Carreata, caminhada, 'Fora PT/PSB', 'Fora Bolsonaro'. Saiba como foram os atos do 7 de Setembro no Recife

Pré-candidatos à Prefeitura do Recife também participaram das manifestações
JC
Publicado em 07/09/2020 às 18:14
Grupos de direita e esquerda saíram em protesto pelo Recife, neste 7 de Setembro Foto: DIVULGAÇÃO (À ESQUERDA) E DAY SANTOS/JC IMAGEM (À DIREITA)


O feriado da Independência do Brasil, celebrado nesta segunda-feira (7), foi marcado por atos de direita e esquerda no Recife. De um lado, movimentos como o Direita Pernambuco, o Bolsonaro Pernambuco e o Movimento Cidadão, pediram que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seja livre para governar e, ainda, gritaram "Fora PSB e PT". Do outro lado, movimentos sociais e sindicais, além de entidades religiosas, protestaram contra a desigualdade, contra a condução do governo federal na pandemia do novo coronavírus (covid-19) e levantaram bandeiras de "Fora Bolsonaro".

Pré-candidatos à Prefeitura do Recife participaram das manifestações. No entanto, segundo o presidente do Direita Pernambuco, Mateus Henrique, as lideranças de grupos bolsonaristas combinaram que não haveria cunho político partidário no ato da direita, para evitar protagonismo de pré-candidato A ou B.

O deputado estadual Alberto Feitosa, pré-candidato a prefeito do Recife pelo PSC, participou da manifestação, mas disse à reportagem que esteve presente como cidadão e não encarou sua ida como uma agenda de pré-campanha. "Saímos em carreata, passamos pelo Palácio do Campo das Princesas e concluímos em Boa Viagem. As pessoas gritam o nome do presidente, batem continência, não estávamos com bandeira do presidente, mas ao ver a bandeira do Brasil, a população já associa a Bolsonaro. Alguns aplaudiram. Então, as pessoas não fazem a relação da bandeira do Brasil com a esquerda. Fui ao ato como cidadão, tenho participado desses eventos desde antes de ser pré-candidato. Não foi um ato de pré-campanha", comentou Feitosa.

Os bolsonaristas saíram em cerca de 30 carros, segundo os organizadores, da antiga Fábrica Tacaruna, em Olinda, com direção ao Palácio do Campo das Princesas, no intuito de protestar contra a gestão de Paulo Câmara (PSB). Mas, segundo Mateus Henrique, como o local estava isolado, a carreata seguiu para Boa Viagem, Zona Sul da capital, onde integrantes do Movimento Cidadão se reuniram, na frente da Padaria Boa Viagem, para “um grito pela liberdade de expressão e pela governabilidade do presidente Bolsonaro”. 

"Hoje, ficou registrado que Pernambuco vai começar a se levantar. A população organiza um ato para dizer não ao PT e ao PSB, não a essa dinastia Campos/Arraes que destrói nosso Estado. É um marco que se firma para dizer a todo mundo que basta. Não podemos continuar com esse tipo de política déspota, asquerosa, que eles praticam. Nesse 7 de Setembro, o povo pernambucano, começando pelo Recife, começa a dizer basta ao PT e ao PSB, vamos cada vez mais conscientizando e dizendo à população que não da para continuar com esses políticos asquerosos que governam nossas cidades", comentou o presidente do Direita Pernambuco.

Coordenadora do Movimento Cidadão, Maria Dulce Sampaio cobrou dos governadores que sigam o protocolo do Ministério da Saúde no combate à covid-19 e disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de dar autonomia aos Estados nas estratégias de combate à pandemia gerou um desarranjo federativo.

"Homenageamos o dia da pátria querendo um Brasil melhor, sem corrupção, com um governo que consiga trabalhar, pois o presidente está sendo impedido de trabalhar. É isso que queremos, que o presidente da República tenha independência para trabalhar e que volte a ser uma União Federativa. Por conta do Supremo, os estados não seguem a União no tratamento da pandemia, preferem ficar disseminando o terror, o medo, para que as pessoas fiquem em casa, reféns dos decretos. Estão retirando nosso direito constitucional através do medo. Defendemos tratamento pré-hospitalar. Hoje, muitas pessoas estão morrendo, pois não disponibilizam os remédios", afirmou Maria Dulce.

Grito dos Excluídos

Já os movimentos de esquerda marcaram presença na 26º edição do Grito dos Excluídos, que fez críticas ao governo federal, tanto no combate à pandemia, quanto ao "desmonte das políticas públicas de seguridade social e ao abandono das políticas de proteção ao meio ambiente". A marcha teve como tema “Vida em Primeiro Lugar - Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação”. 

A concentração do 26º Grito dos Excluídos aconteceu no Parque Treze de Maio, na Boa Vista. O grupo saiu em caminhada pelas ruas do Centro do Recife e finalizou o trajeto no pátio da Igreja de Nossa Senhora do Carmo.Durante o trajeto, foram realizados atos simbólicos em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), do Meio Ambiente e contra o racismo.

"Esse ato já entrou para o calendário dos movimentos populares que lutam por uma independência verdadeira e por mais liberdade. É fundamental andar ao lado de quem sabe que precisamos unir a nossa voz, o nosso grito, para lutar por dias melhores para o Brasil e para o Recife", afirmou Marília Arraes, que é pré-candidata à Prefeitura do Recife pelo PT.

Candidata à Prefeitura do Recife pelo PSTU, Cláudia Ribeiro defendeu a necessidade de uma alternativa socialista para a classe trabalhadora. "Nossa candidatura está aqui no Recife, no Grito dos Excluídos, pela vida, pelo trabalho, pelo emprego, pela renda, por moradia, por condições e vida digna, que esse sistema capitalista não garante. Mas, para garantir tudo isso, em primeiro lugar, precisamos derrotar Bolsonaro e Mourão e construir uma alternativa para a classe trabalhadora. A pandemia, somada à crise econômica, mostrou que nossa vida não vale nada. Vamos rumo ao socialismo, uma alternativa socialista revolucionária, através de muita democracia com os conselhos populares", afirmou.

O presidente da CUT em Pernambuco Paulo Rocha, lembrou durante o ato que os manifestantes estavam em pequena quantidade e de máscaras e afirmou que as mortes no Brasil em decorrência do coronavírus têm se deram por "descaso" do governo federal. "Estamos combatendo o golpe de 2016 (o impeachment de Dilma Rousseff), que retirou recursos da educação, da saúde, da moradia. Os sindicatos e movimentos sociais têm resistido a esse golpe. Em 2020, fazemos um grito simbólico, com poucas pessoas nas ruas, de máscara, com álcool em gel e sua água, mas denunciando as mais de 126 mil mortes que ocorreram no Brasil, em grande parte, por conta do descaso do governo Bolsonaro", disse.

CNBB

As atividades do Grito dos Excluídos também foram realizadas de forma online pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Nordeste 2 (CNBB NE 2), no Recife. E o tom também foi de críticas à gestão de Bolsonaro. "Tivemos dois ministros ao longo da pandemia do Covid-19 e agora não temos nenhum. O posicionamento do presidente da República é baseado na negação da ciência e coloca dificuldades na ação dos governadores, confundindo a opinião pública, tendo como conseqüência o aumento significativo de infectados e óbitos", disse o Bispo Referencial da Pastoral Social Nordeste 2, Dom Limacêdo Antonio.

Dom Limacêdo também fez referência a "Carta ao Povo de Deus", documento assinado por 152 bispos, arcebispos e bispos eméritos brasileiros, no qual fazem duras críticas ao governo Bolsonaro. Ainda em referência à pandemia, o bispo lembrou que a Igreja Católica no Brasil, por meio da CNBB, assinou no dia 07 de abril o “Pacto pela Vida e pelo Brasil” em união com instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, a Academia Brasileira de Ciência (ABC), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência (SBPC). “Como em outras pandemias, sabemos que a atual só agravará o quadro de exclusão social no Brasil", disse o Bispo.

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