua candidatura para compor a vice em uma das chapas da oposição ao PSB. - FOTO: TV JC
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Pré-candidata à prefeita do Recife, a delegada Patrícia Domingos (Podemos) não pretende retirar seu nome do pleito municipal em prol de uma unidade dentro do bloco dos partidos que fazem oposição ao PSB. Segundo a delegada, foram quatro meses de diálogos em busca de um consenso dentro do grupo, sem avanços. Diante desse cenário, o Podemos entendeu que seria melhor ter um caminho alternativo dentro da disputa e que o seu nome, ex-titular da extinta Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), seria o mais competitivo. 

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"Não sei se até as convenções se chegará a um consenso, mas a nossa pré-candidatura está oficializada, com aval da presidente nacional do partido, que é a deputada federal Renata Abreu", declarou Patrícia, em entrevista ao programa Resenha Política, transmitido pela TV, nesta quarta-feira (26), que está realizando uma série de lives com os pré-candidatos à Prefeitura do Recife. 

 

Sobre a pequisa encomendada pelo DEM, em que num dos cenários a pré-candidata aparece com 16% das intenções de votos ao lado de Daniel Coelho (Cidadania), mas no quesito de rejeição dispara com 61%, Patrícia avaliou que de uma forma geral, os resultados foram surpreendente. "A rejeição está ligada diretamente ao desconhecimento. Então, quanto mais desconhecido o candidato é, as pessoas naturalmente não vão ter a intenção de votar em alguém que não conhece", explicou.  

Por outro lado, a delegada acredita que o percentual de votos registrados na amostra indica que é praticamente idêntico as pessoas que lhe conhecem. "Quem conhece Patrícia, vota em Patrícia. Se continuar crescendo nessa proporção e a gente trabalha para isso, quanto mais pessoas conhecem mais elas aderem a nossa proposta", complementou. 

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Estar associada ou não ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece que não será um ponto a ser levantado pela pre-candidata do Podemos durante sua campanha. Na pesquisa do DEM, 18% dos entrevistados relacionam o nome da delegada como a candidata de Bolsonaro no Recife. Ela só perde para o ex-ministro da Educação, e também pré-candidato a prefeito do Recife Mendonça Filho (DEM), que aparece com 33%.

"Eu me considero uma municipalista. Hoje, eu estou na condição de pré-candidata de uma eleição municipal, então toda nossa forma de pensar ela é municipal. Eu não tenho padrinhos na política, assim como não tive a vida inteira na polícia. Sou concursada há 21 anos, desde que tinha 17 anos, tomei posse menor de idade. Nunca fui peixe, nunca exerci cargos comissionados, estou aqui pelo meu histórico de vida e de combate à corrupção", defendeu Domingos. 

Nem mesmo o fato ter nascido no Rio de Janeiro, e viver no Recife há apenas 12 anos, é visto como uma problemática, apesar disso ser colocado como crítica pelos seus opositores. Segundo a delegada, sua relação com a cidade é muito forte e no momento em que a Decasp foi extinta, houve uma proximidade da população para que a delegacia não fosse desativada. 

"Recife é o lugar em que tenho a sensação de pertencimento e que escolhi para ter minha vida. O povo da cidade precisa ganhar essa partida, e na minha humilde opinião a gente tem que vencer. Quando falo em vencer é encerrar um ciclo de poder que se arrasta há 20 anos de PT e PSB. Esse para mim é o principal objetivo hoje, encerrar um ciclo nefasto e nocivo para a cidade”, afirmou. 

VAGA DE VICE

Durante a entrevista ao Resenha Política, a delegada Patrícia Domingos afirmou que seu projeto político seria o mais viável para quebrar o que chamou de "dinastia" entre PT e PSB. O Podemos ainda não fechou uma data para as convenções partidárias, que começam na segunda-feira (31), mas as conversas sobre apoios e formação da chapa continuam ocorrendo.

"Eu só jogo para ganhar. Quem me conhece sabe que eu visto a camisa e só entro no jogo para ganhar", frisou, descartando que não tem pretensão de ser vice em uma composição com outros pré-candidatos da oposição.

Já sobre a possibilidade de o ex-ministro da educação Mendonça Filho ou o deputado federal Daniel Coelho virem a compor essa vaga, Patrícia esclarece que não seria uma situação pouco provável. "Não os vejo nessa posição. Eles não tem tamanho para estarem nessa posição, são maiores. Não vejo eles se enquadrando como vice", disparou.

PROPOSTAS PARA O RECIFE 

Entre as críticas feitas à gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB), a delegada Patrícia Domingos cita a área da saúde como um dos principais problemas que o Recife enfrenta. Na visão da postulante, há uma má administração dos recursos e a pandemia do novo coronavírus (covid-19) teria evidenciado essa questão.

"Não só a saúde, mas todos os problemas da cidade andam lado a lado com a corrupção. Quando você tem problema na saúde, estamos falando que nunca tivemos investimentos, isso não só aqui, mas no Brasil. Eu acredito que esses não investimentos estão ligados a um mal investimento, ou desvio de verbas públicas ou um mal emprego das verbas públicas", declarou. Ela afirma que esteve visitando vários postos de saúde e constatou que vários possuem problemas sérios de infraestrutura e atendimento. 

Outro ponto também citado pela delegada, é o déficit habitacional de 70 mil moradias que a capital pernambucana possui. A Prefeitura do Recife anunciou recententemente a construção de um habitacional no local que funcionada o Aeroclube, que deverá beneficiar 600 famílias. "Os habitacionais no terreno do Aeroclube, ali para mim não é motivo para a gestão se orgulhar e sim ter vergonha. Uma gestão que promete isso há oito anos e inicia uma obra faltando menos de seis meses para terminar o ano. Isso é vergonhoso", criticou. 

Para Patrícia, também é preciso dar atenção aos habitacionais existentes que, segundo a pré-candidata, estão abandonados pelo poder público municipal. "Alguns estão em estado de depredação, alguns foram abandonados. Estive no residencial Eduardo Campos, e esta absolutamente abandonado, cheio de lixo. É como se fosse um depósito de pessoas", relatou. 

"A habitação ela vai além de construir casas, tem que haver um projeto com assistência social e acompanhamento", ressaltou. 

Na questão da mobilidade, a proposta da delegada é ativar a navegabilidade do Recife. Nossa ideia é resgatar o transporte hidroviário, que acabou sendo abandonado quando o transporte metroviário e rodoviário ganharam uma relevância maior para as cidades. Hoje, nós temos dentro do aspecto do Rio Capibaribe, um rio que liga diversos bairros do Recife, temos a possibilidade de ter um transporte que possa levar milhares de pessoas e desafogar o trânsito", afirmou Patrícia.

A criação de ciclofaixas que liguem pontos estratégicos da cidade também foi colocada pela pré-candidata, explicando que é preciso que esses espaços sejam funcionais e que contemplem as pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte para trabalhar, não apenas para o lazer.

Por fim, a delegada também criticou o inchaço da máquina pública e que é favorável a uma reforma administrativa do Executivo municipal. Patrícia defendeu o enxugamento com cortes dos comissionados e redução de secretarias. "Farei uma reforma e não vai ser pequena, é necessário diminuir secretarias e otimizar recursos. Não temos dimensão de quantos cargos há na Prefeitura do Recife, é uma verdadeira caixa-preta. Não quero fazer política, mas fazer da política um instrumento para fazer políticas públicas que se reverta em melhorias para as pessoas", afirmou.

 

 

 

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