Mesmo o bloco de oposição à Frente Popular, encabeçada pelo PSB, ainda não tendo formado uma posição com relação à disputa pela Prefeitura do Recife, o pré-candidato pelo Democratas (DEM), Mendonça Filho, anunciou que a sua candidatura será oficializada dia 16 de setembro, prazo final do calendário eleitoral para a realização das convenções partidárias. Colocando o próprio nome como segundo maior em número de apoio partidário na disputa pela sucessão do prefeito Geraldo Julio (PSB), defendendo o governo federal e a instalação da educação cívico-militar no município, Mendonça ressaltou, nesta segunda-feira (31), que a oposição segue no processo de construção do bloco de direita à concorrência do pleito.
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Com o apoio do PTB, PSDB e o anúncio do apoio do PL nesta segunda, além do apoio do próprio partido, o DEM, o pré-candidato conta, agora, com o apoio de quatro siglas para representar a oposição na disputa no Recife. Apesar do anúncio do ex-ministro da Educação, o bloco ainda bateu o martelo se terá apenas um candidato ou múltiplas candidaturas. O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) e o deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), cujos partidos integram o grupo, também se colocam como pré-candidatos.
"A gente se coloca como o segundo maior bloco partidário, perdendo apenas para aquele que hoje domina a cidade, o PSB, o candidato do PSB [deputado federal João Campos]. Temos uma posição de consolidação da nossa posição, da nossa pré-candidatura e vamos avançando nessa construção até a data da convenção, que estamos marcando para o dia 16 de setembro, último dia para a realização das convenções", disse, em debate na Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco.
Colocando a própria candidatura como "mais de direita", Mendonça reiterou ser conservador nos costumes e liberal na economia, tendo sempre uma "posição coerente" nas questões político-ideológicas. "Nunca votei no PT, sou contra a ideologia de gênero e tirei da base curricular. Sou contra o aborto e pró-vida, não é da boca para fora, já estive em várias manifestações públicas. Sou contra a liberação de drogas. Muitas vezes as pessoas podem migrar e mudar de posição, até os recepciono caso se arrependam. Tenho meus valores arraigados e uma cidade que teria Deus no comando e a evangelização chega mais forte, é mais harmônica, solidária, tem mais amor e menos violência", afirmou na live.
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"Trabalhei muito na unidade da oposição, nunca me coloquei como contrário, nunca me coloquei como candidato, sempre como pré-candidato em busca de um consenso e essa coisa está em processo de formação. Respeitei meus concorrentes no campo da direita, sejam eles novos ou velhos, sempre pessoas convictas historicamente nesse campo. Sempre respeitei a todos, nunca plantei fake news, intriga, sempre busquei convencer os demais a partir dos argumentos e tenho certeza que o Recife hoje está cansado da esquerda. São 20 anos de governo de esquerda e precisamos experimentar um caminho diferente e me coloco como essa alternativa", afirmou, com alusão à nota de Daniel Coelho sobre a mudança dos irmãos Ferreira em apoio a Mendonça.
Na nota, Daniel ressaltou que sempre fez oposição ao PT e PSB, e que construiu uma "pré-candidatura sem impor soluções e sempre buscando a unidade da oposição". Ele também lamentou que o grupo de oposição esteja "fracionado", com várias candidaturas postas. "O Cidadania decidiu que ao longo da semana realizará um debate interno para definir que caminho irá tomar no que se refere à disputa para a Prefeitura do Recife".
Na ocasião, o ex-ministro da Educação comentou apoiar a escola cívico-militar e que ela pode ter solução a um nível micro, não em "caráter geral, mas como alternativa". Ele usou as escolas cívico-militar implantadas em Manaus, Amazonas como exemplo de bom resultado com relação à diminuição do tráfico de drogas.
"Pode ser uma alternativa para um filho de um cidadão que mora em um bairro mais violento da cidade. Uma gestão nossa e com a adesão da comunidade, podemos implementar. Quando fala sobre colégio militar, ele atende parcialmente os militares da ativa do Estado e fica a pergunta sobre o que fazer com relação à educação infantil, uma deficiência no Recife, com pouca oferta de vagas em creches, que é uma atuação que a Prefeitura pode assegurar para a comunidade. Podemos disponibilizar oferta de vaga de educação infantil para filhos de praças que atuam na Polícia Militar e Guarda Municipal", pontuou.
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Pelo histórico de trabalho em Brasília como ministro da Educação no governo Michel Temer (MDB) e assumidamente eleitor e defensor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o democrata ressaltou a importância do gestor municipal ter uma boa relação com o governo federal. "Tive a oportunidade de visitar seis ministros em Brasília, tenho acesso a muitos deles de forma pessoal e direta. Recife é uma cidade pobre, Pernambuco precisa do apoio do governo federal e vamos buscar isso. Investimento na educação, saúde, estrutura física. Temos casos como o da Abdias de Carvalho, a saída do Recife é um horror no horário de pico e, para entrar, a mesma coisa. Tratei com o ministro Tarcísio Freitas [Infraestrutura] a triplicação do Curado IV até a Abdias de Carvalho para que a gente possa melhorar o acesso à capital e vamos garantir esse apoio do governo federal para esta grande iniciativa".
O ex-ministro da Educação, que retirou a ideologia de gênero da base nacional curricular, ressaltou ser totalmente contrário à ideia. "Tinham componentes que podiam ser interpretados próprios da ideologia de gênero, que não respeita a sexualidade de uma criança, se é menino ou menina. Minha posição é reta e coerente com a minha história política e, a partir desse posicionamento, fizeram uma montagem e criaram uma narrativa falsa a respeito da ideologia de gênero para criar conflito no eleitorado de direita do Recife e em Pernambuco. Quem tem a verdade do seu lado não teme nada, sempre tive a coragem de defender o que acredito, sou uma pessoa muito sedimentada nos valores cristãos e familiares. Quem quiser vir debater comigo, pode debater a partir de aspectos baseados na verdade, não inventando mentiras ao meu respeito, que não vai ganhar nada", completou.
Com relação ao marco do saneamento básico, o pré-candidato criticou a gestão do PT e do PSB por "não avançar em uma política pública tão importante". "Na primeira gestão Geraldo Julio, ele prometeu levar o saneamento e a coleta de esgoto a mais de 60% da população do Recife, que hoje tem pouco mais de 40%. Ele não atingiu a meta em dois governos, meta estabelecida no primeiro mandato. Isso é uma desmoralização. João Campos foi à Brasília votar contra o marco legal do saneamento básico, a legislação que vai assegurar mais investimento ao saneamento básico. Quem mora em periferia, em cima de lama, muita coisa que propaga doença, não quer saber dessa discussão ideológica, que a solução do problema", disse, complementando que, caso eleito, a primeira atitude com a Compesa será cobrar a responsabilidade dela com relação ao cumprimento da missão.