Eleições 2020

Marco Aurélio desafia candidatos da direita no Recife a provarem apoio a Bolsonaro em 2018

Candidato a prefeito do Recife pelo PRTB fez a provocação durante um vídeo em que mostrava as instalações do seu antigo comitê, quando foi candidato a deputado estadual em 2018, com diversos banners de Bolsonaro, então candidato à Presidência

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 20/09/2020 às 18:40 | Atualizado em 22/09/2020 às 15:22
REPRODUÇÃO/LIVE
PRTB Agora candidato, Marco Aurélio diz que terá apoio de Bolsonaro - FOTO: REPRODUÇÃO/LIVE

JC
Eleições 2020 - JC

Atualizada às 19h22

A briga pelo título de "candidato de Bolsonaro" na eleição do Recife ganhou um novo capítulo. Neste domingo, (20), o candidato a prefeito do Recife Marco Aurélio Medeiros (PRTB) postou um vídeo nas redes sociais mostrando o interior do seu antigo comitê, quando foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2018, que será utilizado por ele também nas eleições municipais deste ano. O comitê está localizado na Avenida Antônio de Góes, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

No vídeo, Marco Aurélio aponta para banners com o rosto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) guardados desde 2018, para ressaltar a ligação com o capitão da reserva.  Ele aproveita para desafiar os outros candidatos da direita a provarem que também o apoiaram na eleição passada.

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"Faço um desafio a Mendonça Filho, a Alberto Feitosa, a Delegada Patrícia Domingos: Me mostrem onde é que estava o comitê de vocês em 2018, se tem isso aqui (banners) guardadinhos. Agora é tudo "biguzeiro", querendo dizer que era Bolsonaro. Entra no meu Facebook em 2018, veja com quem eu estava. Entra no de Mendonça, era Alckmin, entra no de Alberto Feitosa, não sei se era Haddad, não sei o que era, só não era Bolsonaro. Nenhum votou em Bolsonaro e fica com conversa mole", disse o candidato. 

Um dos banners tem a foto de Bolsonaro, com o número dele nas urnas, o 17, do PSL, partido com o qual concorreu nas eleições. Outro banner tem a foto de Bolsonaro ao lado do vice-presidente General Mourão (PRTB), correligionário de Marco Aurélio. 

Candidato de Bolsonaro

O título de "candidato de Bolsonaro", ou até mesmo o reconhecimento por parte do eleitorado de uma ligação com o presidente são almejados por alguns candidatos da direita no Recife nas eleições municipais deste ano. Os que defendem o título mais abertamente são o próprio Marco Aurélio e o deputado estadual e coronel Alberto Feitosa (PSC). 

O presidente venceu no primeiro turno no Recife, com 383.895 votos (43,14%), apesar de ter perdido no segundo turno para Fernando Haddad na capital pernambucana, que obteve 52,50% dos votos, enquanto o capitão ficou com 47,50%. 

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Mas Bolsonaro já adiantou que não irá tomar partido no primeiro turno das eleições municipais e não deve apoiar nenhum candidato. Ele viu o seu projeto de criar um novo partido, Aliança pelo Brasil, não se concretizar, ao menos para as eleições municipais.

Segundo o presidente do Comitê de Criação do Aliança pelo Brasil Gilson Machado, a orientação é de que o eleitor escolha candidatos alinhados com as bandeiras defendidas pelo presidente e no caso do Recife, que façam oposição à atual gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB).

Recentemente, Alberto Feitosa anunciou que não iria utilizar nenhum recurso do fundo eleitoral, assim como Bolsonaro o fez nas eleições de 2018. Ele já afirmou que "existe uma identidade natural" entre ele e Bolsonaro. O seu plano de governo, inclusive, tem o nome inspirado nos programas do governo federal, e é chamado de Recife Verde Amarelo. 

Marco Aurélio aposta no fato de contar com o apoio de Mourão, seu correligionário, e de ter sido um dos principais defensores de Bolsonaro nas eleições de 2018. "No momento certo o presidente Bolsonaro vai saber reconhecer. Ele vai ter um lado e o lado dele vai ser do lado da verdade. Ele é um homem justo", afirmou o parlamentar na sua convenção em 31 de agosto. 

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Até mesmo o candidato do PSL - hoje ex-partido do presidente após saída tumultuada e brigas com o presidente nacional, Luciano Bivar - Carlos Andrade Lima citou Bolsonaro durante a sua convenção. Ele se comparou com o capitão da reserva ao dizer que "a história do Brasil se repetirá no Recife". "O PSL acreditou em quem ninguém acreditava, apostou em uma nova proposta de fazer política que mudou o Brasil, e a gente vem em 2020", disse o candidato. 

Mendonça Filho (DEM) também busca se viabilizar como candidato de Bolsonaro. Ele tem afirmado que, caso eleito, pretende estreitar as relações com o governo federal. "Por que essa política da rinha política permanente do atual prefeito (Geraldo Julio) e do governador (Paulo Câmara)? Por que ficar apenas na politicagem eterna com o governo do presidente Jair Bolsonaro? Quem sai perdendo é o povo", disse Mendonça na convenção que oficializou sua candidatura, na última quarta-feira (16). 

O slogan de Mendonça, "Recife acima de tudo", remete ao utilizado pelo presidente, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Durante a convenção partidária, foi tocada uma música do cantor Alcymar Monteiro com o refrão "Mendonça é Bolsonaro, Bolsonaro é Mendonça". Mas a música não deve ser utilizada oficialmente na campanha, devido a limitações impostas pela legislação eleitoral - já que a campanha só começa oficialmente em 27 de setembro - e também por conta da própria neutralidade que deve ser adotada pelo presidente no pleito municipal. 

Já Patrícia Domingos diz preferir não se associar a nenhuma figura no âmbito nacional. Em entrevista após a sua convenção, na quarta (16), a delegada voltou a afirmar que tem um projeto sem apadrinhamentos e sem "político de estimação" quando é questionada sobre a ligação feita entre ela e Bolsonaro e também com o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. 

"Nós temos um projeto para a cidade, nós discutimos a cidade do Recife, as pautas municipais e se essas pautas convergem para mim é uma grande alegria, se há pautas do governo federal ou há outros locais do Brasil que possam convergir para o bem das pessoas", disse a candidata na última quarta-feira (16). 

Resposta

Procuradas pelo JC, as assessorias de Alberto Feitosa e Mendonça Filho informaram que os candidatos não irão se pronunciar sobre as declarações de Marco Aurélio. A assessoria de Patrícia Domingos foi acionada pela reportagem, mas não se manifestou até a última atualização desta matéria. 

 

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Eleições 2020 - FOTO:JC

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